domingo, 31 de março de 2013

Um detalhe

É MOZART!






Eu, Álison

Inefável

Adj. 1. Qualidade daquilo que não se pode exprimir com palavras; inexprimível; indescritível. 2. Maravilhoso; encantador.






Eu, Álison

Simplório

Eu sou muito mais simplório que isso. E meu simplório é minha riqueza.







Eu, Álison

Mas não só por ela




E sendo jovem e mergulhado na loucura, eu me apaixonei pela melancolia - E. A. P.




Eu, Álison


Otimismo pleno







Eu, Álison

O preço a pagar

"Não há nenhum grande gênio sem algum traço de loucura" - Sêneca

"Todo o homem de gênio vê o mundo de um ângulo diferente do de seus contemporâneos, e aí está sua tragédia" - Havelock Ellis

"Não conheci homem de gênio que não tivesse de pagar em aflição ou defeito, físico ou espiritual, o que os deuses lhe concederam" - Max Beerbohn






Eu, Álison

sábado, 30 de março de 2013

Albert Einstein

Um dia, seu pai lhe deu uma bússola. Era um brinquedo para entreter o menino. Albert fremia de entusiasmo ao contemplar a agulha “mágica” que se voltava para o norte. Via diante de si, não um brinquedo, mas um milagre. O mesmo acontecia ao rapazinho quando tocava violino. Seus olhos cintilavam e a mão tremia com uma paixão demasiada intensa para um menino sadio. Era a música que o agitava assim. Era um menino singular.
Diziam-lhe que o garoto tinha pouca agilidade mental, insociável, “sempre mergulhado nos seus sonhos absurdos”.
Sentia-se intensamente vivo num mundo cheio de coisas maravilhosas. E penetrava sozinho nesse mundo. Não precisava de companhia. Era inacreditavelmente feliz.
Estava só, tirante a companhia dos seus livros. Entabulou amizade, através dos séculos, com Euclides, Newton, Spinoza, Descartes. E adorava os poetas e músicos – Goethe, Beethoven, Mozart, Bach. Quando Albert cursava a escola secundária, sentiu, mais do que nunca, a necessidade de “afogar a solidão nos livros”. Suas excentricidades irritavam o pai.
Einstein tinha 26 anos quando solucionou o problema da harmonia celeste. Era uma solução de artista, bem como de cientista.
Os cientistas julgavam que o que parecia verdadeiro a eles quando observavam o universo do seu ponto de vista pessoal, de sua posição relativa em seu cantinho do mundo devia ser necessariamente ser verdadeiro para todos os que observavam o universo de todos os outros pontos de vista.
Einstein era um perfeito discípulo de Spinoza. Mas não de Newton.
Para um observador imparcial do universo, todo o tempo, assim como todo o espaço, se tornaria presente a um único volver de olhos. Se um homem pudesse deslocar-se com uma velocidade superior a da luz, alcançaria seu passado e teria a data do seu nascimento relegada para o futuro. Veria os efeitos antes das causas e presenciaria os acontecimentos antes que eles sucedessem realmente.
“Diante de Deus, todos somos igualmente sábios e igualmente loucos”, disse. Era um artista. Observara que poucos dos chamados eruditos compreendiam a significação do pensamento especulativo. Era um estudioso solitário, “um pesquisador singular, taciturno, arredio”.
Apoderara-se dele uma “curiosidade demoníaca” de procurar o último esconderijo da verdade – a cadência íntima do movimento das estrelas na sinfonia de tempo e do espaço.
“Esta guerra é um crime selvagem e perverso. Eu preferiria ser cortado em pedaços a tomar parte em tão abominável ação”. Mas poucas pessoas lhe deram ouvidos. Durante o conflito, Einstein viveu num cosmo à parte, um universo de sua própria criação.
Os físicos – declarou – andavam fundamentalmente errados na sua crença de que os objetos caíam, no sentido de serem puxados na direção de um centro de gravitação. Na realidade, não existe “embaixo” – nem “em cima” no universo.
“Todos falam em mim e ninguém me entende”. Na verdade, ninguém desejava entender esse assombroso malabarista de ideias matemáticas.
Einstein continuaria a ser simplesmente ele mesmo. Odiava a riqueza. Não queria saber de dinheiro. O que o mundo mais necessitava – dizia – nunca se poderia comprar com dinheiro.
“Nas crianças reside a esperança do mundo”. “Esperemos”, disse aos seus amiguinhos, “que a vossa geração dê o exemplo à minha”.
Ali esperava continuar, pacífica e silenciosamente, o seu velho curso acadêmico de fraternidade humana e sonhos cósmicos.





Eu, Álison

Muito triste também

É muito cruel a natureza humana ser dessa maneira medíocre.






Eu, Álison

Transbordante



Uma esquizofrênica noite de mendigos, párias e loucos, noite transbordante de sonhos angustiosos e lembranças mórbidas.





Eu, Álison

Abraçar e saborear

Sobre a essência inflamada da saudade, podemos ainda enunciar os seguintes paradoxos: é um mal de que se gosta, e um bem que se padece. A saudade faz aflorar sentimentos de reconhecimento por um bem ausente que, aspiramos, retorne ao seu lugar em nossa vida; não difere de um bem efetivamente perdido, pois também há saudade de bens que ainda não foram possuídos, nem perdidos definitivamente, mas que permanecem esperados, sendo assim a lembrança de algo muito especial com o desejo de estarmos próximo dele.
É própria do ser pelo qual nutrimos afinidade a existência de uma considerável relação de proximidade, que estimula a convivência regular dos encontros. Por isso, quando tal ser se ausenta, sentimos a marca inflamada da saudade, um trágico vazio existencial que o usufruto de nenhum bem material pode preencher satisfatoriamente, pois tal disposição interior nasce de uma experiência pura do reconhecimento da alteridade do ser ao qual nos afeiçoamos. Nelci Silvério de Oliveira aponta que a saudade consiste em "abraçar e saborear lentamente a presença de uma ausência, a ausência de uma presença". A saudade permite reconhecer o digno valor da toda condição que, de algum modo, nos complementa existencialmente, circunstância que demonstra a matriz ética subjacente nessa disposição sentimental.
O amor e a ausência são os pais da saudade. Na experiência da saudade, a solidão que decorre da ausência do ser que amamos nos desperta a inclinação para saudá-lo simbolicamente, evocando, mais uma vez, sua presença junto de nós. A saudade nos faz refletir e, sobretudo, sentir com mais vigor, presença e intensidade, o nosso amor e a ausência dos entes e das coisas que queremos bem.


"Toda saudade é amor, e amar é conhecer alguém. Ninguém tem saudade do que não ama e ninguém ama o que não conhece".





Eu, Álison

sexta-feira, 29 de março de 2013

Ela construiu um mundo mágico

Porque o real 


Era trágico.




Eu, Álison

Só te digo uma coisa



Imagina se esse cara tem uma bateria de verdade!




Eu, Álison

Se você acha

Que o tempo cura, resolve os problemas, diminui a dor, acalma a alma e apaga todos os sentimentos que atormentam sua mente, vou te dar um conselho:


Troque de relógio.




Eu, Álison

Lamento pela humanidade

As pessoas são o próprio motivo pelo qual a humanidade deveria ter sido extinta dezembro passado. 


Que raça podre.




Eu, Álison

Ainda bem que você veio



Eu fiquei louco por causa da solidão.





Eu, Álison

Doce vazio

And every whisper it's the worst
Empty though by a single word
There is a hollow in me now

So I put my faith in something unknown
I'm living on such sweet nothing
But I'm tired of hope with nothing to hold
I'm living on such sweet nothing
And it's hard to learn
And it's hard to love
When you're giving me such sweet nothing
You're giving me such sweet nothing

It isn't easy for me to let it go
Cause I swallowed every single word
And every whisper, every sigh
It swept this heart of mine

And it's not enough
To tell me that you care
When we both know
The words are empty air

E cada sussurro é pior. Esvaziado por uma única palavra. Há um vazio em mim agora.
Então eu coloquei minha fé em algo desconhecido. Estou vivendo em um vazio tão doce. Mas eu estou cansado da esperar e não ter nada em que segurar. Estou vivendo em um vazio tão doce. E é difícil aprender, e é difícil amar, quando você está me dando um vazio tão doce. Você está me dando um vazio tão doce.
Não é fácil para eu esquecer, porque eu aguentei cada palavra. E cada sussurro, cada suspiro, varre meu coração. Há um vazio em mim agora.
E não é suficiente me falar que você se importa quando nós dois sabemos que palavras são um ar vazio.






Eu, Álison

Anjo meu

Você é tudo que preciso ver
Ria e venha olhar para mim
Eu posso mostrar o que você quer de mim

Meu anjo, posso te agradecer?
Você me salvou tantas vezes
Anjo, eu tenho que confessar
Foi sempre você quem me deu força
E eu não sei onde eu estaria sem você

Depois de todos esses anos, uma coisa é verdade
A força ininterrupta dentro do meu coração é você
Você me toca, eu sinto que estou dentro de você
Eu guardo cada dia que passo com você

Meu anjo, deixe eu te agradecer
Você me salvou tantas vezes
Anjo, tenho que confessar
É você quem sempre me deu força
E eu não sei onde eu estaria sem você

De volta aos braços do meu anjo
De volta à paz que eu tanto amo
Novamente nos braços do meu anjo posso finalmente descansar
Te presenteando com aquilo que faz você lembrar de mim

Meu anjo, deixe eu te agradecer
Você me salvou tantas e tantas vezes
Anjo, tenho que confessar
É você quem sempre me deu força
E eu não sei onde eu estaria sem você

Meu anjo, posso te agradecer?





Eu, Álison

Frederick Banting

Cadáveres jaziam em promiscuidade uns com os outros no último abraço da morte, esmagados, contorcidos, irreconhecíveis... Delgado fio de sangue escorria dos lábios de Fred Banting. O moço resfolegava, presa dum delírio intermitente. Um louco obstinado e pugnaz. Essas as palavras que melhor o caracterizam.
Entrou no Hospital Infantil de Toronto como cirurgião residente. Achava interessante remendar corpos enfermos, dar aos seres humanos mais uma oportunidade na vida. “Parece que não vou conseguir êxito”, disse, com um sorriso contrafeito. “Mas de qualquer modo, sou bastante louco para teimar”.
De súbito, uma ideia lhe brotou no cérebro. Por alguns momentos Banting procurou “iluminar o abismo” interposto entre a ideia e a deliciosa vaga de sonolência que o invadia. Depois adormeceu. Os maiores fisiologistas do mundo têm passado anos fazendo experiências com o pâncreas. E qual foi o resultado de tudo isso? Elaboraram uma dieta de fome para torturar e matar lentamente as vítimas.
Mas os soldados não tinham medo. Esperando a morte em qualquer caso, estavam dispostos a submeter-se às experiências de Banting.
Agora mostrou-se igualmente imperturbável sob outra espécie de fogo – uma saraivada de honrarias e distinções. Aceitava todas as honras com um sorriso e prosseguia modestamente o seu labor. “A satisfação é coisa que não está ao alcance do espírito humano bem constituído”. O que importa ao progresso humano não é o pensador, mas o pensamento. “O pensador morre, mas o pensamento sobrevive”.
Terminadas as horas de paciente investigação, Banting pegava um pincel e telas e saía a percorrer o campo, fixando as cenas que encontrava. Pois a pintura era seu modo de descansar o espírito.
Chegara aos 49 anos. Na escuridão do outono do mundo, teve início uma nova e obstinada pesquisa para combater uma enfermidade maligna – o assalto à liberdade humana.
Mais de uma vez fixara na tela as sombras dos seus belos traços e a luz do sol em seus olhos.
O piloto compreendeu que devia ir imediatamente em busca de socorro ou Dr. Banting não viveria até a noite. Saiu a caminhar a passos trôpegos por aquela solidão de rochas, arbustos e gelo. Voltou arrastando-se para o avião. O Dr. Banting conseguira desembaraçar-se dos escombros e sair para o ar livre, onde jazia a cinco pés do aparelho.
Fora o último dos seus atos obstinados. Estava silencioso agora.






Eu, Álison

Ninguém sabe

Ele tinha pouquíssimas relações sociais e baixa empatia. Era desconfiado, paranoico, cruel e sádico, mas tinha uma enorme capacidade de hiperfoco.
Ele se torna mais brilhante, e ainda mais solitário. Newton trabalha obsessivamente. É recluso e escreve grande quantidade de material que ninguém vê. Este é o conhecimento que ele está desenvolvendo para si próprio.
Ele é muito obsessivo sobre seu trabalho e fora dele poucas coisas atraem seu interesse.
Com exceção de duas ou três pessoas durante a vida de Newton, ninguém sabe o que ele pensa e no que ele acredita. 
Ele escrevia palavras sem sessar. Estas não são páginas de uma obra, mas, com frequência, milhares de palavras que ele escrevia do nada. Creio haver muitas provas independentes de que Newton chegou a seu próprio limite continuamente e que tinha um comportamento confuso, sendo capaz de se concentrar profundamente e ficar obcecado por alguma coisa que estivesse fazendo.
Ele é uma figura grandemente contraditória e isso é muito comum em gênios.
Newton é agora uma figura a mais de sua época e entender como ele via o mundo e como sua ciência emergiu é o modo mais interessante de contemplá-lo.





Eu, Álison

sábado, 23 de março de 2013

Mas os idiotas são eles



Eles emanam idiotice. Eu reverbero a idiotice dos idiotas para eles. Para o bem deles, inclusive, se eles tivessem menos idiotice em escutar o que eu estou falando. - Lobão






Eu, Álison

Vou esquecer de mim

Eles não conseguem perceber como é real
Que a gente se encante com alguém


Conheço bem a solidão
Mas vou ficar aqui
Até que o dia amanheça.
Vou esquecer de mim
E você se puder
Não me esqueça...




Eu, Álison

domingo, 17 de março de 2013

All my tears

My heart is aching, my love is fading
So tired of living in fear
Smiling through the tears
All my tears turn into rage


Into rain...




Eu, Álison

Porque estamos aqui?

De onde vem o mal?
Existe um deus?
Qual é a fonte da vida?
Há sentido no que fazemos?
A minha realidade é o que eu penso ou isso é um fruto da minha imaginação doentia?


Quem sou eu?
Fui criado no momento do meu nascimento ou existia anteriormente?
De onde vim?
E após a morte, tudo termina ou vou para outro lugar?
E a vida, para que serve?
Tem algum propósito maior?





Eu, Álison

Tem em seu coração

O que ele queria era abrir os olhos e o coração de todos que vissem seus quadros. Bem, ele conseguiu o que queria.


"O que eu sou aos olhos das outras pessoas? Um nada? Um excêntrico? Uma pessoa desagradável? Alguém que não tem lugar na sociedade e jamais terá. Em resumo, o mais baixo de todos. Tudo bem então, mesmo que isso fosse totalmente verdade, um dia, eu gostaria de mostrar, com meu trabalho, o que um nada, o que um ninguém, tem em seu coração. Com um aperto de mão, sempre seu, Vincent".





Eu, Álison

Você olha o Kurt Cobain

E pensa: 


"Puxa, ele tava falando sério..."





Eu, Álison

Independência para o Amor

Sempre hesitei em falar sobre o Amor porque acho um assunto muito complicado, mas achei esse texto, que foi retirado da edição n° 76 da revista Filosofia, Ciência e Vida. Achei interessante porque ela mostra uma visão diferente do que se considera Amor, bem próximo do que eu acredito ser o correto. O título é "Amor e relacionamento versus Felicidade".


Estar solteiro nunca foi um fato social bem aceito. E na modernidade, são cada vez mais constantes as queixas sobre a solidão. Mas estar só não seria uma opção viável e saudável? Para Schopenhauer, a autossuficiência é condição essencial para uma vida feliz.

Tema de grande repercussão social na atualidade, os relacionamentos mostram-se cada vez mais complexos por fugirem de um modelo outrora descrito. Acompanhado da fragilidade pós moderna em todos os âmbitos da sociedade, os relacionamentos são mais uma questão a trazer angustia para indivíduos esvaziados e que vão buscar em um parceiro um alento para satisfazer suas frustrações. Mas que não sabem mais como se relacionar. As discussões desse artigo se baseiam nas ideias de Arthur Schopenhauer, que diz que a felicidade vem de uma forma de vida autossuficiente e de André Comte-Sponville, que diz que mesmo o amor a dois deve ser solitário. Então, será que estar sozinho não pode ser uma questão de opção, uma escolha? Não existe um meio termo entre um relacionamento ortodoxo e um estilo de vida hedonista conhecido como “vida de solteiro?”.

Não estar acompanhado de um parceiro parece estranho aos olhos da sociedade. Isso pode se dever ao fato de inúmeros exemplos em nosso cotidiano, seja no cinema, em letras de músicas, no senso comum ou nas obras de autoajuda, em que proliferam abordagens simplórias sobre o amor e que alimentam ainda mais as frustrações dos relacionamentos por oferecer visões distorcidas e incentivar um relacionamento romântico e raso sobre o tema.

Algumas obras do cinema podem nos servir de exemplos. Em Amor a Toda Prova, parece ao espectador atento que o ser humano tem apensa duas opções: achar um amor verdadeiro, um parceiro ideal, e se entregar a um relacionamento tão comprometido quanto sério, ou viver na “farra”, dentro daquela rotina vulgarmente absorvida na pós modernidade, normal para a existência de solteiro. No mundo real, no subconsciente de boa parte das pessoas, sobretudo dos jovens, percebe-se claramente a epidemia desse mero polarizar de possibilidades na área aqui abordada: ou se está namorando, ou é hora de “viver para valer” a rotina “livre” de desimpedido (a). 

Schopenhauer definiu o Amor como manifestação de um desejo inconsciente de perpetuar a espécie. Pois conscientemente ninguém suportaria carregar o fardo pesado da "vontade de vida" (nome que ele deu ao desejo de perpetuar a espécie). Para ele, todas as juras de amor não passam de um artifício natural para garantir a sobrevivência da espécie. Por isso, o Amor romântico é uma invenção cristã.
Cabe a reflexão: fora da dualidade "amor a dois" e "vida de solteiro", hedonista com relações efêmeras, não há outros caminhos? A solidão não é uma possibilidade?

O universo dos manuais de autoajuda, com sua sede em responder perguntas de maneira “objetiva”, pela utilização de máximas que normalmente possuem, como um de seus erros principais, a generalização, a carência da contextualização das diferenças que existem entre os exemplares da nossa espécie, e, mesmo quando, sob algum ponto de vista, sorrateiras, frequentemente decisivas, também afasta-se bastante da verdade. Biologia, Fisiologia, Cultura, acontecimentos, bagagem pessoal, a ligação intrincada de cada um desses elementos que tornam cada um o que é, acabam sendo negligenciados em detrimento da procura de uma aparente solução, exprimível em um conselho de fácil digestão, quando na realidade nós, humanos, usualmente – e principalmente em áreas tão complicadas como essa -, não somos máquinas para termos nossos problemas resolvidos com uma fórmula, imperativa, mandatória, que ignora as individualidades, as idiossincrasias e mostra-se excessivamente rasteira, sem trazer para o debate outras possibilidades, sem fazer perguntas, sem abrir o leque para as devidas relativizações e ponderações. 

De maneira geral, essas manifestações e obras culturais citadas, além dos equívocos e defeitos arrolados, fogem dos conceitos de sabedoria propostos pelos grandes filósofos, por pensadores e intelectuais clássicos. Ademais, depois dessa reflexão, cabem algumas perguntas: fora da dualidade “amor a dois” e “vida de solteiro, hedonista, relações efêmeras, despidas de qualquer vínculo”, não há outros caminhos? A solidão não é uma possibilidade? Calma, tempo para si, contemplação... Relacionamentos distintos, com outros contornos, não seriam válidos? E as diferenças de cada um, não devem ser melhor contextualizadas antes da divulgação de preconceitos que supostamente valem para todos? Para completar, se, verdadeiramente, escolhas sobre relacionamentos, o mundo exterior, a forma de se vincular a ele, têm sua relevância, não se negligencia erroneamente nossas características internas, biológicas, fisiológicas? E nossas tendências, vícios, que pairam no âmago, na psique? Nossa melhor adaptação a certo tipo de caminho, relação, cotidiano, e, por que não, nossa predisposição à felicidade, em termos essencialmente internos? Sabe aquela coisa do sujeito infeliz em um lugar, que pinta como firmamento outro diferente, e, quando ele passa a habitar, leva consigo toda a infelicidade, toda a melancolia? Uma analogia disso vale em vários aspectos, e poderia se estender a diversos campos da vida. 

O interno, espécie de autossuficiência, a tranquilidade, e a volta para o ser são as chaves para chegar à felicidade, segundo Schopenhauer.

O refúgio na Arte como “salvação” 

Ao lado de boa dose de autossuficiência e abnegação, Schopenhauer também defendia o refúgio na Arte como uma estratégia útil para a aproximação de uma vida mais feliz. A fruição nas obras artísticas genuínas seria capaz de trazer o “desligamento” da vontade por alguns instantes, de afastar dos tumultos de desejos por ela ocasionado, proporcionando a chamada apreciação desinteressada, um período de calmaria. A companhia das grandes mentes, de eminentes pensadores, ou melhor, de suas ideias, por meio de seus livros e produções diversas, era exaltada pelo alemão como um triunfo na procura de uma existência superior. Nessa esteira, se a limitação intelectual, para o filosofo, possuía vantagens – por, entre outros motivos, diminuir os estímulos para a vontade -, a inclinação para apreciar o oficio do gênio poderia ser um beneficio. 
Flaubert, prodígio em seu realismo de mestre, em historias que mostram como as circunstâncias exteriores são capazes de frustrar os sonhos, e que escancaram o fracasso de homens que, frequentemente donos de temperamentos românticos, têm a mania de buscar o inacessível, também conclui: diante desse cenário obscuro, da costumeira austeridade do real, a melhor seria “o desprezo pelas tentações do mundo e o refúgio na Arte”. 

O solteiro, normalmente, não é socialmente bem aceito. Por isso, até inconscientemente, as pessoas buscam freneticamente um parceiro para se relacionar, mesmo que isso não as façam se sentir verdadeiramente completas.

Abnegação e autossuficiência como escolha

Em toda a sua obra, a visão de Arthur Schopenhauer (1788-1860) sobre o que seria a sabedoria foge, basicamente, tanto da busca pelo prazer, da afirmação da vontade – supostamente contemplada numa existência inflamada e, normalmente, apenas no discurso, livre -, quanto da procura pela felicidade que dependeria decididamente de um amor, de um laço com o outro. O interno, uma espécie de autossuficiência, a tranquilidade, e a volta para o ser são as chaves para o filosofo alemão. Em Parerga e Paralipomena, ou em Aforismo, para a sabedoria de vida, essas concepções se apresentam latentes, sobretudo quando o pensador analisa as maneiras de tornar a existência melhor, mais agradável e feliz. 

Segundo ele, a maior de todas as maravilhas não seria sagrar-se conquistador do mundo, do amado (a), de posses. Tornar-se dominador de si próprio – algo que apenas um seletíssimo grupo é capaz de atingir: essa sim seria a vitória suprema. 

Já no livro O mundo como vontade e representação, Schopenhauer define o conceito de vontade, fundamental para a compreensão de seu sistema: uma força metafisica que atinge, está presente em todos os seres, rege o mundo e controla o homem, que não é, assim, guiado pela razão. Nessa linha, “nós não queremos uma coisa porque encontramos motivo para ela, encontramos motivos para ela porque a queremos”. O intelecto, em geral, trabalharia para a vontade, seria um escravo dela. Daí resultaria a dificuldade exorbitante de se possuir considerável domínio sobre si mesmo. 

O casamento ainda é uma cobrança imposta pela sociedade, algo como um passo natural a ser dado na vida das pessoas e, por isso, torna-se uma obsessão caso não o seja concretizado.

Na filosofia de Schopenhauer, a sabedoria passa, primordialmente, por nos livrarmos da ditadura imposta pela vontade, tentando controlar da melhor forma, e o máximo possível, os desejos e impulsos dela advindos. Diante dessas teses, fica claro não somente a incompatibilidade destas com a procura pela realização, pela felicidade, por meio de uma vida fortemente atrelada à busca de conquistas amorosas, sexuais, ou das meras relações efêmeras tidas usualmente como típicas, naturais à vida de solteiro; enxergamos também que o ideal de amor perpetuado pelo cinema, nos moldes já descritos, no qual muitas vezes nossa “salvação” depende dessa completude do outro, “de algum outro”, em uma alta relação de dependência, não era defendido, por Schopenhauer, como ponto importante e efetivo no alcance de uma existência melhor. Afinal, nos contornos apresentados pelos filmes em geral, ele também estaria excessivamente entrelaçado a desejos e inquietações que fogem do simples voltar-se para si e, uma última análise, não seria parte de um processo de renúncia, de abdicação da procura efetiva “do lado de fora”. 


André Comte-Sponville sobre relacionamentos: “Há casais fiéis e outros não. Pelo menos se entendermos por fidelidade, nesse sentido restrito, o uso exclusivo do corpo do outro. Por que só amaríamos uma pessoa? Por que só desejaríamos uma pessoa? Ser fiel a suas ideias não é ter só uma ideia; nem ser fiel em Amizade supõe que tenhamos um só amigo. Fidelidade, nesses domínios, não é exclusividade. Por que deveria ser diferente no Amor?”. 

A procura de parceiro pela internet virou uma modalidade nova em nosso universo social, e o aumento de sites dessa espécie representa a solidão na sociedade pós moderna. 

Abnegação, resignação, desapego: palavras centrais para a compreensão correta do que é exaltado por Schopenhauer. Influenciado pelo Budismo, pela Filosofia Oriental e, de certa forma, pelo Cristianismo, que teve vários de seus mandamentos e ensinamentos interpretados por ele como sendo espécies de alegorias da negação de vontade, tudo na obra schopenhaueriana, no que concerne à sabedoria, ao que seria mais frutífero para o interior da espécie humana, é repleto, esparge, lança ao ar, direta ou indiretamente, a procura pela tranquilidade, por algum tipo de desligamento, pelo aniquilamento, dentro do possível, de impulsos, desejos. 

Para Schopenhauer, qualquer desejo, seja o de relacionamentos efêmeros ou o de laços duradouros, nasce da falta, e, quando é concretizado perde o seu valor.

Tratando de amor, especificamente, ele defendia que, em função da vontade, ambicionamos preservar a espécie. O amor, nessa esteira, seria uma ilusão: “Nenhuma união é tão infeliz quanto esses casamentos por amor – e precisamente pelo fato de que o seu objetivo é a perpetuação da espécie, e não o prazer do indivíduo”. “Só um filósofo pode ser feliz no casamento, e os filósofos não casam”. O verdadeiro mote, por trás da vontade de reproduzir, seria, em suma, a preservação da espécie, e para isso, “cada qual procura um companheiro que vá neutralizar seus defeitos, para que esses não sejam transmitidos”. 

Em sintonia com todos esses pontos, há de se lembrar que, para o pensador alemão, qualquer desejo, não excluído seja o de relacionamentos efêmeros, de satisfazer impulsos imediatamente, ou o da edificação de laços mais duradouros, nasce da falta, e, a partir do momento no qual é concretizado, perde o seu valor. “(...) a vida oscila, como um pêndulo, da direita para a esquerda, do sofrimento para o aborrecimento: estes são os dois elementos de que ela é feita, em suma”. A falta geraria dor e desejo; este, na medida em que é alcançado, não satisfaria de modo consistente, duradouro, dando lugar ao tédio que, para Schopenhauer, é ainda pior para o homem do que o estado de ansiedade e sofrimento de falta, quando se quer algo que não se possui. “E a realização nunca satisfaz; nada é tão fatal para um ideal do que a sua realização”. E, além disso, “A paixão satisfeita leva com mais frequência à infelicidade do que à felicidade. Porque suas exigências muitas vezes conflitam tanto com o bem estar pessoal do interessado, que o prejudicam”. Nessa última passagem nota-se que não apenas a fugacidade dos louros colhidos com o atingir de um objetivo aparece como argumento contra a busca dele. O próprio processo de esforço par tal, em que frequentemente temos nosso “bem estar” ferido, surge como ponto ser observado, como diligencia, digamos, com pouco “custo-benefício”. 

Se a companhia de um ente querido, de um parceiro, não é direta e expressamente despida de qualquer valor para Schopenhauer, no seu pensamento, enxergamo-nos em um posicionamento totalmente distante – difícil conceber separação, incompatibilidade maiores... – e em incontáveis acepções, oposto aos disseminados, expressos no senso comum, no ramo da autoajuda, no Cinema em geral. O amor, não apenas pelo fato de ser visto como uma máscara criada pelo desejo de preservar a espécie, no sentido decantado, na sétima arte, nas ruas (...) é desmistificado, até por ser colocado, de determinada maneira, nesses espaços, como salvação, como fonte direta para a felicidade, sem a contextualização devida do papel da autossuficiência e de outras complexidades. 

A procura por saciar o desejo por relações transitórias, em si, também é questionada; entretanto, não só ela: o próprio estado espiritual e corporal que a acompanha aparece como natural nesse tipo de existência, “ansiosa, demasiadamente acesa”, repleta de estímulos; todo o aparato (consumo, trabalho, atrelados à vivência de um papel enxergado como o de sucesso, o “correto”) para projetarmos determinada imagem encarnarmos certo “tipo”, foge do avaliado por Schopenhauer. 

Schopenhauer, em suas obras, foge da ideia de que a felicidade só viria se complementada na união com outra pessoa.

Ainda que não concorde com o pautar de uma teoria em qualquer concepção metafisica, e a despeito de exageros, simplismos, generalizações e erros que Schopenhauer, de fato, também comete, é inegável o acerto, o beneficio ao trazer para o plano da felicidade, da existência, a importância que pode possuir boa dose de abnegação, de desligamento, de volta para si, arrancando o foco excessivamente ancorado no que se adquire, se atrela ao mundo exterior, e naquilo que esquiva, pouco perpassa pela importância de nós mesmos, de nossa disposição interna, biológica, fisiológica, do que em nós foi influenciado pela cultura. Interessante também notar a diferença de um sistema filosófico clássico com o que se difunde hoje. E se recordarmos que Schopenhauer não foi exatamente um precursor, em variados aspectos, e que, essencialmente em sua linha de pensamento possui convergências decisivas – em pontos nos quais esses autores e escolas a seguir listados justamente também discordam do que está sendo tratado nesse artigo como comumente espalhado na atualidade – com Platão, Kant, Budismo, filosofias orientais diversas (...), fica mais latente a carência de sintonia, a oposição do que se vê na contemporaneidade como correto e/ou comportamento adotado, às vezes indiretamente apoiado, com distintas concepções clássicas. 

Com a clareza peculiar ao texto schopenhaueriano, concluo com trecho de uma de suas máximas que, talvez, apresenta oposição mais flagrante ao que se alastra por aí, na atualidade: “Bastar-se a si mesmo; ser em tudo para si, e poder dizer ‘trago todas as minhas posses comigo’ (cf. Cícero, Paradoxa, I, I, 8, e Sêneca, Epistulae, IX, 18) é decerto a qualidade mais favorável para a nossa felicidade. Sendo assim, nunca é demais repetir a máxima de Aristóteles: ‘A felicidade pertence àqueles que bastam a si mesmos’ (Ét a Eud., 7, 2)”.

André Comte-Sponville preconiza que o amor, em sua mais pura verdade, é solidão. Pode ser considerado como duas solidões se completando.

Amor à Solidão 

Dizer que existem muitas falhas em abordagens sobre o amor, as quais corriqueiramente vendem um ideal demasiadamente “inocente”, pueril, sonhador, fincado em versões, em potencias reflexos ainda que amenizados e recauchutados, da escola romântica, e/ou se perdem no simplismo, no reducionismo, por não se entrelaçarem com a complexidade humana e das coisas, dos acontecimentos, entre outras claudicações e distanciamentos da realidade, não é desprezar o valor que esse sentimento e a vida a dois pode ter. Nada perto disso. Também sequer aproxima-se de uma preterição, de uma desvalorização do impacto sensacional, positivo, que a companhia certa chega a ter na errante existência de nós mortais, ao dizer-se que boa dose de autossuficiência é indispensável para a beatitude, para a felicidade, que acaba dependendo unicamente de nós, como indivíduos. 

André Comte-Sponville (1952) é certeiro, no seu Amor à Solidão, ao defender que devemos aceitar o outro como tal, ou seja, como outro, alguém diferente, e não como apêndices de nós mesmos, um instrumento pessoal que funciona de acordo com nosso belo prazer. “E é nisso que o amor, em sua verdade, é solidão”. Afinal para o pensador, o nobre sentimento não seria nada mais do que duas solidões se complementando, se protegendo, que se limitam e se inclinam diante da outra. “O amor não é o contrário da solidão. É solidão compartilhada, habitada, iluminada – e, às vezes, ensombrecida – pela solidão do outro. O amor é a solidão sempre; não que toda solidão seja amante, longe disso, mas porque todo amor é solitário. Ninguém pode amar em nosso lugar, nem em nós, nem como nós”. 




Eu, Álison

sexta-feira, 8 de março de 2013

Eu não fiz esse mundo ruim



Mas talvez ajude a torná-lo pior...





Eu, Álison

Quem não sabe tocar o intangível

Não é poeta. Ando com os nervos à flor da pele, mas por que insistis que sou louco?

Fiel a si mesmo, Poe existiu em desacordo social. No senso da arte, avançou a ponto de provocar a contestação que hoje ainda, cá e ali, comicamente se repete. Mas ele não tinha mesmo uma impressão otimista sobre os homens. Por ver a verdade nos sonhos, imaginava de antemão não poder transformar a vida cotidiana para melhor. Segundo Poe, o ser humano, ao contrário do estabelecido por Jean-Jacques Rousseau, nasce marcado pelo mal.


"Será sempre difícil exercer, de forma ao mesmo tempo nobre e frutífera, a condição do homem de letras sem se expor à difamação, à calúnia dos impotentes, à inveja dos ricos - inveja que é o castigo deles! -, às vinganças de mediocridade burguesa" escreveu Baudelaire.
Para Poe, e também para Baudelaire, um conceito como beleza ainda fazia um sentido literário. Não a beleza ligada à versificação, à idealização da natureza, ao encanto dos sentimentos, mas uma beleza visceral, algo ultrajante, fabricada pelo sangue.

"Muitas pessoas já me caracterizaram como louco. Resta saber se a loucura não representa, talvez, a forma mais elevada de inteligência". - Edgar Allan Poe.






Eu, Álison

Mas condena

Se você acha que o direito de duas pessoas que se gostam ficarem juntas vai contra os direitos da família, eu acho melhor você mudar de família.
Algumas pessoas ainda dizem que ninguém nasce homossexual. Já foi provado cientificamente de que orientação sexual é definida pela genética, então sim, as pessoas nascem homossexuais sim, mas vamos ter pena desses pobres coitados e fingir que não, que orientação sexual não é definida pela genética.
A afirmação é de que ninguém nasce homossexual. Certo, ninguém nasce de roupa, mas nesse exato momento, enquanto lê isso, você está usando uma. Ninguém nasce andando de carro, mas isso não impede das pessoas viajarem. Você não nasce de cabelo penteado. Na verdade, não nasce com cabelo nenhum, mas todo dia, antes de sair de casa, arruma o cabelo numa tentativa miserável de tapar os buracos da sua vida com sua aparência. Então só porque você não nasce de certa forma, ou fazendo certas coisas, não quer dizer que isso é antinatural. E olha que eu estou levando em consideração uma afirmação errada. Se eu me apoiar na verdade, de que a orientação sexual é hereditária, seu preconceito se tornará mais patético ainda.
Tem aquela também dos pais que não gostam que seus filhos andem com pessoas homossexuais porque isso vai fazer seus filhos virarem homossexuais também. Esse raciocínio dá no mesmo que dizer que você não vai deixar seu filho andar com crianças mais pequenas que ele porque tem medo que ele encolha.
Para aproveitar o post, um tempo atrás eu publiquei um vídeo de um geneticista mostrando todas as coisas erradas que o Silas Malafaia falou naquela entrevista com a Maria Gabriela. Agora tem umas pessoas, que provavelmente saíram de alguma APAE, que estão dizendo assim: "Ele tá defendendo os gays porque ele também é um". Pensa um pouco. Agora o cara não pode defender os homossexuais só porque ele também é. Só porque ele é gay ele não tem mais o direito de mostrar que os outros estão errados? Isso tira dele essa capacidade???
E as pessoas se perguntam por que existem misantropos no mundo e porque ele vai de mal a pior... Eu suponho que se elas olharem no espelho vão descobrir.

"Os gays tem direito à fé, mas a fé não tem direito de condenar eles. Mas condena...".





Eu, Álison

sábado, 2 de março de 2013

I'm wondering why

Meu chá esfriou, eu me pergunto “afinal, porque saí da cama?”
A chuva da manhã embaça minha janela e não consigo ver nada
E mesmo que pudesse, tudo estaria cinza, mas sua foto na minha parede
Me lembra que não é tão ruim, não é tão ruim.

Querido Slim, te escrevi, mas você ainda não me respondeu
Deixei o meu celular, meu beep e meu telefone fixo no fim
Mandei duas cartas no Outono, você não deve tê-las recebido
Talvez tenha havido um problema nos correios ou algo assim.

Às vezes faço garranchos quando anoto os endereços
Mas de qualquer maneira, foda-se, como está a sua filha?
Minha namorada também está grávida, vou ser pai
Se tiver uma filha, adivinhe como vou chamá-la?
Ela vai se chamar Bonnie.

Eu li sobre seu tio Ronnie também, sinto muito
Tive um amigo que se matou, porque uma vadia o rejeitou
Sei que você deve ouvir isso todo dia, mas eu sou seu maior fã
Eu até tenho aquela merda underground que você fez com Scam.

Tenho um quarto cheio de pôsteres e fotos suas, cara
Gosto do que você fez com o Ruckus também, aquilo ficou muito louco
De qualquer maneira, espero que receba essa cara, me responda, só para conversar
Sinceramente, seu maior fã, Stan.

Querido Slim, você ainda não ligou nem escreveu,
Espero que tenha a chance
Não estou bravo, só acho uma sacanagem você não responder aos seus fãs
Se você não queria falar comigo lá no seu show,
Você não precisava, mas você podia ter dado um autógrafo
Para o Matthew, que é meu irmãozinho. Ele tem apenas 6 anos
Esperamos você naquele frio por 4 horas
E você simplesmente disse não
Isso é muita mancada cara, você é a porra do ídolo dele
Ele quer ser como você cara, ele gosta mais de você do que eu.

Não que eu esteja bravo, mas não gosto que mintam para mim
Lembra que quando nos conhecemos em Denver, você disse que se eu te escrevesse
Você me responderia. Olha, eu sou como você de certa forma
Também nunca conheci meu pai
Ele costumava trair e bater na minha mãe

Posso me identificar com o que você diz nas suas músicas
Então quando tenho um dia ruim, eu relaxo e ponho elas para tocar
Pois eu nem tenho outra merda mesmo, e essa merda me ajuda
Quando eu estou deprimido
Até tenho uma tatuagem com seu nome no meio do peito

Às vezes até me corto para ver o quanto sangra
É como adrenalina. A dor é como um estimulante para mim
Tudo que você diz é verdade e te respeito, porque você conta
Minha namorada tem ciúmes, pois falo de você o tempo todo

Mas ela não te conhece como eu te conheço Slim, ninguém conhece
Ela não sabe como foi para pessoas como nós crescer
Você tem que me ligar.
Eu serei o maior fã que você terá perdido
Sinceramente, Stan
PS: Devíamos ficar juntos.

Querido Senhor "Sou-bom-demais-para-ligar-ou-escrever-para-meus-fãs"
Esse será o último pacote que eu te envio, cuzão!
Passaram-se seis meses e nenhuma palavra
Eu não mereço isso!
Sei que você recebeu minhas últimas duas cartas
Eu escrevi os endereços perfeitamente nelas.

Então essa é minha fita que estou te mandando. Espero que você ouça
Estou no carro agora. Estou a 145 km/h na rodovia
Ei, Slim, "Bebi uns copos de vodka, você me desafia a dirigir?"
Você conhece aquela música do Phil Collins de "In The Air In The Night"?
Sobre aquele cara que podia ter salvo aquele outro cara de se afogar
Mas não salvou? Aí Phil viu tudo, aí o encontrou em seu show?
O meu caso é parecido. Você podia ter me resgatado do afogamento
Agora é tarde demais. Eu estou muito longe agora, estou sonolento.

E tudo que eu queria era uma maldita carta ou uma ligação
Espero que saiba que rasguei todas suas fotos da parede
Eu te amo Slim, podíamos ter ficado juntos. Pense nisso
Você arruinou tudo agora. Espero que você não consiga dormir e sonhe com isso
E quando sonhar, espero que não consiga dormir e grite
Espero que a sua consciência te corroa e você não consiga respirar sem mim
Ei, Slim, essa é minha namorada gritando no porta malas
Mas eu não cortei a garganta dela
Só a amarrei, não sou como você
Pois se ela sufocar, vai sofrer mais
E então morrerá também
Bom, tenho que ir, estou quase na ponte
Que merda! Eu esqueci. Como é que eu vou te enviar isso?



Querido Stan, queria ter te escrevido antes, mas andava ocupado
Você disse que sua namorada está grávida, de quanto tempo?
Olha, estou muito orgulhoso por você querer chamar sua filha assim
E aqui vai um autógrafo para o seu irmão,
Eu escrevi no seu boné da Starter.

Sinto muito não ter visto vocês no show, devo ter desencontrado
Não pense que fiz isso de propósito, só para chatear vocês
E que merda é essa que você disse sobre
Gostar de cortar os pulsos?
Eu falo essas merdas brincando, cara! Qual é a sua?
Você tem alguns problemas Stan, acho que você precisa de ajuda
Para te salvar das cabeçadas nas paredes, quando você estiver deprimido.

E que merda é essa de nós ficarmos juntos?
Esse tipo de coisa faz com que eu não queira que nos encontremos
Acho que você e sua namorada precisam um do outro
Ou talvez você só precise tratá-la melhor
Espero que chegue a ler essa carta
Espero que chegue até você a tempo
Antes que você se machuque,
Acho que te faria bem relaxar um pouco.
Fico feliz por te inspirar, mas Stan, por que você está tão bravo?
Tente entender que eu quero você como fã
Eu não quero que você faça loucuras
Vi uma merda dessas no noticiário, duas semanas atrás, que me deixou mal
Um cara estava bêbado e jogou o carro de uma ponte
E estava com sua namorada no porta malas, e ela estava grávida
E no carro eles encontraram uma fita, mas não disseram para quem era
Pensando bem... O nome dele era... Era você

Meu chá esfriou, eu me pergunto “afinal, porque saí da cama?”
A chuva da manhã embaça minha janela e não consigo ver nada
E mesmo que pudesse, tudo estaria cinza, mas sua foto na minha parede
Me lembra que não é tão ruim, não é tão ruim.





Eu, Álison

Realmente é um problema



A forma clássica da Teoria do Big Bang não diz nada sobre o que explodiu, a que aconteceu antes de explodir ou o que causou a explosão.






Eu, Álison