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domingo, 6 de julho de 2014

Você já escutou o silêncio? - IV

Poema cara de pau


Reclamas de minha atenção
Desde o primeiro dia
Sempre dizes
Sempre falas
E eu não escuto
Parece boba falando para ninguém
Pareço bobo, absorto, em outro lugar
Sem ligar para o que falas

Como dizes
Concordo contigo
Sempre que nos encontramos
Não consigo me concentrar
Quando vejo, não sei do que estás falando
Quando me dou conta, já perdi o assunto
Tens toda razão
Eu confesso
Não me concentro

Diante de teus olhos
Não consigo prestar atenção em mais nada





Eu, Álison

domingo, 8 de junho de 2014

Deveria ser a sua

Sabe qual deveria ser a mulher mais bonita do mundo para você?


Deveria ser a mulher com quem você está.




Eu, Álison

domingo, 4 de maio de 2014

Você precisa me dizer

- Quando ele vai voltar? Ele falou que queria me contar seu segredo!
- Quando? Bem, quando o sol nascer a oeste e se puser a leste - disse tristemente. Quando os mares secarem e as montanhas forem sopradas pelo vento como folhas. Então regressará, meu sol-e-estrelas, e não antes.
- Nunca, gritou a escuridão, nunca, nunca, nunca.








Eu, Álison

sábado, 26 de abril de 2014

Muitas mesmo

Gostaria de te desejar muitas coisas, mas como sei que dizer-lhes não seria o suficiente, desejo apenas uma coisa:


E o resto eu deixo que naturalmente aconteça.







Eu, Álison

sábado, 12 de abril de 2014

Não necessariamente é daquele jeito

O texto que segue foi retirado da biografia de Johannes Brahms, compositor de música clássica. O autor comenta sobre o desinteresse do músico com sua aparência física. Isso serve claramente para demonstrar como a aparência nada tem a ver com as qualidades de uma pessoa. Nesse caso, por mais desleixado que Brahms pudesse parecer, isso em nada impediu que ele se tornasse o gênio que era.
Porque aquilo que você está enxergando não necessariamente é daquele jeito.


 E como se quisesse acrescentar um novo símbolo ao seu caráter de eremita, deixou crescer uma barba que, com o tempo, se tornou branca e majestosa - e que lhe servia, além disso, para esconder o colarinho aberto, pois raramente usava gravata. À medida que envelhecia, tornava-se maior e mais pronunciado seu desleixo. Era, no íntimo, um camponês, que se agradava dos trajes grosseiros e das grosseiras gargalhadas dos camponeses. Trazia sempre um velho chapéu estragado que se diria ter saído de um cinzeiro. Nas mais rigorosas cerimônias envergava camisas de flanela sem mangas. As calças surradas apenas lhe chegavam aos sapatos. Certa noite, numa festa, como a conversa passasse a versar sobre meias, escandalizou um grupo de velhas senhoras vienenses observando: Vejam como são elegantes as minhas meias". E levantou a calça para mostrar um tornozelo nu. Via-se-lhe, de ordinário, um remendo no assento das calças e nos cotovelos do paletó de alpaca. Raramente trocava de roupa. Atirava-a de qualquer maneira dentro da mala quando tinha de viajar, e deixava-a espalhada pelo chão quando vinha dormir em casa. Nunca ninguém o viu passá-la a ferro. Persuadiram o alfaiate dele a cortar-lhe um par de calças que tivesse o comprimento adequado, mas quando Brahms as recebeu, cortou-lhe até que lhe ficaram acima dos sapatos. Nem sempre, no entanto, era muito acurado em seus cortes, de modo que, muitas vezes, aparecia com uma perna mais comprida do que a outra. Mesmo enquanto jovem, antes de se lhe confirmarem os hábitos de solteirão, demonstrava o mesmo relaxamento no tocante à aparência física.
Toda vez que se lhe rasgava as calças ele reunia os pedaços rasgados com lacre. "O que atrapalhava é que o lacre não durava muito tempo".





Eu, Álison

sábado, 5 de abril de 2014

Janela da Alma - Parte 3

Todos nós somos criaturas emocionais, e creio que todas as nossas percepções, nossas sensações e experiências são carregadas de emoção, de pessoal emoção. Acredito que a emoção fique, por assim dizer, codificada na imagem. Curiosamente, às vezes, a emoção pode se separar da imagem. Aparentemente, o que acontece nesse caso é que o sentimento de ternura e familiaridade desaparece. Isso reforça a ideia de que o reconhecimento visual, a memória visual e toda a forma de percepção devem estar inseparavelmente ligadas à emoção. Quando a memória visual é desconectada da emoção que lhe corresponde uma grande crise nervosa pode ocorrer. - Oliver Sacks

O que é o olhar? É uma interpretação, não é? Sempre é uma interpretação. Tudo que a gente olha, a gente está mediado pelos nossos conceitos, pelos nossos valores. Tem tanta coisa. Às vezes, a gente passa diante do muro e sempre vê o muro. Num determinado dia aquilo se abre diferente, parece outra coisa, uma coisa nunca vista antes. - Paulo Cezar Lopes

É uma coisa linda. Viajando de ônibus... Eu estou lá na cadeira e eu estou vendo coisas maravilhosas que ninguém está vendo e eu estou vendo, e está todo mundo achando que eu não estou vendo. E enxergando menos do que eu! - Hermeto Pascoal

Eu estava em um restaurante em Lisboa, estava sozinho até, e de repente eu pensei: "E se nós fôssemos todos cegos?". E depois, praticamente no segundo seguinte, eu estava a responder, eu respondia a esta pergunta que tinha feito. Mas nós estamos realmente todos cegos. Cegos da razão, cegos da sensibilidade, enfim, de tudo aquilo que faz de nós não um ser razoavelmente funcional, no sentido da relação humana, mas pelo contrário, um ser agressivo, um ser egoísta, um ser violento, e isto é o que nós somos. E o espetáculo que o mundo nos oferece é precisamente esse. Um mundo de desigualdade, um mundo de sofrimento, sem justificação, ou melhor, com explicação. Nós podemos explicar o que se passa, mas não tem justificação. - José Saramago

A imagem que mais me faz falta é aquela da qual todos carecem, isto é, poder ver a si mesmo com próprios olhos. As pessoas acreditam que se veem com os próprios olhos, mas, assim como eu, precisam de um espelho. A diferença, no meu caso, é que os espelhos são diferentes. Mas isso é uma sorte para mim, porque dessa maneira evito me afogar, tal como o infeliz Narciso. Sou um Narciso sem espelho, isto é, é uma sorte. - Eugen Bavcar

O que eu acho é que nós nunca vivemos tanto na caverna de Platão como hoje. Hoje é que nós estamos a viver de fato na caverna do Platão. Porque as próprias imagens que nos mostram a realidade. Então, de uma maneira, substitui a realidade. Nós estamos no que chamamos de mundo audiovisual. Nós estamos efetivamente a repetir a situação das pessoas aprisionadas, atadas, na caverna de Platão, olhando em frente, vendo sombras, e acreditando que essas sombras são a realidade. Foi preciso passarem todos estes séculos para que a caverna do Platão aparecesse finalmente num momento da história da humanidade, que é hoje. E vai ser. E vai ser cada vez mais. - José Saramago

Vemos tantas coisas fora de contexto. A maioria das imagens que vemos são vistas fora de contexto. A maioria das imagens que vemos não tentam nos dizer algo, mas nos vender algo. Na verdade, a maioria as coisas que vemos, revistas, televisão, tentam nos vender algo. Mas a necessidade fundamental do ser humano é que as coisas comuniquem um significado, como uma criança ao se deitar. Ela quer ouvir uma história. Não é tanto a história que conta, mas o próprio ato de contar a história cria segurança e conforto. Acho que mesmo quando crescemos nós amamos o conforto e a segurança das histórias, qualquer que seja o tema. A estrutura da história cria um sentido, e nossa vida, de maneira geral, carece de sentido, por isso, temos uma intensa sede de sentido. - Wim Wenders

Acho que acontece o mesmo com todas as outras coisas que temos em excesso. Quero dizer, temos muitas coisas em excesso nos dias de hoje. A única coisa que não temos o suficiente é tempo, mas a maioria de nós tem tudo em excesso. E ter tudo em excesso significa que nada temos. A atual superabundância de imagens significa, basicamente, que somos incapazes de prestar atenção. Somos incapazes de nos emocionarmos com as imagens. Atualmente, as histórias precisam ser extraordinárias para nos comoverem. As histórias simples... Não conseguimos mais vê-las. - Wim Wenders

Vivemos todos numa espécie de Luna Park audiovisual, onde os sons se multiplicam, onde as imagens se multiplicam, e onde nós, mais ou menos, creio eu, que isso vai acontecer, nós vamos, cada vez mais, nos sentirmos perdidos. Perdidos, em primeiro lugar, de nós próprios. E em segundo lugar, perdidos na relação com o mundo. Acabamos por circular aí sem saber muito bem nem o que somos, nem para que servimos, nem que sentido tem toda a existência. - José Saramago

Tenho outro exemplo, também de Jacques Demy. Lembro-me de ter dito, durante a narração, que nenhum jornalista, nenhum repórter, teria continuado a filmar meu querido colocando seu suéter, apenas eu. Ninguém mais teria ficado lá para ver a cena. Ele arruma aqui, arruma ali, é interminável. Mas eu fiquei. E quando vejo as imagens, agora que ele se foi, lembro-me de como me irritava com sua lentidão, mas tendo-a filmado, eu o perdoei completamente, porque está em imagens, as pessoas podem ver como ele era lento. Acho que apenas eu, amando-o desta maneira, poderia ter sido capaz de filmar essa imagem. Então, a alteração não vem da doença, do mal estar, da cegueira. Acredito que venha do nosso sentimento, da nossa posição no momento que filmamos. Da nossa relação, da nossa conexão com o tema, com a pessoa filmada ou com aquele momento de nossas vidas. Você não acha? - Agnès Varda

No entanto, para se chegar a isso, a essa redução do trágico. Do anúncio do trágico. Mas ele conseguiu isso, essa síntese. É simples, e não é. Não é que o simples seja o desleixado, não é isso. É o simples, o substantivo. É a única coisa que poderia ser, é aquilo. É o irredutível. É isso que eu chamo simples. Eu acho que nisso talvez esteja, um pouco, a minha ideia do que seja a beleza. - Walter Lima Jr.

Gasto uma grande parte do meu dia no jardim, aí fora. Olhar para as plantas. Acompanhar, sobretudo, o crescimento delas. Esta preocupação minha com aquilo que cresce, e neste caso estou falando das plantas, e aquilo que está a passar nas plantas. A flor, o fruto, enfim, tudo isso. Se está mal, se tem alguma praga, se tem qualquer coisa, enfim. Tudo isto. E, sobretudo, esta atenção muito particular ao crescimento da árvore, ou da planta, em geral. No fundo, talvez tenha outra razão que eu não tinha pensado antes. Que, como, enfim, tenho 77 anos, minha vida vai se aproximando do fim. É como se eu tivesse a necessidade de existir. De ver aquilo que, de alguma forma, está ainda no princípio, por estar a crescer. E algumas vezes até, não direi falar com elas, porque elas não respondem, mas comentar, digamos, mais ou menos, em voz alta, como é que estão, se tem bom aspecto, se não tem bom aspecto. É uma coisa um pouco... Um pouco pateta, um pouco ridícula, mas enfim... - José Saramago






Eu, Álison

sábado, 29 de março de 2014

terça-feira, 4 de março de 2014

Quem és tu?



 Tu és um indivíduo entre 6 bilhões e 400 milhões de indivíduos, compondo uma única espécie entre outras 3 milhões de espécies já classificadas, que vive em um planetinha que gira em torno de uma estrelinha, que é uma entre outras 100 bilhões de estrelas compondo uma única galáxia entre outras 200 bilhões de galáxias num dos universos possíveis e que vai desaparecer.





Eu, Álison

domingo, 23 de fevereiro de 2014

sábado, 28 de setembro de 2013

domingo, 30 de junho de 2013

Cruzem os braços

Fechem os olhos e baixem a cabeça.

Houve um tempo em que eu não precisava me preocupar se os políticos estavam roubando. Não precisava me preocupar em estudar freneticamente para passar em uma prova. Não precisava me preocupar se os outros estavam cuidando da minha aparência. Não precisava me preocupar se tinha dinheiro. Não precisava me preocupar se estava apto para o mercado de trabalho. Não tinha compromissos, não tinha dívidas, não tinha dúvidas, não tinha horários a cumprir, regrar a obedecer. Vivia minha vida plenamente sendo quem eu era e sem precisar ficar provando a cada minuto se eu era capaz, se eu era honesto, se eu era educado. Era tudo tão fácil. Tão simples. Sabe por quê? Porque eu era criança.


Quinta-feira passada, depois de passados 14 anos, eu entrei de novo na sala em que estudei no tempo da pré escola. As coisas pareciam tão diferentes daquela época, mas ao mesmo tempo parecia que eu tinha saído de lá ontem e que estava tudo como eu deixei. Não há como explicar.
Acho que não vou recuperar a tranquilidade daquela época. Claro, as pessoas precisam crescer e se tornarem indivíduos completos, mas tenho que admitir... Nada se iguala a paz em que eu vivia naquele tempo. Não uma simples paz. Era uma paz existencial. Inigualável. Inefável. Uma santa paz, algo que não vou experimentar de novo, mas que fico feliz por um dia ter sentido.






Eu, Álison

domingo, 31 de março de 2013

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

A negação



Negar que a vida é totalmente má e, pelo mínimo, achar na arte uma razão de viver. A arte é a razão da existência do indivíduo, mas por que é a razão? A arte é uma maneira de criar, às vezes, contra o vazio psíquico do indivíduo, para preencher esse mundo árido que, por vezes, nos deixa refletindo sobre quão mesquinha é a nossa existência, quão apagada, quão cinza e quão elementar é.






Eu, Álison

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Michael Faraday

“Quero ser simplesmente Michael Faraday até o fim”. Um jovem filósofo solitário que vivia acima das mesquinhas disputas de seus semelhantes.
O incidente lhe subministrara os dados para uma nova e interessante observação cientifica. O espírito humano – observou – é uma singular combinação de sublimidade e lama.
Esse, pois, o sacrifício de Faraday pela causa da ciência. E era um sacrifício alegremente suportado. Faraday não se considerava um mártir. Gostava da simplicidade de sua vida – com seus deleitosos trabalhos e extasiadas descobertas. Sempre que, no decorrer de uma experiência, encontrava a chave de uma nova verdade, ele pulava e gritava como uma criança. E nos momentos de lazer também brincava como uma criança. E assim o vemos passar saltitando pelo laboratório de sua vida – um menino observador, brincalhão e pensativo. Olhos cheios de alegria e coração cheio de riso.
“Aquele, meu amigo, era um grande homem!”.
“O esplendor do acaso” escreveu ele a um de seus amigos, “traz consigo mil pensamentos que me deliciam”. Até o fim da vida gostou de ver o dia envolver-se na crisálida da noite – para erguer-se nas asas de outro dia.
- E como é o seu nome, meu amigo?
- Michael Faraday. Simplesmente Michael Faraday, até o fim.





Eu, Álison

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Um dia de Outubro

Não importa sua idade, você sempre vai querer presente no Dias das Crianças.


Na infância bastava o Sol lá fora e o resto se resolvia.




Eu, Álison

sábado, 8 de setembro de 2012

sábado, 14 de julho de 2012

Natural

Quando você vai se reunir com várias pessoas ou vai sair em algum lugar público, você se arruma, coloca uma roupa melhor e as meninas se maquiam. Faz tudo isso para parecer mais bonito(a). Mas eu pergunto uma coisa: E se uma das pessoas que te ver arrumado tiver um conceito de beleza diferente, como por exemplo, que prefira roupas simples e rostos limpos? Do que vai adiantar todo seu preparo diante de alguém assim?


Se essa pessoa gostar de cabelos bagunçados, de aparelho nos dentes, de pintas no rosto, de óculos de grau, de pele clara, de orelhas sem brincos, de olhos sem sombras?





Eu, Álison