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sábado, 26 de julho de 2014

Só a arte me amparou!

Ó homens que me tendes em conta de rancoroso, insociável e misantropo, como vos enganais. Não conheceis as secretas razões que me forçam a parecer deste modo. Meu coração e meu ânimo sentiam-se desde a infância inclinados para o terno sentimento de carinho e sempre estive disposto a realizar generosas ações; porém considerai que, de seis anos a esta parte, vivo sujeito a triste enfermidade, agravada pela ignorância dos médicos.
Devo viver como um exilado. Se me acerco de um grupo, sinto-me preso de uma pungente angústia, pelo receio que descubram meu triste estado. E assim vivi este meio ano em que passei no campo. Mas que humilhação quando ao meu lado alguém percebia o som longínquo de uma flauta e eu nada ouvia! Ou escutava o canto de um pastor e eu nada escutava! Esses incidentes levaram-me quase ao desespero e pouco faltou para que, por minhas próprias mãos, eu pusesse fim à minha existência. Só a arte me amparou! — Ludwig van Beethoven, Testamento de Heilingenstadt, 6 de Outubro de 1802.







Eu, Álison

domingo, 6 de julho de 2014

É o afeto justo

Não quero que você concorde com isso, mas leia com a mente aberta.
Porque se ele [o ódio] não fosse real, a gente não precisaria ter medo dele. É porque ele é real, é porque, às vezes, a gente tem que fazer guerra, é porque, às vezes, a gente tem que matar, é porque, às vezes, tem gente na humanidade que não dá para você amar, não dá para conviver.

Não adianta você dizer que todo filho, toda mãe, todo pai se amam. Senão não precisava de psicólogo. É bom ter melhor salário, mas nem por isso vai deixar de ter razão para odiar. É bom você ter um governo mais justo, mas nem por isso vai deixar de ter razão para odiar. É bom você ter melhor escola, mas nem por isso vai deixar de ter razão para odiar. Por que você não consegue fazer o ser humano ser bom por lei. E se o ser humano virasse bom não seria mais o ser humano. O ser humano é o que ele é. É assim que ele sobreviveu.

O ser humano odeia. Seja lá por que razão for. A gente mata. Alguns acham que você mata por causa de Deus, mas você pode matar porque você é contra Deus. O ser humano é fraco, medroso, precário, mentiroso sobre suas próprias angústias. A hipocrisia é parte da base da moral pública. Organização eficaz da agonia pode ser entendida como o modo como a seleção natural nos levou a conviver com esse monstro que a gente tem ou com essa fragilidade interna.

Quando você diz que todas as pessoas devem ser amadas, é como se você causasse a destruição das diferenças entre as pessoas que merecem realmente ser amadas e as que não merecem, porque mesmo você sendo a pessoa mais sortuda do mundo, deve conhecer no mínimo uma pessoa que você imagina que não merece, ou não deve, ser amada. Algumas pessoas na nossa vida, ou na vida dos outros, conquistam o amor, por uma série de razões. E outras não. Elas conquistam o ódio.
A ideia de que você deve ou consegue amar todas as pessoas é (teoricamente) muito nobre, aliás, uma das mais nobres. Mas na prática, é uma impossibilidade que é evidente por si só. Basta você pensar em todas as pessoas más que existem e que, por motivos lógicos, você não ama, para perceber que só o fato de elas serem o que são já é suficiente para você mantê-las longe. Dizer isso é horrível, mas por mais duro que pareça, você precisa reconhecer que, às vezes, o ódio é o afeto justo.







Eu, Álison

domingo, 18 de maio de 2014

Quando você era jovem

Can we climb this mountain? I dont know
Higher now than ever before
I know we can make it if we take it slow
Let's take it easy, easy now, watch it go

We're burning down the highway skyline
On the back of a hurricane that started turning
When you were young

And sometimes you close your eyes
And see the place where you used to live
When you were young

They say the Devils water it aint so sweet
You dont have to drink right now
But you can dip your feet
Every once in a little while

You sit there in your heartache
Waiting on some beautiful boy to
To save you from your old ways
You play forgiveness
Watch it now, here he comes

He doesnt look a thing like Jesus
But he talks like a gentleman
Like you imagined when you were young

I said he doesnt look a thing like Jesus
He doesnt look a thing like Jesus
But more than you'll ever know

Podemos escalar essa montanha? Eu não sei. Agora mais alta do que nunca. Eu sei que podemos conseguir se formos devagar. Vamos devagar, devagar, observe.
Estamos queimando o horizonte da estrada atrás do furacão que começou a girar quando você era jovem.
E às vezes, você fecha os seus olhos e vê o lugar onde você costumava viver quando você era jovem.
Eles dizem que a água do demônio não é tão doce. Você não tem que bebê-la agora, mas você pode mergulhar os seus pés de vez em quando.
Você senta lá na sua angústia, esperando algum cara bonito para para te salvar dos seus velhos hábitos. Você brinca com o perdão. Preste atenção agora, aqui ele vem.
Ele não se parece nem um pouco com Jesus, mas ele fala como um cavalheiro como você imaginou quando era jovem.
Eu disse que ele não se parece nem um pouco com Jesus. Ele não se parece nem um pouco com Jesus. Mas mais do que você algum dia vai saber.





Eu, Álison

sábado, 12 de abril de 2014

Para que tudo isso?

Mas, na medida em que o crente duvide, isto é, se sinta menos solidário com o credo religioso de que é membro e dele se emancipe, na medida em que a família e a comunidade se tornem estranhos ao indivíduo, ele se torna para si mesmo um mistério, e então não pode se esquivar à incômoda e angustiante questão: para que tudo isso?


Em outras palavras, se, como já se disse inúmeras vezes, o homem é dúplice, é que ao homem físico se acrescenta o homem social. Ora, este último pressupõe necessariamente uma sociedade que ele exprime e a que serve. Mas se, pelo contrário, ela vem a se desagregar, e não mais a sintamos viva e atuante em torno e acima de nós, o que há de social em nós ficará destituído de todo fundamento objetivo. Já não passará de uma combinação artificial de imagens ilusórias, uma fantasmagoria que um pouco de reflexão bastará para desvanecer; nada, por conseguinte, que possa servir de finalidade aos nosso atos. E contudo esse homem social é a essência do homem civilizado: é ele que determina o valor da existência. 





Eu, Álison

domingo, 23 de fevereiro de 2014

To feel these feelings

And no one nows what it's like
To be hated
To be fated
To telling only lies

No one knows what it's like
To feel these feelings
Like I do
And I blame you

No one bites back as hard
On their anger
None of my pain an' woes
Can show through

No one knows what its like
To be mistreated
To be defeated
Behind blue eyes

No one knows how to say
That they're sorry
And don't worry
I am not telling lies

But my dreams, they aren't as empty
As my conscience seems to be
I have hours, only lonely
My love is vengeance
That's never free

No one knows what it's like
To be the bad man
To be the sad man
Behind blue eyes

Ninguém sabe como é ser odiado, ser destinado a contar apenas mentiras.
Ninguém sabe como é ter esses sentimentos como eu sinto e eu culpo você.
Ninguém repreende-se tanto na sua raiva. Nada da minha dor e angústia pode ser demonstrada.
Ninguém sabe como é ser maltratado, ser derrotado por trás de olhos azuis.
Ninguém sabe como falar que está arrependido. E não se preocupe, não estou contando mentiras.
Mas meus sonhos não são tão vazios como minha consciência parece ser. Eu tenho horas de pura solidão. Meu amor é a vingança que nunca está livre.
Ninguém sabe como é ser o homem mau, ser o homem triste, por trás de olhos azuis.







Eu, Álison

sábado, 31 de agosto de 2013

É preferível morrer a sofrer tanto

Muitas vezes, a pessoa deprimida fala em suicídio porque se sente vazia e inútil devido à raiva que imobilizou seu ego. Quando o ego fica limitado a desempenhar suas funções necessárias, a reação do ego - depressão - vem acompanhada de inutilidade e autodepreciação. Durante esses períodos de autodepreciação, a pessoa deprimida pode tentar se autodestruir, exacerbando, assim, ainda mais sua sensação de inutilidade. Ela, muitas vezes, fica mais deprimida quando os outros sentem pena dela por causa do seu estado. Quanto mais pena sentem dela, pior ela se sente, pois não é fácil expressar a raiva contida diante de amigos bem intencionados.
Portanto, uma pessoa extremamente deprimida, pode suicidar-se, porque seu ego está tão carregado de raiva destruidora que ela conclui que é preferível morrer a sofrer tanto. Assim, não é raro uma pessoa deprimida suicidar-se para acabar completamente com a raiva de seu ego - uma solução final irracional para seu problema. A pessoa, geralmente, se suicida antes ou depois do período crítico da depressão, pois durante o período mais intenso ela está imobilizada demais para fazer qualquer coisa. Ela pode se matar antes da fase crítica da depressão, prevendo a angústia que vai sentir, ou depois, para evitar o sofrimento que experimentou durante o período mais intenso da depressão. Portanto, a pessoa não se suicida, como seria de se esperar, enquanto está "doente", mas muitas vezes quando ninguém espera, quando todos acham que ele está começando a se recuperar.
Contudo, o ego tem outra alternativa além do suicídio: a psicose. Quando a sensação de depressão torna-se muito forte a ponto do ego ficar completamente imobilizado pela raiva reprimida, ele reage erigindo uma muralha ao seu redor para se proteger da raiva. Esta muralha, porém, não separa a pessoa só da raiva, mas também da realidade, de modo que ela se torna psicótica. Nesse estado, a pessoa pode ou não conseguir dar vazão à sua raiva. Se conseguir, ela pode tornar-se maníaca, com a extrema flexibilidade do ego que caracteriza a psicose maníaco depressiva.
Se o psicótico depressivo não consegue descarregar sua raiva, ele sofre, ao mesmo tempo, de uma depressão muito forte e da psicose. O paciente fica fechado, exibe um comportamento muitas vezes estranho e continua a sofrer grave depressão. Nesse momento, ela pode suicidar-se, achando que está se vingando do objeto ou da pessoa que perdeu. A solução que ela adota depende da organização e da força do seu ego. Geralmente, não se sabe o que a pessoa ou o objeto representava para ele e se desconhecem outros fatores, embora em alguns casos o psiquiatra possa compreendê-los após estudar o psicótico.







Eu, Álison

sábado, 30 de março de 2013

Transbordante



Uma esquizofrênica noite de mendigos, párias e loucos, noite transbordante de sonhos angustiosos e lembranças mórbidas.





Eu, Álison

domingo, 27 de janeiro de 2013

A cada 40 segundos

O desespero beira o insuportável. A cada dia, o sofrimento – físico ou emocional – fica mais intenso e viver torna-se um fardo pesado e angustiante. Sua dor parece incomunicável; por mais que você tente expressar a tristeza que sente, ninguém parece escutá-lo ou compreendê-lo. A vida perde o sentido. O mundo ao seu redor fica insosso. Você sonha com a possibilidade de fechar os olhos e acordar num mundo totalmente diferente, no qual suas necessidades sejam saciadas e você se sinta outro. Será que a morte é o passaporte para essa nova vida? Atire a primeira pedra quem nunca pensou em morrer para escapar de uma sensação de dor ou de impotência extremas. Parece comum ao ser humano experimentar, pelo menos uma vez na vida, um momento de profundo desespero e de grande falta de esperança. Os adjetivos são mesmo esses: extremo, insuportável, profundo.
A angústia existencial do suicida sempre vai fornecer justificativas para a sua morte.
“Constatei, pelos discursos, que o suicida está num quadro de embotamento, como se estivesse afogado nas próprias emoções. Ele não aproveita os vínculos sociais para partilhar seus sentimentos e vê o mundo de uma maneira muito própria.” O suicídio, então, torna-se um meio de expressão, uma fala que não pôde ser dita.
“O indivíduo não consegue pedir socorro de outro modo, então opta por um ato extremo.
Incapazes de comunicar a própria dor, os suicidas recorrem a algumas fantasias para justificar a si mesmos a autodestruição.
“A ideia da não-existência é tão insuportável que a mente humana inevitavelmente recorre às fantasias para levar adiante o projeto de auto-aniquilamento".
“O que me impressionava eram as pessoas que tentavam suicídio dizerem que não queriam morrer”. “Como alguém tenta o suicídio e diz que não quer morrer? Na verdade, queriam acabar com uma situação de desespero. Como não conseguiam ver outra alternativa, recorriam ao suicídio. Mas, ao depararem com a possibilidade concreta da morte, percebiam que não queriam, de fato, morrer”.
O cansaço existencial e as crises constantes também alimentam o desejo de morrer.

"Eu não deveria existir. Desculpa, não consegui".





Eu, Álison

sábado, 29 de dezembro de 2012

Só resta lamentar

Ai de ti quando em pé diante do seu leito, como um condenado, sentires que nada podes fazer com todo o teu poder, e estiveres lacerado de angústias por dentro, de sorte que de bom grado darias tudo para infundir àquela moribunda uma gota de conforto, um raio de coragem!





 Eu, Álison

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

As Horas


Encarar a vida pela frente... Sempre. Encarar a vida pela frente, e vê-la como ela é. Por fim, entendê-la e amá-la pelo que ela é. E depois... Abandoná-la...
Sempre os anos entre nós, sempre os anos... Sempre o amor... Sempre a razão... Sempre o tempo... Sempre... As horas.



"A beleza do mundo, que muito em breve perecerá, tem duas margens, uma do riso e outra da angústia, que cortam o coração em duas metades". - Virginia Woolf






Eu, Álison

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Um grande e permanente sofrimento

Tem pensamentos que incomodam e dos quais gostaria de se livrar, mas não consegue?
Os sintomas envolvem alterações do comportamento, do pensamento e das emoções (medo, desconforto, aflição, culpa, depressão).
Obsessões são pensamentos, ideias, imagens, palavras, frases, números ou impulsos que invadem a consciência de forma repetitiva e persistente. Sentidas como estranhas ou impróprias, geralmente são acompanhadas de medo, angústia, culpa ou desprazer.
O indivíduo obsessivo, mesmo esforçando-se, não consegue afastá-las ou suprimi-las do seu pensamento. Apesar de serem consideradas absurdas ou ilógicas, as obsessões causam sofrimento e levam a pessoa a fazer algo ou a evitar fazê-lo para se livrar do medo.
Todos os seres humanos tem uma parte da sua personalidade mais obsessiva, mas a diferença entre isso ser normal e patológico está no fato da patologia ser causadora de sofrimento.





Eu, Álison

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Múltiplas opções

A despadronização da globalização abriu um leque de opções para as pessoas e as pessoas estão muito angustiadas, porque fazer escolhas angustia. Quando você escolhe uma coisa entre 10, a única certeza que você tem é que você perdeu 9, e as pessoas estão muito preocupadas com isso.






Eu, Álison

Uma dor psicológica intolerável

A autodestruição surge após múltiplas perdas, fragmentos de dias perdidos ao longo dos anos, rupturas, pequenos conflitos que se acumulam hora a hora, a tornar impossível olhar para si próprio. O suicídio é uma estratégia, às vezes uma táctica de sobrevivência. Quando o gesto falha, tudo se modifica em redor após a tentativa. E quando a mão, certeira, não se engana no número de comprimidos ou no tiro definitivo, a angústia intolerável cessa naquele momento e, quem sabe, uma paz duradoura preenche quem parte.
Caracterizando-se pela prática de atos que simulam longinquamente a vontade de terminar a vida, mas com a peculiaridade de deixar pistas para que o ato não resulte na própria morte. Infelizmente, estes tipos de comportamentos e situações nem sempre são descoberto a tempo de evitar uma morte.






Eu, Álison

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

A morte não vai interromper a dor

Sempre quando alguém ouve falar de uma pessoa que fez isso, a gente fica se perguntando: "Por que será que essa pessoa fez isso?"
E quanto mais ele pensava na vida, mais insuportável ela lhe parecia.
Essas pessoas se sentem profundamente angustiadas. Elas olham para a vida e sentem essa angústia, essa dor. Cada obstáculo que elas pensam, na cabeça delas, é insuportável.
Tenho a impressão de que depois que essas pessoas morrem, a dor que elas sentiam, que é o motivo pelo qual elas buscaram a morte, permanece. Mesmo depois de morrer, a dor permanece, e vejo nisso a pior de todas as situações em que um ser humano pode estar. Uma dor tão incomensurável que nem mesmo a morte pode extingui-la.


"A angústia é a única fonte da criação" - Jacques Lacan




Eu, Álison

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Fachos de luz

Pois só pode merecer o nome de gênio alguém que assume como tema de suas realizações a totalidade, aquilo que é grandioso, as coisas essenciais e gerais, e não alguém que dedica os esforços de sua vida a esclarecer qualquer relação científica de objetos entre si.

Os eruditos são aqueles que leram coisas nos livros, mas os pensadores, os gênios, os fachos de luz e promotores da espécie humana são aqueles que as leram diretamente no livro do mundo.

No reino da realidade, por mais bela, feliz e graciosa que ela possa ser, nós nos movemos sempre sob a influência da gravidade, força que precisamos superar incessantemente. Em compensação, no reino dos pensamentos, somos espíritos incorpóreos, sem gravidade e sem necessidade. Por isso não existe felicidade maior na Terra do que aquela que um espírito belo e produtivo encontra em si mesmo nos momentos felizes.

É sempre um erro querer transferir para a literatura a tolerância que na sociedade é preciso ter com as pessoas estúpidas e descerebradas que se encontram por todo lado.

Também vemos todo pensador autêntico se esforçar para dar a seus pensamentos a expressão mais pura, clara, segura e concisa possível. Consequentemente, a simplicidade sempre foi uma marca não só da verdade, mas também do gênio.

Além de tudo, os pensamentos postos em papel não passam, em geral, de um vestígio deixado na areia por um passante: vê-se bem o caminho que ele tomou, mas para saber o que ele viu durante o caminho é preciso usar os próprios olhos.

Isso explica por que é possível ler livros de pessoas em cuja companhia não encontramos nenhuma satisfação, e também é por esse motivo que a cultura espiritual elevada nos leva gradativamente a encontrar prazer apenas nos livros, não mais nos homens.

É por isso que a primeira geralmente é angustiante, mesmo terrível: medo, necessidade, engano e assassinatos horríveis, em massa. A outra, em contrapartida, é agradável e jovial, assim como o intelecto isolado, mesmo quando descreve erros e descaminhos.

Assim, o autor poria diante dos nossos olhos aquela interminável batalha travada pelo que é bom e autêntico, em todos os tempos e países, contra o domínio do que é deturpado e ruim; descreveria o martírio de quase todos os verdadeiros iluminados da humanidade, de quase todos os grandes mestres em cada disciplina e em cada arte; mostraria como eles, com poucas exceções, sofreram na pobreza e na miséria, sem reconhecimento, sem apreço, sem alunos, enquanto a fama, a honra e a riqueza eram reservadas aos indignos em cada área.

Trechos de "A Arte de Escrever", de Arthur Schopenhauer



Eu, Álison

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

É de dar medo

Todas as pessoas têm problemas. Uns mais, outros menos. Mas, infelizmente, existe um grupo, por sorte bastante reduzido, que passa por problemas inimagináveis, muito piores do que as pessoas normais passam. Não é a primeira vez que falo desse tipo de problema e considero um assunto seriíssimo.
Talvez muitos não saibam, mas existem pessoas que estão em um estado de sofrimento tão profundo, que acredito que somente quem está sentindo pode ter uma real noção do que é isso. Não é um sofrimento físico, mas um tipo mais complicado: o sofrimento mental. E quando me refiro a sofrimento não falo da tristeza que todos sentem ou da dor que todos passam. Nesses casos o sofrimento é inacreditável, absurdo, incomparável a qualquer coisa que você já sentiu. E uma saída que essas pessoas encontram para aliviar tamanho sofrimento, mesmo que por poucos instantes, é algo que me surpreende, a ponto de quase me assustar. É a chamada autoflagelação: causar dor física propositalmente.
Antes deixe-me apenas fazer uma pequena explicação: Nosso cérebro dá atenção ao mais importante, ou no caso de algum ferimento, ao mais grave. Se você, por exemplo, está com o braço machucado, e de repente começa a sentir uma dor de cabeça muito forte, como a enxaqueca, seu braço aparentemente vai doer menos, pois ser cérebro vai dar atenção à dor na cabeça, que é mais grave do que a dor no braço.
Continuando: Você, considerando-se uma pessoa mentalmente estável, em ocasião alguma gosta de sentir dor em alguma parte do corpo ou de se machucar, seja da forma como for. As pessoas que praticam autoflagelação também não, mas elas são pessoas com problemas mentais tão devastadores e tão traumáticos, que estão sofrendo tanto, mas tanto, MAS TANTO, que elas ferem seus próprios corpos a fim de que seu cérebro dê preferência ao machucado e preste menos atenção à dor que sentem dentro de suas cabeças. Eles preferem sofrer fisicamente a continuar sentindo o que está dentro de suas mentes. Agora pare e pense: imagine as proporções do sofrimento mental dessas pessoas a ponto delas preferirem ferir a si mesmas. Imagine o quão insuportável é conviver com suas próprias consciências. Lembre-se de algum momento de sua vida que você considera ter sofrido alguma dor que nunca mais gostaria de sentir. Agora pense que a angústia dessas pessoas as leva para um beco em que existe uma única saída, e ela é essa dor que você tanto deseja evitar. Elas deixam de raciocinar e pensam exclusivamente em fazer a dor parar, mesmo que para isso tenham que derramar algumas gotas de sangue. O sofrimento pela qual elas passam é atormentador.
O sofrimento dessas pessoas está fora de qualquer escala que você imagine. Você nunca (veja bem) NUNCA vai passar pelo que essas pessoas sentem, a não ser que você seja uma delas, o que eu sinceramente espero que nunca aconteça. É quase de se duvidar que nossa própria mente possa nos torturar tanto a ponto de chegarmos ao cúmulo de desejarmos sofrer, desejarmos sentir dor, para que possamos aliviar o desespero na nossa mente. Não consigo imaginar tortura mais cruel do que a que nós mesmos infligimos ao nosso próprio corpo.
Eu não tenho nenhum problema mental que me obrigue a fazer isso, até porque se tivesse não seria capaz de escrever esse texto, mas acho que tenho uma noção de quão horrível pode ser esse tipo de sofrimento, e como a maioria de nós não pode fazer nada para aliviar essa dor, acho que, no mínimo, devemos repensar nossas atitudes com relação a nossos problemas e a real importância que eles têm, pois nenhum deles pode ser tão grave quanto o das pessoas a quem me referi acima. 




Eu, Álison

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Desculpem o pessimismo

Com o tempo você descobre o nome do que você sentia.
E o nome do que eu sentia era tristeza.
E com o tempo você descobre que saber o nome do que você sentia
Não acaba com a melancolia.

Com o tempo você descobre o nome do que você sentia.
E o nome do que eu sentia era saudade.
E com o tempo você descobre que saber o nome do que você sentia
Não traz ninguém de volta.

Com o tempo você descobre o nome do que você sentia.
E o nome do que eu sentia era solidão.
E com o tempo você descobre que saber o nome do que você sentia
Não faz seu coração parar de chorar.

Com o tempo você descobre o nome do que você sentia.
E o nome do que eu sentia era medo.
E com o tempo você descobre que saber o nome do que você sentia
Não te faz mais corajoso.

Com o tempo você descobre o nome do que você sentia.
E o nome do que eu sentia era desespero.
E com o tempo você descobre que saber o nome do que você sentia
Não faz a tortura parar.

Com o tempo você descobre o nome do que você sentia.
E o nome do que eu sentia era aflição.
E com o tempo você descobre que saber o nome do que você sentia
Não faz a angústia diminuir.

Com o tempo você descobre o nome do que você sentia.
E o nome do que eu sentia era dor.
E com o tempo você descobre que saber o nome do que você sentia
Não faz a mágoa acabar.

Com o tempo você descobre o nome do que você sentia.
E o nome do que eu sentia era agonia.
E com o tempo você descobre que saber o nome do que você sentia.
Não faz os pulsos pararem de sangrar.

Com o tempo você descobre o nome do que você sentia.
E o nome do que eu sentia era minha própria consciência: o tormento do remorso.
E com o tempo você descobre que saber o nome do que você sentia
Não absolve sua culpa, 
Não te dá uma segunda chance
E não te trás de volta à vida. 





Eu, Álison

terça-feira, 11 de setembro de 2012

As pessoas acham que têm problemas

Dia após dia as pessoas reclamam por terem problemas que julgam ser graves e sem solução e que eles impedem-nas de que vivam uma vida normal. Pois digo a essas pessoas que elas não têm problema algum. Nenhuma das dificuldades que elas passam são realmente preocupantes, pois praticamente todas tem solução. As pessoas que podem dizer que têm sérios problemas são as com algum tipo de transtorno mental, em especial a esquizofrenia, que é o pior de todos.
Elas sim têm problemas e eles podem durar anos sem que se encontre uma saída ou uma solução. Essas pessoas estão desesperadas, porque é um sofrimento absurdo. Está fora de qualquer padrão de dor que você já tenha sentido antes. Elas têm medo. É uma sensação de estranheza no mundo. Não há lugar para elas. Essas pessoas entram numa realidade que não é real. Você sabe que a pessoa sente, mas ela não sabe expressar, ela quer se comunicar, mas ela não consegue. Você conta uma coisa para ela e ela fica olhando para você, como se ele te penetrasse, ela entra por dentro da tua alma, é uma coisa impressionante. A dor é extraordinária, ninguém pode livrá-la disso, nem ela mesma.
Alguns relacionam transtornos mentais com pessoas inspiradas ou inclinadas à arte, mas a gente não pode esquecer que antes da arte, antes da pintura, tem uma pessoa lá sofrendo horrores. Horrores.
Ela está morrendo de medo. Ela tem uma incapacidade de demonstrar pensamento lógico, porque é tanta emoção, ela está mergulhada em tanta emoção, que o pensamento fica desconectado. Ele chegou num ponto... Que era uma agonia. Ele cruzou a fronteira da loucura. Imagina a angústia que isso provoca na pessoa.
O índice de esquizofrenia na população é de 1%. Desses 1%, 6% se matam por desespero, por absoluto medo elas cometem suicídio. É horrível, é um desespero puro.
Essas pessoas precisam de alguém que as entenda e não que as deixe de lado e as esqueça. O que eu sei sobre a mente dessas pessoas me assusta, mas não importa o quão instável ela aparente ser, ela pode ser alcançada. Quem tem esquizofrenia sabe que isso vem de dentro, mas ela nega porque é muito assustador.  São sensações incontroláveis que se passam dentro do mundo que elas vivem e eu quero poder descobrir que mundo é esse.






Eu, Álison

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Quando você lê um livro sobre psicose

Você descobre que nenhum dos problemas que você tem é grave. Nenhum.

"Como sabemos, o paciente psicótico pode de repente se sentir absolutamente sozinho no mundo e num grau de desespero tal, um medo de ser aniquilado tão grande que nós, que não nos suicidamos nem podemos imaginar que pode surgir um impulso suicida dos muitos que tem e se suicida. Isto ocorre mais fácil se além de solidão de dentro ele efetivamente estiver sozinho diante de uma janela do décimo andar ou com um revólver".

[...] "Quer então com o suicídio se desfazer de um lado mau de que se sente possuído de vez em quando que o obriga a destruir e depois o deixa cheio de penas".

"Eu acredito que o paciente percebe consciente ou inconscientemente que sua angústia está aumentando e que num determinado momento está tão intolerável que pode levá-lo à loucura. Creio que tem a percepção inconsciente que de fato pode enlouquecer e teme que isso se externalize de maneira tão assustadora para ele que não poderá suportar."

Veja também Psicose



Eu, Álison

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

De dentro da mente

"Em muitos campos do esforço humano - na arte, na pintura, na escultura, na poesia, na música - as angústias e os sofrimentos da alma têm sido transformados em telas belíssimas, palavras imortais em prosa e verso e gloriosas sinfonias de sons."





Eu, Álison