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quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

A dor era absurda


 

Em 07 de fevereiro de 1909, uma mulher de 30 anos de idade chamada Emma Hauck foi internada no Hospital Psiquiátrico da Universidade de Heidelberg, na Alemanha, diagnosticada com demência precoce (esquizofrenia). As perspectivas melhoraram rapidamente e, um mês depois, ela recebeu alta, mas foi readmitida dentro de semanas com sua condição ainda mais agravada. Infelizmente, a crise continuou e, em agosto do mesmo ano, com sua doença considerada terminal e sem possibilidade de reabilitação, Emma foi transferida para o asilo Wiesloch, onde viveu durante onze anos até sua morte, em 1920.



Foi nessa época que uma coleção comovente de cartas foi descoberta nos arquivos do hospital Heidelberg, todas escritas obsessivamente pela mão de Emma durante sua segunda estadia na clínica, em 1909. Cada carta desesperada é direcionada à marido ausente, Mark, e cada página é marcada pela sobreposição das frases no texto. Algumas são tão repetitivas que tornam-se ilegíveis, mas pode-se ler em algumas partes "Herzensschatzi Komm" (Meu querido, venha), repetidas vezes, e em outras ela simplesmente repete incessantemente "Komm Komm Komm" (venha venha venha), milhares de vezes.


As cartas nunca foram enviadas.






Eu, Álison

sábado, 28 de setembro de 2013

A oportunidade de amizade

- Pela primeira vez em muito tempo vejo a possibilidade de amizade. 
- Alguém novo em sua vida?
- Conheci um homem muito parecido comigo. Mesmos hobbies, mesmas visões do mundo. Mas não tenho interesse em ser amigo dele. Estou curioso sobre ele e isto me faz ter curiosidade sobre a amizade.
- A amizade de quem você está considerando?
- Por mais estranho que pareça, um colega e paciente. Não muito diferente de como somos paciente e colega. Falamos sobre ele anteriormente. 
- Will Graham?
- Ele não é como eu. Vemos o mundo de maneiras diferentes. Ainda sim, ele pode ver meu ponto de vista.
- Ao perfilar os criminalmente insanos.
- Tão bom quanto qualquer outra demonstração. Considero reconfortante.
- É bom quando alguém nos enxerga Hannibal. Ou tem a habilidade de nos enxergar. Requer confiança. Confiar é difícil para você.
- Você me ajudou a entender o que quero em uma amizade, e o que não quero.
- Alguém que mereça sua amizade.
- Sim.
- Passou muito tempo construindo muros, Hannibal. É natural querer ver se alguém é inteligente o suficiente para transpô-los.


- Will Graham está perturbado.
- E isso perturba você, além da preocupação profissional por um paciente?
- Eu vejo a loucura dele e quero contê-la, como um vazamento de petróleo. 
- Petróleo é valioso. Qual valor tem a loucura de Will Graham para você?
- Está insinuando que sou mais fascinado pela loucura do que pelo homem?
 -Você é?
- Não. Ele percebeu cedo que via as coisas de um jeito diferente das outras pessoas, sentia coisas diferentes. 
- E você também.
- Eu me vejo no Will.
- Você se vê na loucura dele?
- Loucura pode ser um remédio para o mundo moderno. Você toma moderadamente e é benéfico. 
- Você exagera e pode ter efeitos colaterais indesejados.
- Efeitos colaterais podem ser temporários. Eles podem ser um impulso para nosso sistema imunopsicológico para ajudar a combater crises existenciais da vida normal.
- Will Graham não lhe apresenta problemas da vida normal.
- Não. Ele não apresenta. 
- O que ele lhe apresenta?
- A oportunidade de amizade.
- Ele ainda é seu paciente, Hannibal. A respeito de Will Graham, se você sentir o impulso de se aproximar, você deve se forçar a dar um passo atrás.
- E apenas o assistir perder a cabeça?
- Algumas vezes, tudo o que podemos fazer é assistir...







Eu, Álison

sábado, 31 de agosto de 2013

É preferível morrer a sofrer tanto

Muitas vezes, a pessoa deprimida fala em suicídio porque se sente vazia e inútil devido à raiva que imobilizou seu ego. Quando o ego fica limitado a desempenhar suas funções necessárias, a reação do ego - depressão - vem acompanhada de inutilidade e autodepreciação. Durante esses períodos de autodepreciação, a pessoa deprimida pode tentar se autodestruir, exacerbando, assim, ainda mais sua sensação de inutilidade. Ela, muitas vezes, fica mais deprimida quando os outros sentem pena dela por causa do seu estado. Quanto mais pena sentem dela, pior ela se sente, pois não é fácil expressar a raiva contida diante de amigos bem intencionados.
Portanto, uma pessoa extremamente deprimida, pode suicidar-se, porque seu ego está tão carregado de raiva destruidora que ela conclui que é preferível morrer a sofrer tanto. Assim, não é raro uma pessoa deprimida suicidar-se para acabar completamente com a raiva de seu ego - uma solução final irracional para seu problema. A pessoa, geralmente, se suicida antes ou depois do período crítico da depressão, pois durante o período mais intenso ela está imobilizada demais para fazer qualquer coisa. Ela pode se matar antes da fase crítica da depressão, prevendo a angústia que vai sentir, ou depois, para evitar o sofrimento que experimentou durante o período mais intenso da depressão. Portanto, a pessoa não se suicida, como seria de se esperar, enquanto está "doente", mas muitas vezes quando ninguém espera, quando todos acham que ele está começando a se recuperar.
Contudo, o ego tem outra alternativa além do suicídio: a psicose. Quando a sensação de depressão torna-se muito forte a ponto do ego ficar completamente imobilizado pela raiva reprimida, ele reage erigindo uma muralha ao seu redor para se proteger da raiva. Esta muralha, porém, não separa a pessoa só da raiva, mas também da realidade, de modo que ela se torna psicótica. Nesse estado, a pessoa pode ou não conseguir dar vazão à sua raiva. Se conseguir, ela pode tornar-se maníaca, com a extrema flexibilidade do ego que caracteriza a psicose maníaco depressiva.
Se o psicótico depressivo não consegue descarregar sua raiva, ele sofre, ao mesmo tempo, de uma depressão muito forte e da psicose. O paciente fica fechado, exibe um comportamento muitas vezes estranho e continua a sofrer grave depressão. Nesse momento, ela pode suicidar-se, achando que está se vingando do objeto ou da pessoa que perdeu. A solução que ela adota depende da organização e da força do seu ego. Geralmente, não se sabe o que a pessoa ou o objeto representava para ele e se desconhecem outros fatores, embora em alguns casos o psiquiatra possa compreendê-los após estudar o psicótico.







Eu, Álison

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Mas esse vazio é ele próprio

O termo esquizóide refere-se ao indivíduo cuja totalidade de experiência divide-se em dois principais sentidos: em primeiro lugar, uma ruptura em seu relacionamento com o mundo e, em segundo, uma ruptura na relação consigo mesmo. Tal pessoa é incapaz de sentir-se "junto com" os outros, ou "à vontade" no mundo. Pelo contrário, experimenta uma desesperadora solidão e isolamento.

O esquizofrênico está desesperado, ou simplesmente sem esperanças. Precisamos reconhecer todo o tempo sua singularidade e diferenciação, sua separação, solidão e desespero. A esquizofrenia não pode ser compreendida sem que se compreenda o desespero.

"Eu discuto a fim de preservar minha existência". É possível dizer que se, de fato, imaginava que a perda de uma discussão colocaria em perigo sua existência, neste caso estava "fortemente desligado da realidade".

Ele se sente como um homem que se salva do afogamento somente pela mais estrênua, constante e desesperada atividade. A principal manobra usada para preservar a identidade sob pressão do temor da absorção é o isolamento. Ser compreendido corretamente é ser absorvido, cerceado, devorado, mergulhado, comido, sufocado, abafado pelo que se supõe seja a ampla compreensão da outra pessoa. Ser sempre mal interpretado é penoso e causa sensação de isolamento, mas pelo menos deste ponto de vista existe uma certa segurança no isolamento.

O indivíduo sente que, como o vácuo, está vazio. Mas esse vazio é ele próprio. Embora de outros modos anseia para que o vazio seja preenchido, teme a possibilidade de que isso aconteça porque passou a achar que a única coisa que ele pode ser é o medonho nada desse mesmo vácuo.

"Seis semanas mais tarde novamente defendeu-se com todas as forças contra a extinção do fogo de sua vida, até finalmente apagar-se de todo, espiritual e mentalmente. Daí em diante, há anos, é como uma cratera extinta".





Eu, Álison

domingo, 25 de novembro de 2012

O motivo

Ter interesse em saber sobre suicídio não tem nada a ver com querer se matar. Tem a ver com querer saber o motivo pelo qual as outras pessoas se mataram.






Eu, Álison

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Inclusive eu

Pelo que eu já estudei, a maioria das pessoas têm, no mínimo, um sintoma de um transtorno psiquiátrico, mas não sabe disso.






Eu, Álison

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Já pensou?



Imaginem como seria se tudo que foi escrito aqui no blog tenha sido feito por uma pessoa que tem dupla personalidade e que o Álison que responde como autor dos textos nunca tenha existido. Pois, às vezes, é isso que parece... Que eu não existo, mas não me preocupo muito, as pessoas me trazem de volta.




Eu, Álison

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Não há onde se agarrar

E se eu entendo alguma coisa de sofrimento - talvez a gente faça apenas pálidas ideias de como seja o sofrimento de um psicótico totalmente desagregado, que é atormentado o dia inteiro, e não apenas alguns minutos - sei que quem o tolera, mesmo desagregando, é um forte.

É uma opção derivada do desespero. Quando a pessoa se sente absolutamente abandonada, isto é, sozinha, sem ligações fortes com o mundo externo que representem uma esperança, ela se mata. Quando se sente vazia de anjos e cheia de demônios.
Não sei quantos de vocês que estão aqui tiveram a experiência de solidão - no tempo, uma fração infinitesimal. O psicótico se sente só. Não falo da solidão como é habitual as pessoas a sentirem, falo de solidão mais ou menos assim: imaginem uma guerra nuclear que tenha destruído todo mundo menos uma pessoa. Imagino que o psicótico antes de se matar sinta esse tipo de solidão, em que tudo o que havia de ligação com o mundo em termos afetivos ficou destruído ou nem se fez. Resta o nada e ele se mata por não suportar tal dor. Por isso que não acho que seja opção - o psicótico se sente empurrado a isso pelo desespero.
Acredito também que o suicídio seja feito num impulso, mesmo que ele tenha sido pensado, como ocorre com os melancólicos, que pensam muito sobre como vão se matar. Mas sempre avisam, às vezes tão claramente que as pessoas em volta não acreditam que eles o pratiquem. Enquanto eles estão pensando e se sentindo ligados por qualquer laço, conseguem sobrepor ao impulso. Deixando de pensar uma fração mínima de tempo, eles se matam. Podem até se arrepender no meio da ação, mas não há volta, pois as tentativas de suicídio de psicóticos, em geral, não dão opções para a volta.
Há pacientes que descrevem momentos em que eles acham que estão enlouquecendo. Não é a pessoa ficar com o ego despedaçado, desintegrado e ter consciência parcial disto e sentir forte angústia. É como se o paciente entrasse numa "área do nada", no "não-ser" e aí de repente voltasse para o "ser". O "ser" e o "não-ser" são dois estados muito dolorosos para o psicótico, mas a passagem do "ser" para o "não-ser" e vice-versa é que é mais do que extremamente doloroso, é indizível mesmo. Acho que é nesta passagem que a pessoa sente mais sua solidão e a não existência de relações afetivas (internas e externas) às quais se apegar.
O ser humano é bastante só, isto o sabemos, mesmo rodeado de pessoas, mas basicamente as pessoas se ligam afetivamente a outras e fogem ao sentimento doloroso desta solidão. Para a gente se relacionar bem com o outro, tem que aceitar-se antes, só, olhar para dentro de si e se suportar um pouco senão o outro teria que desempenhar um papel que jamais conseguiria preencher que é o de ser duas pessoas.

A gente precisa se perguntar também se já se sentiu abandonado para, pelo menos, ter uma pálida ideia do sofrimento de uma pessoa - o paciente - que se deixou só a si mesmo, que se abandona a toda hora, seja pelas identificações projetivas maciças, seja pelo jogo terrível do "ser" - "não-ser".




Eu, Álison

sábado, 28 de julho de 2012

Perdido em si

O psicótico, em geral, vem trazido por um familiar; se jovem, é a mãe. Não que ele não se sinta doente, isto tem de ficar bem claro. Ele não se sente é capaz de procurar ajuda sozinho, muitas vezes. Só isto. Sabe que está doente mais do que qualquer pessoa possa imaginar. Na verdade, é porque é a psicose o que leva a pessoa verdadeiramente ao sofrimento. Então o paciente chega ao consultório muito sofrido.

O trabalho é muito difícil, pois está se lidando com pessoas que têm um nível de sofrimento muito alto e a tendência delas e a nossa também é, ao sofrer, querer arrancar de si um pedaço e jogá-lo fora (o sofrimento).

"Se eu (autora) não conseguisse por minha conta um terapeuta, um amigo, bastante amigo, deveria me levar a consultar um que não tivesse medo de doenças e nem de doentes, no caso, eu. Gostaria que o terapeuta fosse um ser humano, não um poço de onipotência, que até pudesse me dizer que algumas coisas que lhe conto ele não entende, mas que fará o possível para me ajudar e me compreender. Enfim, gostaria de me tratar com uma pessoa, uma pessoa que sorrisse para mim. Gostaria que se meu terapeuta me visse na rua me cumprimentasse para que eu não achasse que estava louca ao reconhecer uma pessoa e cumprimentá-la e ter como resposta um olhar distante e desconhecedor. Eu gostaria que meu terapeuta gostasse da minha doença, pois dela emergirá minha saúde. O delirante capta algo que não está bem mesmo e mistura com uma porção de impressões emocionais suas, por isso algumas ideias delirantes de pacientes psicóticos nos parecem tão absurdas".





Eu, Álison

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Quando você lê um livro sobre psicose

Você descobre que nenhum dos problemas que você tem é grave. Nenhum.

"Como sabemos, o paciente psicótico pode de repente se sentir absolutamente sozinho no mundo e num grau de desespero tal, um medo de ser aniquilado tão grande que nós, que não nos suicidamos nem podemos imaginar que pode surgir um impulso suicida dos muitos que tem e se suicida. Isto ocorre mais fácil se além de solidão de dentro ele efetivamente estiver sozinho diante de uma janela do décimo andar ou com um revólver".

[...] "Quer então com o suicídio se desfazer de um lado mau de que se sente possuído de vez em quando que o obriga a destruir e depois o deixa cheio de penas".

"Eu acredito que o paciente percebe consciente ou inconscientemente que sua angústia está aumentando e que num determinado momento está tão intolerável que pode levá-lo à loucura. Creio que tem a percepção inconsciente que de fato pode enlouquecer e teme que isso se externalize de maneira tão assustadora para ele que não poderá suportar."

Veja também Psicose



Eu, Álison

terça-feira, 24 de julho de 2012

Psicose

Eu creio que um paciente que está alucinando ou delirando necessita muito dessas produções para sentir-se, desta maneira, ligado à vida. A ligação é errada, torta, mas o mantém de certa forma ligado à realidade e à vida. Fora disso o medo iria aumentar e sobreviria algo pior, que é descrito por alguns pacientes em pânico, como o "medo de enlouquecer". Creio que este medo seja a destruição interna, a morte.





Eu, Álison

sábado, 16 de junho de 2012

Não diga nada


E eles perguntavam: Onde está? Onde está? Diga onde está! Onde está?
Estavam todos vendo. Vendo e ninguém... Ninguém ajudou. Ninguém. ESTAVAM TODOS OLHANDO E NINGUÉM AJUDOU! 
Eu quase consigo tocá-lo.



Trecho de "Refém do Silêncio."




Eu, Álison

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Catarse

Estou começando a perceber que, às vezes, uso o fato de eu escrever como um tipo de catarse. Catarse, para quem não sabe, é uma maneira de você colocar para fora alguns aspectos que estão dentro da sua cabeça como uma forma de alivio. Se faz muito isso em Psicologia.
Dificilmente eu vou parar na frente de alguém e falar esse monte de coisa que eu escrevo (contando as coisas que eu não coloco no blog). Primeiro porque eu não sei falar, no sentido de me expressar bem, e segundo porque as pessoas não tem obrigação de aturar tudo que eu tenho a dizer, então eu faço minha catarse através da escrita.
Não que tudo que eu escreva seja ruim ou que seja algo que está me perturbando mentalmente, não é isso, só que acho que essa pode ser uma forma de tirar um peso da cabeça, nos momentos não muito agradáveis.
É algo tipo Grafoterapia. É só o que eu acho.






Eu, Álison

sábado, 12 de maio de 2012

Não há empatia

Eu devia ficar feliz pelas pessoas. Feliz mesmo. Elas estão juntas, estão se divertindo e rindo bastante, mas eu não consigo. Não consigo ficar feliz pelas pessoas. Eu procuro qualquer coisa que possa despertar um pouco de alegria em relação às outras pessoas, mas eu não encontro nada. Nem pareço uma pessoa que fala tanto em empatia.
Só sinto inveja, ciúme e um pouco de tristeza.


Alguém pode fazer o favor de me pagar um psiquiatra, um psicólogo, um psicanalista ou qualquer outra pessoa que tenha "psi" no nome e trate de gente louca?




Eu, Álison

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Depressão pra quem não sabe




Têm várias formas de você combater isso. Você pode fazer terapia, você pode tomar remédio, você pode se matar. Não faça isso, aliás.





Eu, Álison

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Solilóquio

Quando estou só eu em casa, conversar sozinho é a coisa mais sã que eu faço. 



Mas conversar sozinho não é um sintoma de esquizofrenia... Ah, azar!




Eu, Álison

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Sou um cientista, sou o Álison

Eu não sou filósofo só porque eu falo sobre o que acontece na vida das pessoas. Também não sou um artista só porque eu faço alguns desenhos (que eu não coloco no blog porque são muito feios). Não sou Psicólogo só porque gosto de ouvir certas pessoas falarem e leio sobre o cérebro.
Não sou geólogo apenas porque coleciono pedras. Não sou astrônomo só porque olho as estrelas e sei o nome de algumas constelações. Não sou químico só porque sei o que é uma cadeia de carbono.
Não sou físico só porque faço experiências em casa. Não sou geógrafo só porque sei o conceito de ilha. Não sou Teólogo só porque sei quem foi Buda.
Não sou anatomista só porque sei que o osso da perna (fêmur) é o maior do corpo. Não sou psiquiatra só porque sei o que é Esquizofrenia. Não sou médico só porque sei que gripe é pior que resfriado.
Não sou zoólogo só porque sei a diferença entre camelo e dromedário. Não sou cosmólogo porque sei o que é a Teoria do Big Bang. Não sou historiador só porque sei o que foi o Renascimento.
Não sou farmacêutico só porque sei o que é um remédio ansiolítico. Não sou matemático só porque sei o que é fractal. Não sou neurocientista apenas porque sei o que é um neurônio. Também não sou um mago só porque sei o que é Alquimia.

Diferentemente do que muitos pensam, eu não sou um escritor (eu não suporto português e uso a licença poética como desculpa para os meus erros de escrita), apenas admiro as pessoas que escrevem e tento, de alguma forma, ser parecido com elas. Sempre tive dificuldade de me expressar falando, o contato humano não é o meu forte, com exceção de algumas pessoas mais íntimas, então acho que escrever é uma maneira de me expressar sem ter que olhar dentro dos olhos de cada um que lê. Isso pode ser ruim... Ou não, não sei, minha cabeça pensa muitas coisas, mas ainda vou descobrir.

Nem tudo o que eu escrevo eu coloco no blog. Textos em que cito nomes, situações fora do comum ou algo mais estranho eu prefiro não mostrar, pelo menos não agora. As pessoas podem não ter uma visão muito boa do que está escrito, então o anonimato é a melhor opção.
O que mais me surpreende, e falo por experiência própria, são as pessoas, no bom e no mau sentido, e muito do que eu escrevo é exatamente sobre elas. O que me frustra, às vezes, é que o que eu sinto (e aí entra a Filosofia) eu não tenho a capacidade de passar pro papel. Acredito que por um lado, a culpa é minha, por falta de habilidade e capacidade (apesar de, modéstia à parte, já terem dito que eu escrevo muito bem). Mas acredito que as pessoas são complicadas demais (e aqui eu me incluo) e isso dificulta que eu escreva exatamente o que sinto.
Ainda posso melhorar muito, vou melhorar, mas acredito que sempre vai ser difícil escrever sobre as pessoas. Quer fazer um teste? Tente você escrever algo sobre alguém que você conhece ou até sobre você mesmo, você vai ver como é complicado.
Acho que escrever é um passatempo, quase uma terapia.

Bem, vou parar de escrever sobre mim senão daqui a pouco eu falo demais. E eu preciso manter alguns segredos... Secretos. 




Eu, Álison