sábado, 28 de julho de 2012

Perdido em si

O psicótico, em geral, vem trazido por um familiar; se jovem, é a mãe. Não que ele não se sinta doente, isto tem de ficar bem claro. Ele não se sente é capaz de procurar ajuda sozinho, muitas vezes. Só isto. Sabe que está doente mais do que qualquer pessoa possa imaginar. Na verdade, é porque é a psicose o que leva a pessoa verdadeiramente ao sofrimento. Então o paciente chega ao consultório muito sofrido.

O trabalho é muito difícil, pois está se lidando com pessoas que têm um nível de sofrimento muito alto e a tendência delas e a nossa também é, ao sofrer, querer arrancar de si um pedaço e jogá-lo fora (o sofrimento).

"Se eu (autora) não conseguisse por minha conta um terapeuta, um amigo, bastante amigo, deveria me levar a consultar um que não tivesse medo de doenças e nem de doentes, no caso, eu. Gostaria que o terapeuta fosse um ser humano, não um poço de onipotência, que até pudesse me dizer que algumas coisas que lhe conto ele não entende, mas que fará o possível para me ajudar e me compreender. Enfim, gostaria de me tratar com uma pessoa, uma pessoa que sorrisse para mim. Gostaria que se meu terapeuta me visse na rua me cumprimentasse para que eu não achasse que estava louca ao reconhecer uma pessoa e cumprimentá-la e ter como resposta um olhar distante e desconhecedor. Eu gostaria que meu terapeuta gostasse da minha doença, pois dela emergirá minha saúde. O delirante capta algo que não está bem mesmo e mistura com uma porção de impressões emocionais suas, por isso algumas ideias delirantes de pacientes psicóticos nos parecem tão absurdas".





Eu, Álison

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