Havia o que quer que fosse de místico na atmosfera romana e isso tocou, dentro dele, uma corda sensível, pois havia também em sua alma profunda tendência para o misticismo.
Além do seu amor à música, adquirira Gounod outra paixão – a paixão da pintura.
“Ainda imaturo, mas possuído de entusiasmo romântico e apaixonado...”.
Desalentado pelo fracasso no teatro, escreveu duas sinfonias e tornou a mergulhar no misticismo.
Havia de ser um tema mundano que tivesse, ao mesmo tempo, fundo religioso – história de paixão e compaixão, poema épico de pecado, sofrimento e redenção, debuxo panorâmico da miséria da Terra, do castigo do Inferno, da glória do céu.
Duas das mais preciosas joias do fulgurante colar dessa música.
E cada manhã, ao despontar do sol, viam os camponeses o estranho misterioso a caminhar pela margem do rio, um homem de meia idade, a barba grisalha, trazendo, nos olhos, uma expressão distante. Voltava sempre dos passeios com ramos de flores nas mãos e grinaldas de música na cabeça.
Sempre que ele tocava para ela, rompia Georgina numa tempestade de lágrimas, chamando-lhe o seu mestre, a sua inspiração, o seu deus.
Esmagado por esse golpe, recolheu-se de novo o compositor ao seu misticismo. E, desta feita, permaneceu místico até o fim.
Antes de morrer, encetou novo trabalho religioso, um Réquiem. Nunca, porém o terminou. Uma tarde, no outono de 1893, ao sentar-se para trabalhar, caiu-lhe a cabeça sobre a mesa. “Psiu”, disse a esposa aos demais membros da família, “não o perturbemos. Ele está dormindo...”.
“A morte”, dissera ele, “é o princípio da vida”.
Eu, Álison
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