quarta-feira, 3 de outubro de 2012

É de dar medo

Todas as pessoas têm problemas. Uns mais, outros menos. Mas, infelizmente, existe um grupo, por sorte bastante reduzido, que passa por problemas inimagináveis, muito piores do que as pessoas normais passam. Não é a primeira vez que falo desse tipo de problema e considero um assunto seriíssimo.
Talvez muitos não saibam, mas existem pessoas que estão em um estado de sofrimento tão profundo, que acredito que somente quem está sentindo pode ter uma real noção do que é isso. Não é um sofrimento físico, mas um tipo mais complicado: o sofrimento mental. E quando me refiro a sofrimento não falo da tristeza que todos sentem ou da dor que todos passam. Nesses casos o sofrimento é inacreditável, absurdo, incomparável a qualquer coisa que você já sentiu. E uma saída que essas pessoas encontram para aliviar tamanho sofrimento, mesmo que por poucos instantes, é algo que me surpreende, a ponto de quase me assustar. É a chamada autoflagelação: causar dor física propositalmente.
Antes deixe-me apenas fazer uma pequena explicação: Nosso cérebro dá atenção ao mais importante, ou no caso de algum ferimento, ao mais grave. Se você, por exemplo, está com o braço machucado, e de repente começa a sentir uma dor de cabeça muito forte, como a enxaqueca, seu braço aparentemente vai doer menos, pois ser cérebro vai dar atenção à dor na cabeça, que é mais grave do que a dor no braço.
Continuando: Você, considerando-se uma pessoa mentalmente estável, em ocasião alguma gosta de sentir dor em alguma parte do corpo ou de se machucar, seja da forma como for. As pessoas que praticam autoflagelação também não, mas elas são pessoas com problemas mentais tão devastadores e tão traumáticos, que estão sofrendo tanto, mas tanto, MAS TANTO, que elas ferem seus próprios corpos a fim de que seu cérebro dê preferência ao machucado e preste menos atenção à dor que sentem dentro de suas cabeças. Eles preferem sofrer fisicamente a continuar sentindo o que está dentro de suas mentes. Agora pare e pense: imagine as proporções do sofrimento mental dessas pessoas a ponto delas preferirem ferir a si mesmas. Imagine o quão insuportável é conviver com suas próprias consciências. Lembre-se de algum momento de sua vida que você considera ter sofrido alguma dor que nunca mais gostaria de sentir. Agora pense que a angústia dessas pessoas as leva para um beco em que existe uma única saída, e ela é essa dor que você tanto deseja evitar. Elas deixam de raciocinar e pensam exclusivamente em fazer a dor parar, mesmo que para isso tenham que derramar algumas gotas de sangue. O sofrimento pela qual elas passam é atormentador.
O sofrimento dessas pessoas está fora de qualquer escala que você imagine. Você nunca (veja bem) NUNCA vai passar pelo que essas pessoas sentem, a não ser que você seja uma delas, o que eu sinceramente espero que nunca aconteça. É quase de se duvidar que nossa própria mente possa nos torturar tanto a ponto de chegarmos ao cúmulo de desejarmos sofrer, desejarmos sentir dor, para que possamos aliviar o desespero na nossa mente. Não consigo imaginar tortura mais cruel do que a que nós mesmos infligimos ao nosso próprio corpo.
Eu não tenho nenhum problema mental que me obrigue a fazer isso, até porque se tivesse não seria capaz de escrever esse texto, mas acho que tenho uma noção de quão horrível pode ser esse tipo de sofrimento, e como a maioria de nós não pode fazer nada para aliviar essa dor, acho que, no mínimo, devemos repensar nossas atitudes com relação a nossos problemas e a real importância que eles têm, pois nenhum deles pode ser tão grave quanto o das pessoas a quem me referi acima. 




Eu, Álison

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