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quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Leonardo e Freud V

Qualquer pessoa que pense nas pinturas de Leonardo recordar-se-á de um sorriso notável, ao mesmo tempo fascinante e misterioso, que ele punha nos lábios de seus modelos femininos. Durante quase quatro séculos, a Mona Lisa tem feito perder a cabeça a todos que falam dela, depois que a contemplam muito tempo.
O que, sobretudo, enfeitiça o espectador é a magia demoníaca desse sorriso. Centenas de poetas e escritores já escreveram sobre essa mulher que ora parece sorrir-nos sedutoramente, ora parece fitar o espaço, friamente e sem alma. E ninguém jamais decifrou o enigma de seu rosto nem leu o significado de seus pensamentos. Sabemos do enigma insolúvel e fascinante com que a Mona Lisa tem desafiado, durante quase quatro séculos, os admiradores que se amontoam à sua frente.
A dama sorria com régia tranquilidade: seus instintos de conquista, de ferocidade, toda a hereditariedade da espécie, o desejo de seduzir e fascinar, o encanto do artifício, a bondade que esconde o propósito cruel – tudo isso parecia, desaparecia e voltava a aparecer, escondendo-se por trás do sorriso velado e mergulhado no poema de seu sorriso... Boa e má, cruel e piedosa, graciosa e felina, ela ria...
Enquanto foi pintado, foi proclamado como sendo o mais elevado que a arte poderia realizar, porém é sabido que o próprio Leonardo não se satisfez com o resultado. Deixando sem solução a enigmática expressão no rosto de Mona Lisa, vamos anotar o fato inegável de que o seu sorriso, que tanto fascina todos os que têm contemplado durante esses quatro séculos, exerceu também poderoso fascínio sobre Leonardo.
O sorriso que paira nos lábios de ambas as mulheres, embora seja inegavelmente o mesmo da Mona Lisa, perdeu seu caráter estranho e misterioso; o que ele exprime aqui é sentimento íntimo e serena felicidade. Já não abaixam os olhos, mas contemplam-nos com uma expressão de misterioso triunfo como se conhecessem uma grande felicidade cujo segredo devessem calar.





Eu, Álison

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Leonardo e Freud IV

Ele conseguira sujeitar seus sentimentos ao domínio da pesquisa e reprimir a sua livre expressão; mas para si mesmo havia ocasiões em que o que suprimira forçava um meio de expressão. A morte da mãe, a quem tanto amara em certa época, foi uma delas. O que temos diante de nós nesses apontamentos sobre as despesas do enterro é a expressão, sob um disfarce quase irreconhecível, de sua tristeza pela morte da mãe. Ficamos pensando o porquê desse disfarce, e na verdade não o podemos entender se o considerarmos um processo mental normal.
A natureza generosa deu ao artista a capacidade de exprimir seus impulsos mais secretos, desconhecidos até por ele próprio, por meio dos trabalhos que cria; e estas obras impressionam enormemente outras pessoas estranhas ao artista e que desconhecem, elas também, a origem da emoção que sentem.






Eu, Álison

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Leonardo e Freud III

De um homem que consegue chegar até o conhecimento não se poderá dizer que ama ou odeia; situa-se além do amor e do ódio. Terá pesquisado em vez de amar. As tormentosas paixões de uma natureza, que inspiram e que esgotam, paixões que foram, para outros, fonte de experiências mais plenas, parecem não o haver atingido.
Um homem que começou a vislumbrar a grandeza do universo com todas as suas complexidades e suas leis, esquece facilmente sua própria insignificância. Perdido de admiração e cheio de verdadeira humildade, facilmente esquece ser, ele próprio, uma parte dessas forças ativas e que, de acordo com a medida de sua própria força, terá um caminho aberto diante de si para tentar alterar uma pequena parcela do curso preestabelecido para o mundo – um mundo em que as menores coisas são tão importantes e extraordinárias quanto o são as coisas grandiosas.
Suas investigações estenderam-se praticamente a quase todos os ramos da ciência natural e em cada um deles foi um descobridor ou, pelo menos, um profeta pioneiro. No entanto, sua ânsia de conhecimento foi sempre dirigida ao mundo exterior; qualquer coisa o afastava da investigação da alma humana. Na “Academia Vinciana”, para a qual desenhou alguns emblemas habilmente entrelaçados, pouco lugar havia para a Psicologia.
Depois da pesquisa, quando tentou voltar ao seu ponto de partida, o exercício da sua arte, sentiu-se perturbado pelo novo rumo de seus interesses e pela mudança na natureza de sua atividade mental.
Depois de esforços exaustivos para exprimir numa obra de arte tudo o que tinha em seu pensamento com relação a ela, era forçado a desistir, deixando-a inacabada ou declarando-a incompleta. O artista usara o pesquisador para servir à sua arte; agora o servo tornou-se mais forte que o seu senhor e o dominou.
Ele lia muito e o seu interesse estendia-se a todos os ramos da literatura e do saber.






Eu, Álison

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Leonardo e Freud II

Era gentil e amável para com todos. Condenava a guerra e o derramamento de sangue e descrevia o homem como sendo não tanto o rei do mundo animal, e sim a pior das bestas selvagens.
“Somente este desenho anatômico seria suficiente para que se deduzisse a repressão – repressão que levou o grande artista e pesquisador a um estado próximo à confusão”.
O seu insaciável desejo de tudo compreender em seu redor e de pesquisar com atitude de fria superioridade o segredo mais profundo de toda a perfeição condenou sua obra a permanecer para sempre inacabada.
“Não se tem o direito de amar ou odiar qualquer coisa da qual não se tenha conhecimento profundo. Pois, na verdade, o grande amor surge do conhecimento profundo do objeto amado e, se este for pouco conhecido, o seu amor por ele será pouco ou nenhum...”.
Não é verdade que os seres humanos protelam o amor ou o ódio até adquirirem conhecimento mais profundo e maior familiaridade com o objeto desses sentimentos. Ao contrário, amam impulsivamente, movidos por emoções que nada têm a ver com conhecimento e cuja ação, muito ao contrário, poderá ser amortecida pela reflexão e pela observação.
Dever-se-ia amar controlando o sentimento, sujeitando-o à reflexão e somente permitir sua existência quando capaz de resistir à prova do pensamento. Seus afetos eram controlados e submetidos ao instinto da pesquisa; ele não amava nem odiava, porém se perguntava a cerca da origem daquilo que deveria amar ou odiar.
Na verdade, Leonardo não era insensível à paixão; não carecia da centelha sagrada que é direta ou indiretamente a força motora de qualquer atividade humana. Apenas convertera sua paixão em sede de conhecimento; entregava-se, então, à investigação com a persistência, constância e penetração que derivam da paixão e, ao atingir o auge de seu trabalho intelectual, isto é, a aquisição do conhecimento, permitia que o afeto há muito reprimido viesse à tona a transbordasse livremente.





Eu, Álison 

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Leonardo e Freud

Todos os posts que tiverem o nome "Leonardo e Freud" contêm trechos retirados de um livro que Freud escreveu sobre Leonardo da Vinci. Esse é o primeiro, mas adiante haverão mais posts com outros trechos.

Leonardo da Vinci (1452 - 1519) foi admirado, até mesmo pelos seus contemporâneos, como um dos maiores homens da renascença italiana. No entanto, já nessa época começara a parecer um enigma, tal como nos parece hoje em dia. Era um gênio universal “cujos traços se podia apenas esboçar, mas nunca definir”.
O que impediu que a personalidade de Leonardo fosse compreendida pelos seus contemporâneos? O motivo, certamente, não terá sido a versatilidade de seus talentos, nem a extensão do seu saber. Tampouco pertencia ele à classe dos gênios fisicamente mal dotados pela natureza e que por isso mesmo desprezam as formas exteriores da vida e, numa atitude de penosa melancolia, fogem a qualquer contato com seus semelhantes.
Foi por isso, forçosamente, um solitário entre seus contemporâneos. Para eles, sua atitude em face da sua arte foi sempre incompreensível.
O que ao leigo pode parecer uma obra prima nunca chega a representar para o criador uma obra de arte completa, mas apenas a concretização insatisfatória daquilo que tencionava realizar; ele possui uma tênue visão da perfeição que tenta sempre reproduzir sem nunca conseguir satisfazer-se.
Parecia tremer o tempo todo quando se punha a pintar e, no entanto, nunca terminou nenhum trabalho que começou, sentindo um tal respeito pela grandeza da arte que descobria defeitos em coisas que, aos outros, pareciam milagres“.
Um de seus contemporâneos, o contista Matteo Bandelli, que na época era um jovem frade naquele convento, conta que Leonardo costumava muitas vezes subir nos andaimes pela manhã cedo e lá permanecer até o cair da tarde sem nem uma vez descansar o pincel e nem se lembrar de comer ou de beber. Depois, passava dias sem tornar a tocar no trabalho. Muitas vezes passava horas diante de sua obra, somente analisando-a mentalmente.
Ao contrário, é possível observar uma extraordinária profundeza e uma riqueza de possibilidades que vêm dificultar qualquer decisão final, ambições enormes difíceis de satisfazer, e uma inibição na execução definitiva para a qual não encontramos justificativa, mesmo considerando que o artista nunca consegue realizar o seu ideal.




Eu, Álison

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Misterioso e incompreensível

"Na verdade, o grande Leonardo continuou a ser como que uma criança durante toda a sua vida, e em mais de um sentido; diz-se que todos os grandes homens devem conservar alguma parte infantil. Mesmo adulto continuou a brincar, e foi essa a razão por que se mostrou frequentemente misterioso e incompreensível aos olhos dos seus contemporâneos."

- Sigmund Freud


"Em conjunto, o seu gênio era tão prodigiosamente inspirado pela graça de Deus, os seus poderes de expressão eram tão fortemente alimentados por uma memória e por uma inteligência sempre prontas, e os seus escritos transmitiam as suas ideias com tanta precisão, que os seus argumentos e os seus raciocínios confundiam os críticos mais formidáveis."

- Giorgio Vasari




Eu, Álison

domingo, 8 de julho de 2012

Somente pelas palavras



Por meio de palavras uma pessoa pode tornar outra jubilosamente feliz ou levá-la ao desespero [...]. - Sigmund Freud





Eu, Álison

quinta-feira, 5 de abril de 2012

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Diferente

"Freud ajudou a atrapalhar mostrando o quanto nós escondemos de ruim; mas é fácil ver que nós escondemos também tudo o que é bom em nós, a ternura, o encantamento, o agrado em ver, em acariciar, em cooperar, a gentileza, a alegria, o romantismo, a poesia, sobretudo o brincar - com o outro. Tudo tem que ser sério, respeitável, comedido - fúnebre, chato, restritivo, contido..."

[...]

"Quem é o iluminado?
No seu tempo, é sempre um louco delirante que faz tudo diferente de todos. Ele sofre, principalmente, de um alto senso de dignidade humana - o que o torna insuportável para todos os próximos - que são indignos.
Ele sofre, depois, de uma completa cegueira em relação à "realidade" (convencional), que ele não respeita nem um pouco. Ama desbragadamente - e sem vergonha. Comporta-se como se as pessoas merecessem confiança, como se todos fossem bons, como se toda criatura fosse amável, linda, admirável.
Assim ele vai deixando um rastro de luz por onde quer que passe.
Porque se encanta, porque se apaixona, porque abraça com calor e com amor, porque sorri e é feliz.
Como pode, esse louco?
Como pode estar - e viver! - sempre tão fora da realidade - que é sombria, ameaçadora; como ignorar que os outros - sempre os outros - são desconfiados, desonestos, mesquinhos, exploradores, prepotentes, fingidos, traiçoeiros, hipócritas...
Ah! Os outros..."

A Carícia Essencial - Uma Psicologia do Afeto



Eu, Álison

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Yin Yang

Uma das coisas que mais me intriga quando eu estudo as pessoas que mudaram a história é a incrível capacidade que elas tinham em certas áreas onde atuavam, mas também me chamou a atenção a dificuldade que tinham em lidar com determinados assuntos.

Um bom exemplo é o gênio inglês Sir Isaac Newton, que nasceu em 1642 e morreu em 1727. Considerado o criador da Física Clássica e o maior físico que já existiu, criou o mais importante de todos os livros sobre Física, que tem como centro a Lei da Gravidade e as famosas três Leis de Newton. Além disso, também estudou Astronomia, Teologia, Filosofia e Alquimia.

Apesar de toda a genialidade e maestria que tinha com as ciências que estudava, Newton não era uma pessoa agradável. A primeira vez que ouvi isso não entendi. Como uma pessoa tão inteligente poderia ser desagradável. Mas é verdade, Newton era orgulhoso, solitário, vingativo e não gostava de receber críticas, principalmente de outros cientistas.

Comecei a perceber que esse desequilíbrio entre o lado bom e ruim dessas pessoas diferentes era comum e fiquei curioso em saber por quê.

Comecei a pesquisar e procurar algum motivo que pudesse explicar como grandes pessoas não conseguiam viver uma vida normal, até que descobri as Inteligências Múltiplas. Existem nove tipos de inteligências que compõe o método com que os humanos pensam e vivem.

Agora vou apresentar minha explicação de como a mente dessas pessoas tão diferentes funciona, mas antes vou listar os nove tipos de inteligências e um exemplo de cada uma, para facilitar seu entendimento.

1 - Lógico-matemática (Carl Friedrich Gauss)
2 - Linguística (Dante Alighieri)
3 - Musical (Mozart)
4 - Espacial (Michelangelo)
5 - Corpo-cinestésica (Zinedine Zidane)
6 - Intrapessoal (Sigmund Freud)
7 - Interpessoal (Mahatma Gandhi)
8 - Naturalista (Charles Darwin)
9 - Existencial (Budha)

As pessoas normais têm essas nove inteligências equilibradas e por isso vivem normalmente sem dificuldades ou facilidades, tendo uma vida cognitivamente neutra. Nas pessoas muito diferentes, há um desequilibrio entre essas inteligências. Usando o mesmo exemplo, Isaac Newton poderia ter suas inteligências Lógico-matemática e Existencial muito mais desenvolvidas, então as outras precisariam diminuir para compensar e manter o equilíbrio certo. Isso explicaria porque ele tinha um comportamento "errado". Ele teria, por exemplo, a inteligência Interpessoal "baixa", causando assim desavenças por causa de seu comportamento.

Sendo assim, não se preocupe se você tiver um defeito, por pior que ele possa parecer, porque você com certeza terá facilidade em alguma coisa que você costuma fazer, seja o que for, e assim poderá exercer um papel incrível para a humanidade, ensinando algo de bom para quem está ao seu redor.



Afinal, todo gênio que é gênio, tem que ser meio louco.





Eu, Álison