Leonardo da Vinci (1452 - 1519) foi admirado, até mesmo
pelos seus contemporâneos, como um dos maiores homens da renascença italiana.
No entanto, já nessa época começara a parecer um enigma, tal como nos parece
hoje em dia. Era um gênio universal “cujos traços se podia apenas esboçar, mas
nunca definir”.
O que impediu que a personalidade de Leonardo fosse
compreendida pelos seus contemporâneos? O motivo, certamente, não terá sido a
versatilidade de seus talentos, nem a extensão do seu saber. Tampouco pertencia
ele à classe dos gênios fisicamente mal dotados pela natureza e que por isso
mesmo desprezam as formas exteriores da vida e, numa atitude de penosa
melancolia, fogem a qualquer contato com seus semelhantes.
Foi por isso, forçosamente, um solitário entre seus
contemporâneos. Para eles, sua atitude em face da sua arte foi sempre incompreensível.
O que ao leigo pode parecer uma obra prima nunca chega a
representar para o criador uma obra de arte completa, mas apenas a
concretização insatisfatória daquilo que tencionava realizar; ele possui uma
tênue visão da perfeição que tenta sempre reproduzir sem nunca conseguir
satisfazer-se.
Parecia tremer o tempo todo quando se punha a pintar e, no
entanto, nunca terminou nenhum trabalho que começou, sentindo um tal respeito
pela grandeza da arte que descobria defeitos em coisas que, aos outros,
pareciam milagres“.
Um de seus contemporâneos, o contista Matteo Bandelli, que
na época era um jovem frade naquele convento, conta que Leonardo costumava
muitas vezes subir nos andaimes pela manhã cedo e lá permanecer até o cair da
tarde sem nem uma vez descansar o pincel e nem se lembrar de comer ou de beber.
Depois, passava dias sem tornar a tocar no trabalho. Muitas vezes passava horas
diante de sua obra, somente analisando-a mentalmente.
Ao contrário, é possível observar uma extraordinária
profundeza e uma riqueza de possibilidades que vêm dificultar qualquer decisão
final, ambições enormes difíceis de satisfazer, e uma inibição na execução
definitiva para a qual não encontramos justificativa, mesmo considerando que o
artista nunca consegue realizar o seu ideal.
Eu, Álison
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