terça-feira, 13 de novembro de 2012

Isaac Newton

Nasceu pouco depois da morte de seu pai - uma caricatura de criança, franzino, prematuro e doentio. A parteira não esperava que ele vivesse. Foi dessa maneira singular que o destino introduziu no mundo um cérebro prodigioso.
Em seus momentos mais tranquilos, compunha poesias e traçava desenhos a carvão nas paredes do quarto.
[...] Prosseguindo os estudos no Trinity College, de Cambridge, o garoto se viu possuidor de uma grande desvantagem - tinha facilidade excessiva em aprender matemática. O que é facilmente adquirido é facilmente desprezado. Nos estudos de formatura em Cambridge, não somente se antecipara às soluções acadêmicas dos problemas, como frequentemente sugeria novos e mais simples métodos de solução aos professores. Mas o estudo da matemática não apresentava especial interesse para Newton. Considerava-a simplesmente como uma via de acesso um tanto obscura aos mistérios da natureza. Visava conquistas mentais muito mais altas. Pois era, não apenas um pensador, mas um sonhador; não apenas um matemático, mas um poeta. Seu método não era a da observação exaustiva, mas o da imaginação criadora. Pretendia mergulhar ousadamente, e não procurar timidamente o caminho nas florestas inexploradas da especulação humana. Assim falava o poeta que estava disposto a sofrer em cumprimento da sua visão. Todo grande cientista é um poeta capaz de visão.
O próprio Newton, embora escapasse à esterilidade intelectual dos colegas, não pode eximir-se inteiramente às suas excentricidades. Absorvido em sonhos cósmicos, tinha pouco tempo de cuidar da aparência. Mas, com todo o seu desalinho, Newton era um moço de coração romântico.
 "Ah, minha querida, perdoe-me! Vejo que é impossível. Parece que estou condenado a ficar solteiro".
Seus colegas espantavam-se com a facilidade com que ele efetuava os cálculos.
Pois Newton possuía um senso de valores práticos bastante singular. Sempre o desorientava essa questão dos pesos e dos valores que os outros atribuíam às coisas.
Durante as férias, muitas vezes voltava ao lar materno e ficava horas inteiras sentado no jardim. Pois o espírito do homem sentado no jardim se pôs a girar tão vertiginosamente como a terra. Ali estava a base do valor das coisas - algo que os avaliadores de pedras e os mercadores de ouro nunca haviam sonhado! Só os poetas lunáticos, os únicos sãos de espíritos num mundo de dementes, eram capazes de interpretar o enigma do universo.
A princípio Newton não queria publicar os resultados das suas observações. Pois era um filósofo tímido e retraído. "Não hei de imprimir nada", declarava aos amigos. "Isso só me traria novas relações. E é isso que desejo evitar". Suas descobertas eram um passatempo com que se distraía nas horas de estudos solitários. Vivia só, num supermundo imaginário de sua criação. Era um divertimento fascinante.
Contava poucos amigos íntimos. Ninguém sabia nada ao certo sobre Newton. A vida inteira, a sua personalidade foi um problema difícil de explicar.
Um filósofo de primeira plana foi visitar Newton e pediu-lhe a indicação de um curso de estudos que o habilitassem a entender a complexa matemática dos Principia. Newton solicitamente organizou um rol de "livros necessários". "Só a leitura da listra preliminar", declarou, "consumiria a maior parte da minha vida".
Poucos dos seus contemporâneos compreenderam Newton. Mas isso não é muito de surpreender; o complexo e paradoxal matemático mal se entendia a si mesmo. No próprio momento de Triunfo sentia-se extremamente infeliz.
Uma ventosa manhã, ao voltar da capela, descobrira que o gato havia derrubado a vela sobre a mesa, incendiando alguns dos seus mais importantes papéis. E o pesar pela perda daqueles papéis, que continham os resultados de muitos anos de pesquisa, acabara de transtornar-lhe a cabeça. Assomos de cólera, perdas de memória, repentinos acessos de desconfiança e igualmente repentinos acessos de compulsão - não eram esses os sintomas de um espírito desequilibrado?




Eu, Álison

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