quinta-feira, 22 de novembro de 2012

John Dalton

Os princípios da visão individual, por exemplo – essas estranhas leis que separam completamente uma personalidade da outra – impuseram-se-lhe de um modo singular.
Passara 27 anos da vida enxergando um mundo de certas cores, para descobrir por mero acaso que a vasta maioria dos homens via um mundo diferente.
À medida que iam correndo os anos e ele permanecia no “delicioso estado de solteiro”, os amigos começaram a perguntar-lhe se nunca pensara em tomar esposa. “Não tenho tempo”, respondia. “Ando com a cabeça muito cheia de triângulos, processos químicos e experiências elétricas para poder pensar nessas frioleiras”. Contudo ele não era inteiramente estranho ao amor. Travara conhecimento com a “mais formosa criatura de Manchester”. Julgara-se imune à influência da simples beleza de uma mulher. Mas agora não se tratava de uma mulher comum.
Os químicos da época pesquisavam em meio a uma noite de incertezas.
E assim, ele empreendia as suas giras de conferências com o coração alegre e um sorriso confiante. E de olhos abertos. Observava tudo com o prazer de uma criança para quem o mundo é novo. Gostava particularmente de observar as damas do auditório – as que “usavam o vestido estirado como um tambor”, e as que “o traziam enrolado no corpo como um lençol”. Mas acrescentava, “quase todas são encantadoras em qualquer vertido”.
Foi com satisfação que voltou a Manchester e a sua vida “relativamente obscura”.  No fim de contas, ele não era homem de sociedade.
No vasto mundo o seu vulto se engrandecia. O mundo, entretanto, não queria deixá-lo em paz.
Por fim se deixou atrair mais uma vez pelo mundo. E a tentadora foi à cidade de Paris. Ali conheceu dois dos mais famosos cientistas do seu tempo. Humboldt e Laplace. Os três cientistas discutiam os segredos dos céus ou as substâncias da terra. Voltando do seu triunfo em Paris, Dalton pôs de lado as recordações e recomeçou “a perpétua luta do espírito contra a poderosa fortaleza da ignorância”.
Todas as vidas passam com demasiada rapidez. Algumas anedotas, um ou dois momentos de jovialidade, uma revoada noturna de pesares e depois o fim. Seguia lentamente o seu caminho batendo com a bengala no chão, até o fim da rua, até a última e sombria esquina onde termina o futuro na metrópole anônima dos mortos.
"Quanto a mim, sou apenas a aparência vã de um homem". Sofreu um ataque de paralisia e restabeleceu-se parcialmente, votando aos fogos do laboratório. Mas o fogo da sua vida se extinguia lentamente.
E passou a noite e veio a manhã. Mas os olhos de Dalton continuavam fechados.




Eu, Álison

2 comentários:

  1. Poderia dizer a fonte dessa informações? Estou fazendo um trabalho sobre john dalton e não encontrei praticamente nada sobre a vida conjugal dele, apenas que ele nunca se casou. Gostei do texto!! E dos títulos dos outros, voltarei ao blog!

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  2. É de um livro, "Vidas de Grandes Cientistas", de Henry Thomas e Dana Lee Thomas. É um livro meio antigo, não sei se tu encontra na internet, mas tu pode tentar achar ele impresso. Eu só coloquei algumas partes. O texto original no livro fala mais.

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