Passara 27 anos da vida enxergando um mundo de certas cores,
para descobrir por mero acaso que a vasta maioria dos homens via um mundo
diferente.
À medida que iam correndo os anos e ele permanecia no
“delicioso estado de solteiro”, os amigos começaram a perguntar-lhe se nunca
pensara em tomar esposa. “Não tenho tempo”, respondia. “Ando com a cabeça muito
cheia de triângulos, processos químicos e experiências elétricas para poder pensar
nessas frioleiras”. Contudo ele não era inteiramente estranho ao amor. Travara
conhecimento com a “mais formosa criatura de Manchester”. Julgara-se imune à
influência da simples beleza de uma mulher. Mas agora não se tratava de uma
mulher comum.
Os químicos da época pesquisavam em meio a uma noite de
incertezas.
E assim, ele empreendia as suas giras de conferências com o
coração alegre e um sorriso confiante. E
de olhos abertos. Observava tudo com o prazer de uma criança para quem o mundo
é novo. Gostava particularmente de observar as damas do auditório – as que
“usavam o vestido estirado como um tambor”, e as que “o traziam enrolado no
corpo como um lençol”. Mas acrescentava, “quase todas são encantadoras em
qualquer vertido”.
Foi com satisfação que voltou a Manchester e a sua vida
“relativamente obscura”. No fim de
contas, ele não era homem de sociedade.
No vasto mundo o seu vulto se engrandecia. O mundo,
entretanto, não queria deixá-lo em paz.
Por fim se deixou atrair mais uma vez pelo mundo. E a tentadora
foi à cidade de Paris. Ali conheceu dois dos mais famosos cientistas do seu
tempo. Humboldt e Laplace. Os três cientistas discutiam os segredos dos céus ou
as substâncias da terra. Voltando do seu triunfo em Paris, Dalton pôs de lado
as recordações e recomeçou “a perpétua luta do espírito contra a poderosa
fortaleza da ignorância”.
Todas as vidas passam com demasiada rapidez. Algumas
anedotas, um ou dois momentos de jovialidade, uma revoada noturna de pesares e
depois o fim. Seguia lentamente o seu caminho batendo com a bengala no chão,
até o fim da rua, até a última e sombria esquina onde termina o futuro na
metrópole anônima dos mortos.
"Quanto a mim, sou apenas a aparência vã de um homem". Sofreu um ataque de paralisia e
restabeleceu-se parcialmente, votando aos fogos do laboratório. Mas o fogo da
sua vida se extinguia lentamente.
E passou a noite e veio a manhã. Mas os olhos de Dalton
continuavam fechados.
Eu, Álison
Poderia dizer a fonte dessa informações? Estou fazendo um trabalho sobre john dalton e não encontrei praticamente nada sobre a vida conjugal dele, apenas que ele nunca se casou. Gostei do texto!! E dos títulos dos outros, voltarei ao blog!
ResponderExcluirÉ de um livro, "Vidas de Grandes Cientistas", de Henry Thomas e Dana Lee Thomas. É um livro meio antigo, não sei se tu encontra na internet, mas tu pode tentar achar ele impresso. Eu só coloquei algumas partes. O texto original no livro fala mais.
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