“Somente este desenho anatômico seria suficiente para que se
deduzisse a repressão – repressão que levou o grande artista e pesquisador a um
estado próximo à confusão”.
O seu insaciável desejo de tudo compreender em seu redor e
de pesquisar com atitude de fria superioridade o segredo mais profundo de toda
a perfeição condenou sua obra a permanecer para sempre inacabada.
“Não se tem o direito de amar ou odiar qualquer coisa da
qual não se tenha conhecimento profundo. Pois, na verdade, o grande amor surge
do conhecimento profundo do objeto amado e, se este for pouco conhecido, o seu
amor por ele será pouco ou nenhum...”.
Não é verdade que os seres humanos protelam o amor ou o ódio
até adquirirem conhecimento mais profundo e maior familiaridade com o objeto
desses sentimentos. Ao contrário, amam impulsivamente, movidos por emoções que
nada têm a ver com conhecimento e cuja ação, muito ao contrário, poderá ser
amortecida pela reflexão e pela observação.
Dever-se-ia amar controlando o sentimento, sujeitando-o à
reflexão e somente permitir sua existência quando capaz de resistir à prova do
pensamento. Seus afetos eram controlados e submetidos ao instinto da pesquisa;
ele não amava nem odiava, porém se perguntava a cerca da origem daquilo que deveria
amar ou odiar.
Na verdade, Leonardo não era insensível à paixão; não
carecia da centelha sagrada que é direta ou indiretamente a força motora de
qualquer atividade humana. Apenas convertera sua paixão em sede de
conhecimento; entregava-se, então, à investigação com a persistência,
constância e penetração que derivam da paixão e, ao atingir o auge de seu
trabalho intelectual, isto é, a aquisição do conhecimento, permitia que o afeto
há muito reprimido viesse à tona a transbordasse livremente.
Eu, Álison
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