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domingo, 31 de agosto de 2014

Quase nunca

Eu acho que o mundo sempre foi feio. Eu acho que a bondade, a beleza, a generosidade, são maravilhosas exceções. E quando elas acontecem, qualquer pessoa que já viu isso sente como se tivesse diante de um milagre.
Eu choro normalmente quando eu tenho a impressão de que eu estou diante de um milagre. Quando o mundo quebra sua ordem miserável. Ou seja, quase nunca.









  Eu, Álison

sábado, 14 de junho de 2014

Mal sabia ele

Que alcançaria seu milagre.


"É um milagre que um homem tenha observado, lido e escrito tanto em uma única vida". - Kenneth Clark sobre Leonardo da Vinci.






Eu, Álison

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

O maior que existe

- Eu acho que o Cristianismo, no Brasil, pelo menos [...] é o maior disseminador de preconceitos que existe. Simplesmente isso. Eu acho que a sociedade é atrasada por causa do Cristianismo.
- Você se consideraria um anticristo? 
- Absolutamente.
- Em que termos?
- ...Todos.


- P. C. Siqueira







Eu, Álison

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Karl Steinmetz

O menino dobrou lentamente o seu traje de cerimônia e dobrou-o. As lágrimas lhe escaldavam as faces. Compreendia a razão da sua dispensa. O corpo deformado do aluno. As mentes deformadas dos mestres. Tinham vergonha de exibi-lo em público. Dando-lhe uma posição de proeminência entre os alunos, não tinham feito mais que acentuar-lhe dolorosamente o senso de solidão. Karl Steinmetz nunca mais tornou a usar traje de rigor.
Pouco depois de entrar na Universidade de Breslau, deu provas de um intelecto prodigioso. Os professores se espantavam dos seus “inconcebíveis malabarismos” com os números. Apelidaram-no Proteu. O corcunda marinho da antiga mitologia. De acordo com a lenda grega, Proteu não era maior que a mão humana. Quando capturado, assumia as mais diferentes formas. Mas se o captor o segurasse bem, Proteu retornava gradualmente à sua forma verdadeira e sussurrava ao ouvido os segredos do mundo.
Tinham certo medo à sua “inteligência sobrenatural”.
Antes de três anos, Karl Steinmetz tinha subido ao trono do reino da luz.
Por que não adotar Proteus como segundo nome?
E então, convencido de que aquilo não era um sonho, tomou da varinha de condão e realizou outro milagre. Sonhe o dia inteiro se tiver vontade.
Quando as luzes começaram a fluir dos dínamos sussurrantes e um milhar de sóis dançaram no ar da meia noite, Steinmetz compreendeu que alcançara a sua meta. Era esse o santuário milagroso que ele procurava desde a infância.
Supunha ser sua personalidade pitoresca o que fascinava as pessoas e não o respeito por suas ideias e sentimentos. E seriam capazes de perceber o quanto se sentia só nesse ambiente luxuoso? E era por isso que tinha edificado uma mansão – um eremitério que lhe satisfizesse as necessidades de experimentador, um espaçoso templo de luz. Um rei sem família, sem amigos. Os jornalistas se entusiasmavam com o esplendor da casa, sem se preocuparem com a solidão do proprietário. Mas ele procurou vencer a solidão.
Mas Steinmetz continuava só – fugindo à companhia do próximo de quem tanto diferia fisicamente.
“Trazei luz às vidas das pessoas – uma luz que não destrói, e apenas cura”.
Mas as sombras ameaçavam tanto a beleza como a fealdade. Steinmetz ia ficando velho e cansado.
Alguns minutos depois o filho adotivo entrou no quarto com a bandeja. Aproximou-se da cama. O homenzinho estava profundamente adormecido.





Eu, Álison

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Leonardo e Freud

Todos os posts que tiverem o nome "Leonardo e Freud" contêm trechos retirados de um livro que Freud escreveu sobre Leonardo da Vinci. Esse é o primeiro, mas adiante haverão mais posts com outros trechos.

Leonardo da Vinci (1452 - 1519) foi admirado, até mesmo pelos seus contemporâneos, como um dos maiores homens da renascença italiana. No entanto, já nessa época começara a parecer um enigma, tal como nos parece hoje em dia. Era um gênio universal “cujos traços se podia apenas esboçar, mas nunca definir”.
O que impediu que a personalidade de Leonardo fosse compreendida pelos seus contemporâneos? O motivo, certamente, não terá sido a versatilidade de seus talentos, nem a extensão do seu saber. Tampouco pertencia ele à classe dos gênios fisicamente mal dotados pela natureza e que por isso mesmo desprezam as formas exteriores da vida e, numa atitude de penosa melancolia, fogem a qualquer contato com seus semelhantes.
Foi por isso, forçosamente, um solitário entre seus contemporâneos. Para eles, sua atitude em face da sua arte foi sempre incompreensível.
O que ao leigo pode parecer uma obra prima nunca chega a representar para o criador uma obra de arte completa, mas apenas a concretização insatisfatória daquilo que tencionava realizar; ele possui uma tênue visão da perfeição que tenta sempre reproduzir sem nunca conseguir satisfazer-se.
Parecia tremer o tempo todo quando se punha a pintar e, no entanto, nunca terminou nenhum trabalho que começou, sentindo um tal respeito pela grandeza da arte que descobria defeitos em coisas que, aos outros, pareciam milagres“.
Um de seus contemporâneos, o contista Matteo Bandelli, que na época era um jovem frade naquele convento, conta que Leonardo costumava muitas vezes subir nos andaimes pela manhã cedo e lá permanecer até o cair da tarde sem nem uma vez descansar o pincel e nem se lembrar de comer ou de beber. Depois, passava dias sem tornar a tocar no trabalho. Muitas vezes passava horas diante de sua obra, somente analisando-a mentalmente.
Ao contrário, é possível observar uma extraordinária profundeza e uma riqueza de possibilidades que vêm dificultar qualquer decisão final, ambições enormes difíceis de satisfazer, e uma inibição na execução definitiva para a qual não encontramos justificativa, mesmo considerando que o artista nunca consegue realizar o seu ideal.




Eu, Álison

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Mas ele sabia

- John, sabe aonde estamos te levando hoje?
- É... Ver uma senhora?
- Isso mesmo, mas como você sabe?
- Eu não sei... Para dizer a verdade, eu não sei de muita coisa. Eu nunca soube...






Eu, Álison

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Ínfima porção

Eu desconfiava que ela escondia alguma coisa dentro de si. Eu sempre achei que ela disfarçava, com um olhar que me desafiava a desvendá-la. Mas ela não era qualquer um. Ela era especial. Uma mente presa no interior de um corpo, confinada dentro de algo que não podia contê-la. E o que ela não continha, sem querer, demonstrava. E nós chamávamos o que ela demonstrava de milagre, mas para ela era só uma porção, ínfima porção, de tudo o que havia no mundo em que ela vivia. Às vezes, nem mesmo ela se entendia.
Foi então que percebi que aquele olhar, a maneira como aqueles olhos viam através de mim, não era um desafio, mas uma súplica desesperada, um pedido de socorro. Talvez ela quisesse que eu a ajudasse a entender a si mesma e a entender porque as janelas de sua alma gritavam daquela forma, como se presas num calabouço ou perdidas num labirinto.





Eu, Álison

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

In the dark

Stephen King é a única pessoa que conseguiria escrever uma história onde uma pessoa que é capaz de fazer milagres tem medo do escuro.


Paul Edgecomb não acreditava em milagres, até o dia em que conheceu um.




Eu, Álison

terça-feira, 8 de maio de 2012

Levando a sério

"Que o teu orgulho e objetivo consistam em pôr no teu trabalho algo que se assemelhe a um milagre." Leonardo da Vinci

Acho que o Leonardo levava isso muito a sério. 
Se você olhar o que ele fez e quem ele era, vai saber porque digo isso.


A não ser que você também saiba desenhar um rombicuboctaedro...





Eu, Álison