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domingo, 18 de maio de 2014

A Última Alvorada

Pietra acorda, não com o rosto inchado, comum nos sonolentos, mas com um rosto vazio. Mais um dia começa. Mais um tormento tem início. Ninguém, por mais sábio que fosse, saberia responder como ela suportava tudo aquilo.
Depois de levantar, Pietra olhava a claridade do sol passar pelos vidros de sua janela. Aquela era a única luz que existia em sua vida. A única que iluminava seu corpo. Às vezes, tomava uns goles de água. Nas outras, se contentava em somente se levantar. Lavava o rosto, aparentemente cada vez mais abatido, via seus olhos no espelho, mas não via seu reflexo, pois já não havia mais brilho neles, apesar da pouca idade que tinha. Comia algo que a mantinha em pé por algumas horas e saía para caminhar, sem destino certo e sem saber o que iria acontecer após o próximo passo.
Pietra não tinha emprego, mas passava pouco tempo em casa. Um morador de rua, homem que passava dia e noite fazendo o papel de vizinho desconhecido de Pietra e que mantinha sua residência improvisada ao lado da casa da jovem, sempre a via sair, normalmente pela manhã, e somente a avistava de novo quando retornava, já no final da tarde. Pietra voltava para casa somente para comer alguma coisa, mas nunca demorou mais que alguns minutos. Logo após, saía novamente, no início da noite, e voltava somente pouco antes da alvorada. O humilde vizinho, apesar de sua condição e de sua baixa instrução, já havia notado que o rosto da moça não era como os outros. O dela era especialmente tranquilo, como se não houvesse nada por trás dele. Sem emoções, sem desejos, sem sequer um raio de vida. Era só um rosto. Um rosto como nenhum outro.
Pietra andava lentamente durante suas idas e vindas pela cidade. As pessoas pensariam que era devido ao estresse e o cansaço causados por uma rotina de trabalho e estudos, mas ninguém sabia que ela não tinha emprego, muito menos que não estudava. O motivo de Pietra andar a passos lentos era de que não havia um lugar aonde ela quisesse chegar. Não havia um objetivo a alcançar. Nada havia nada que a fizesse correr, que a fizesse querer viver.
Nesse dia, que parecia pior que os outros, que parecia mais insuportável que os outros anos de sua vida, Pietra parecia um corpo vivo, mas que perdera a vida. O morador de rua percebeu tudo isso quando a viu pela manhã. Ele notou que Pietra havia saído mais cedo do que o normal. Com a mesma roupa de sempre, com o mesmo cabelo bagunçado de sempre, com os mesmos passos lentos de sempre, ela partiu. Mas hoje ela sabia o que ia acontecer e isso dava a ela uma tranquilidade nunca antes sentida. Depois de alguns dias sem retornar, ele ouviu alguns vizinhos comentando de que ela devia ter ido para a casa de algum familiar, mas sabia que não era verdade. Pietra encontrou seu caminho. Ela tinha ido acabar com sua dor.
Foi a última vez que o humilde morador viu a moça. Em um papel escrito por Pietra, encontrado no chão de sua casa, lia-se: "Está tudo bem agora".





Eu, Álison

É só

O que caracteriza essa forma é um estado de langor melancólico que diminui a tensão da atividade. Os negócios, as funções públicas, o trabalho útil, até mesmo os deveres domésticos inspiram à pessoa nada mais que indiferença e distanciamento. Repugna-lhe sair de si mesmo. Em contrapartida, o pensamento e a vida interior compensam a falta da atividade. Esquivando-se do que a circunda, a consciência volta-se para si mesma, toma-se como seu objetivo próprio e único, e assume como tarefa principal observar e analisar a si mesma. Mas, por essa extrema concentração, aprofunda ainda mais o abismo que a separado do resto do universo. Uma vez que a pessoa se apega de tal modo a si mesma, só pode se afastar cada vez mais daquilo que não é ela, e confirmar o isolamento em que vive, reforçando-o.






Eu, Álison

domingo, 4 de maio de 2014

Depende de você

A vida de uma pessoa se resume, basicamente, assim: ela nasce, cresce, envelhece e morre. Durante esse período ela pode incrementar um pouco. Ela trabalha, estuda, cozinha, viaja. Ela também mata, rouba. Se apaixona, faz arte. Ela lê, escreve, toma banho de chuva, dorme tarde. Chora de rir, fica triste, imagina cenas antes de dormir. Se assusta, se surpreende. Perde o fôlego, pula de alegria, anda de bicicleta. Esfola o joelho, dá presentes, tem borboletas no estômago, comemora aniversário, faz amizades. Se rebela, tem pesadelos, acorda assustado. Se emociona, conhece gênios, fala com idiotas, se confunde. E apesar de nossa vida ser apenas uma sequência aleatória de fatos independentes que decorrem por alguns anos, quando estamos fazendo alguma dessas coisas, o tempo parece mais lento e você até se esquece de que devia apenas nascer e morrer.






Eu, Álison

sábado, 15 de março de 2014

Um excêntrico?

- Theo, o que sou eu aos olhos das outras pessoas?


- "O que sou eu aos olhos das outras pessoas? Um nada? Um excêntrico? Uma pessoa desagradável? Alguém que não tem lugar na sociedade e jamais terá. Em resumo, o mais baixo de todos. Muito bem então. Mesmo que isso fosse totalmente verdade, um dia eu gostaria de mostrar, com meu trabalho, o que um nada, o que um ninguém, tem em seu coração. Com um aperto de mão, sempre seu. Vincent".





Eu, Álison

terça-feira, 4 de março de 2014

Um único coração

 

Como acreditava que um pintor não deveria ter vida pessoal, Edgar Degas nunca se casou, explicando que "existe o amor e existe o trabalho, mas temos apenas um único coração". Passou os últimos 20 anos de sua vida isolado e morreu em Paris, em 27 de setembro de 1917.








Eu, Álison

sábado, 13 de julho de 2013

A última aurora

Pietra acorda, não com o rosto inchado, comum nos sonolentos, mas com um rosto vazio. Mais um dia começa. Mais um tormento tem início. Ninguém, por mais sábio que fosse, saberia responder como ela suportava tudo aquilo.
Depois de levantar, Pietra olhava a claridade do sol passar pelos vidros de sua janela. Aquela era a única luz que existia em sua vida. A única que iluminava seu corpo. Às vezes, tomava uns goles de água. Nas outras, se contentava em somente se levantar. Lavava o rosto, aparentemente cada vez mais abatido, via seus olhos no espelho, mas não via seu reflexo, pois já não havia mais brilho neles, apesar da pouca idade que tinha. Comia algo que a mantinha em pé por algumas horas e saía para caminhar, sem destino certo e sem saber o que iria acontecer após o próximo passo.
Pietra não tinha emprego, mas passava pouco tempo em casa. Um morador de rua, homem que passava dia e noite fazendo o papel de vizinho desconhecido de Pietra e que mantinha sua residência improvisada ao lado da casa da jovem, sempre a via sair, normalmente pela manhã, e somente a avistava de novo quando retornava, já no final da tarde. Pietra voltava para casa somente para comer alguma coisa, mas nunca demorou mais que alguns minutos. Logo após, saía novamente, no início da noite, e voltava somente pouco antes da alvorada. O humilde vizinho, apesar de sua condição e de sua baixa instrução, já havia notado que o rosto da moça não era como os outros. O dela era especialmente tranquilo, como se não houvesse nada por trás dele. Sem emoções, sem desejos, sem sequer um raio de vida. Era só um rosto. Um rosto como nenhum outro.
Pietra andava lentamente durante suas idas e vindas pela cidade. As pessoas pensariam que era devido ao estresse e o cansaço causados por uma rotina de trabalho e estudos, mas ninguém sabia que ela não tinha emprego, muito menos que não estudava. O motivo de Pietra andar a passos lentos era de que não havia um lugar aonde ela quisesse chegar. Não havia um objetivo a alcançar. Nada havia nada que a fizesse correr, que a fizesse querer viver.
Nesse dia, que parecia pior que os outros, que parecia mais insuportável que os outros anos de sua vida, Pietra parecia um corpo vivo, mas que perdera a vida. O morador de rua percebeu tudo isso quando a viu pela manhã. Ele notou que Pietra havia saído mais cedo do que o normal. Com a mesma roupa de sempre, com o mesmo cabelo bagunçado de sempre, com os mesmos passos lentos de sempre, ela partiu. Mas hoje ela sabia o que ia acontecer e isso dava a ela uma tranquilidade nunca antes sentida. Depois de alguns dias sem retornar, ele ouviu alguns vizinhos comentando de que ela devia ter ido para a casa de algum familiar, mas sabia que não era verdade. Pietra encontrou seu caminho. Ela tinha ido acabar com sua dor.
Foi a última vez que o humilde morador viu a moça. Em um papel escrito por Pietra, encontrado no chão de sua casa, lia-se: "Está tudo bem agora".







Eu, Álison

sábado, 4 de maio de 2013

Antes

Eu disse que realizaria o sonho da minha vida, mas você realizou o seu antes.
Eu disse que teria o emprego ideal, mas você começou a trabalhar antes.
Eu disse que reencontraria nosso amigo que não víamos há muito tempo, mas você foi visitá-lo antes.
Eu disse que me tornaria uma grande pessoa, mas você cresceu antes.
Eu disse que mandaria uma carta a uma pessoa que eu gostava, mas você escreveu antes.

E eu disse que por você ter feito tudo isso antes eu havia ficado triste, pois havia falhado em todos os meus objetivos, enquanto você vivia uma vida feliz. Todas as pessoas discordariam de mim, mas viver se tornou insuportável. Eis que decidi acabar com a tristeza da minha vida de uma maneira definitiva.
Mas como sempre... Você acabou com a sua antes.







Eu, Álison

domingo, 13 de janeiro de 2013

Tantos e quantos

Se alguém, do alto de uma torre elevada, se divertisse em observar o gênero humano, como os poetas dizem que Júpiter o faz de vez em quando, que quantidade de males ele não veria atacar de todos os lados a vida dos pobres mortais! Um nascimento imundo e sórdido, uma educação penosa e dolorosa, uma infância exposta ao arbítrio de tudo o que a cerca, uma juventude submetida a tantos estudos s trabalhos, uma velhice sujeita a tantos sofrimentos insuportáveis, e enfim a triste e dura necessidade de morrer. Juntai a isso a quantidade inumerável de doenças que nos assediam constantemente no curso dessa vida infeliz, os acidentes que não cessam de nos ameaçar, a invalidez que de repente nos oprime, o fel amargo que envenena sempre nossos instantes mais doces. Sem falar ainda de todos os males que o homem causa a seu semelhante, como a pobreza, a prisão, a infâmia, a vergonha, os tormentos, as emboscadas, as traições, os processos, os ultrajes, as patifarias... Mas como contá-los? São em tão grande número como os grãos de areia à beira do mar.





Eu, Álison

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Alexander von Humboldt

O navio abria caminho pela melancólica noite tropical. No tombadilho, o jovem cientista se achava mergulhado. A lua rompia tristonha por entre as nuvens, esparzindo gotas de luz ambarina sobre as ondas.
Nessa amplidão de existência animal, a raça humana se vê reduzida a uma insignificância melancólica.
O Cosmos foi escrito no crepúsculo da vida de um cientista privado de seus amigos. Um por um, como folhas de outono, eles tinham-se despencado da árvore da existência. Mas a grandeza é sinônimo de modéstia. Considerava seu irmão como um verdadeiro mestre, e a si mesmo como um simples aluno.
Ainda se sente capaz de um trabalho tão duro?
- Eu durmo pouco – respondeu Humboldt – A vida, para mim, é o trabalho. Anteontem trabalhei dezesseis horas.
E quando chegou o mês de Abril, os berlinenses começaram a dar pela falta do vulto familiar do Barão a passear sob as Lindens. “Onde está Sua Excelência?”, perguntavam-se uns aos outros. Mas ninguém sabia responder. Von Humboldt tornara a embarcar para um Novo Mundo.





Eu, Álison

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Hora de se manifestar

Uma professora havia proposto um trabalho para uma turma do 3º ano do Ensino Médio. Era fim de ano, último trimestre. Como de costume, foi exposto o assunto do trabalho, o que cada um devia fazer  e marcado um dia para discussão em aula. Na data marcada, todos apresentaram seus respectivos trabalhos, mas a professora notou que uma menina não havia falado. Uma daquelas que senta no fundo da sala e que não conversa com ninguém. Quer dizer, com quase ninguém.
A professora quis saber por que a menina não havia feito o trabalho. Ela deu sua justificativa para a professora, que não ficou nada contente com a menina. Todos na sala estavam calados. Estava claro que a professora estava falando sério, muito sério. Ela então sugeriu a possibilidade de dar um outro trabalho à menina, mas insinuou que ela também não iria fazê-lo, assim como aconteceu com o primeiro. Nesse momento, um rapaz que também sentava no fundo da sala manifestou-se e dirigiu a palavra à professora, apesar de todos os outros colegas estarem quietos, ouvindo o diálogo entre ela e a menina. O rapaz, movido por um senso de justiça, ou talvez por um outro motivo não revelado por ele, disse à professora: "Professora, eu não acho que ela [a menina] não irá fazer o outro trabalho que você quer dar só porque não pôde fazer o primeiro, que eu e o resto da turma apresentamos hoje". Com um tom sério, a professora pergunta ao rapaz: "Tu achas mesmo?" e ele, demonstrando uma segurança incomum em seu tom de voz, disse: "Eu acho", que soou como "tenho certeza absoluta".

Hoje, a menina e o rapaz estão formados e tornaram-se grandes pessoas.
Ou talvez nessa época eles já fossem grandes pessoas, mas ainda não soubessem disso...





Eu, Álison

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

sexta-feira, 2 de março de 2012

Que gente vagabunda

As pessoas têm muitos sonhos em suas vidas e acredito que elas esperam realizá-los. Certo, mas eu vejo que as pessoas só sabem reclamar. Quando é segunda-feira, reclamam que a semana recém começou e ficam de terça a quinta-feira esperando que chegue sexta-feira, porque aí acaba a semana e chega sábado, dia em que a maioria não trabalha.
As pessoas vivem em função de não trabalhar, de chegar logo sábado e domingo. Aí quando tiverem 80 anos, vão reclamar que não se tornaram nada na vida. Claro, só querem saber de dormir e não fazem nada a respeito da vida que tem.
Eu vejo que as pessoas não querem fazer nada, querem tudo de graça, tudo fácil. Para elas, tudo é ruim, tudo é difícil. Pelo amor de Deus, que bando de vagabundo! Como que querem ser alguma coisa na vida se não fazer porra nenhuma? Elas devem pensar que as coisas caem do céu, ou que Deus vai colocar tudo à disposição. Eu quero que essa gente se exploda, ficam reclamando no ouvido dos outros, mas não são capazes de olhar o monte de nada que fazem dia após dia.
Outra coisa de que as pessoas reclamam é do tédio. Tudo é tédio, tudo dá tédio. Mas trabalhar que é bom, nada!!! 
Eu tenho pena dessas pessoas, mas pelo que vejo, elas vão continuar com suas vidas vazias vivendo um dia exatamente igual ao outro: Reclamando de tudo e não fazendo nada.





Eu, Álison