quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Hora de se manifestar

Uma professora havia proposto um trabalho para uma turma do 3º ano do Ensino Médio. Era fim de ano, último trimestre. Como de costume, foi exposto o assunto do trabalho, o que cada um devia fazer  e marcado um dia para discussão em aula. Na data marcada, todos apresentaram seus respectivos trabalhos, mas a professora notou que uma menina não havia falado. Uma daquelas que senta no fundo da sala e que não conversa com ninguém. Quer dizer, com quase ninguém.
A professora quis saber por que a menina não havia feito o trabalho. Ela deu sua justificativa para a professora, que não ficou nada contente com a menina. Todos na sala estavam calados. Estava claro que a professora estava falando sério, muito sério. Ela então sugeriu a possibilidade de dar um outro trabalho à menina, mas insinuou que ela também não iria fazê-lo, assim como aconteceu com o primeiro. Nesse momento, um rapaz que também sentava no fundo da sala manifestou-se e dirigiu a palavra à professora, apesar de todos os outros colegas estarem quietos, ouvindo o diálogo entre ela e a menina. O rapaz, movido por um senso de justiça, ou talvez por um outro motivo não revelado por ele, disse à professora: "Professora, eu não acho que ela [a menina] não irá fazer o outro trabalho que você quer dar só porque não pôde fazer o primeiro, que eu e o resto da turma apresentamos hoje". Com um tom sério, a professora pergunta ao rapaz: "Tu achas mesmo?" e ele, demonstrando uma segurança incomum em seu tom de voz, disse: "Eu acho", que soou como "tenho certeza absoluta".

Hoje, a menina e o rapaz estão formados e tornaram-se grandes pessoas.
Ou talvez nessa época eles já fossem grandes pessoas, mas ainda não soubessem disso...





Eu, Álison

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