terça-feira, 31 de julho de 2012

I. Stravinsky

Stravinsky não é apenas um grande compositor. É também o protagonista de um produto fantástico, um novo tipo de música amusical, uma rebelde, surpreendente e, por consequência, sedutora harmonia de discórdias.
Murmurava-se que ele era um deus pagão redivivo, que descera das alturas do Olimpo para dançar diante dos homens. A Rússia prostou-se-lhe aos pés para adorá-lo. As mulheres entravam em transes a sua aproximação.
Lograria Stravinsky escrever uma música suficientemente horripilante? Ele assumira os encargos de um doutor feiticeiro dos sons.
Engana-se quem espera que a música deva expressar alguma coisa. A música, verdadeiramente, não deve evocar sentimento nenhum. “Toda emoção é uma ilusão. A única propriedade da música é a sua estrutura intelectual. A música há de ser admirada e não gozada”. Sem embargo, seduzia as paixões primitivas do gênero humano.
As qualidades emocionais que faziam rebolar as cadeiras não o interessavam, pois decidira, inexoravelmente, que a música há de ser intelectual e não emocional. Compreender as paixões alheias? Sim. Mas sucumbir a elas? Positivamente não. A curiosidade desse homem era insaciável. Não o comovia de maneira alguma a beleza voluptuosa da musa. Preocupava-se muito mais em estudar-lhe as vértebras da espinha. Não era um poeta da emoção tonal, mas um cientista do colorido tonal.
O espírito americano, inventivo, deixa-se fascinar pela novidade na arte assim como na ciência. E Stravinsky é sempre novo, sempre experimental, sempre único. Sempre se poderá esperar dele o inesperado.
A sua música, como as suas palavras, podiam, por conseguinte, dar-se ao luxo de não ter sentido – um ritual arcaico para uma religião fora de moda, que teria a pomposa dignidade e a sagrada frigidez de uma consagração religiosa a um deus morto. E este homem odiava de tal forma o sentimentalismo que nos faz desconfiar que era, no íntimo, extremamente sentimental. Foi assim que surgiu o oratório, tentativa irracional de recapturar o racionalismo dos antigos pagãos. Não capturou, contudo, nada de sua beleza, mas tão somente a sua frieza de mármore.
Stravinsky está se tornando cada vez menos poeta e cada vez mais professor, sacrificando a arte à excentricidade, o coração ao espírito. A maior das músicas, acredita ele, há de seduzir o espírito e não o coração.
A atitude desses outros, todavia, não o fará desviar-se do seu caminho. Não cederá diante dos “que, em sua cegueira, não compreendem que estão pedindo que eu retroceda”.
Em outros tempos tivera ele uma visão acerca de uma boneca em uma feira. Dotada subitamente de vida, a boneca dançou durante algum tempo, compreendeu as alegrias e as tristezas da vida, e depois morreu como qualquer criatura humana. A música de Stravinsky a propósito dessa boneca era colorida, irônica e sobrecarregada de emoção. Patrushka, a boneca que sofria como um ser humano. A boneca mecânica vivera uns poucos momentos elétricos diante do aparato cintilante de um bazar, dançara e amara com intensa paixão e logo – que ironia! – morrera de um excesso de sentimento humano. Assim também a musa de Stravinsky, mecânica por natureza, tivera por uns poucos momentos um coração e derramara a música do sentimento humano. O coração, porém, morrera logo depois sufocado pelo excesso da própria emoção. E hoje, a musa de Stravinsky é, de novo, uma inteligente boneca mecânica sem coração.





Eu, Álison

domingo, 29 de julho de 2012

J. Sibelius

Manifestou-se-lhe cedo, embora não precocemente, o talento musical.
Nem bem eram decorridos dois anos quando, sem nenhum treino metódico, começou ele a expressar-se numa linguagem musical própria. Rejeitando a influência dos clássicos, entrou a formar um novo idioma, uma interpretação individual das nórdicas paisagens com a espuma dos mares, as suas florestas e as suas montanhas. De tal arte se absorvia Sibelius na música e nos sonhos que prestava pouquíssima atenção às aulas do colégio.
No refúgio do seu quarto, contudo, compunha a seu belo prazer, utilizando-se do estilo e dos métodos próprios.
“Eu não podia resistir à impressão de ser um escavador desenterrar esqueletos do passado”. Sibelius estava destinado a tornar-se um dos grandes paradoxos da música moderna.
O seu amor à natureza – ou para expressá-lo em seu sentido mais lato, o seu amor à vida – era nele uma religião. A música é apenas um dos espelhos que refletem a vida.
O compositor cometeu toda a sua vida espiritual ao julgamento da própria alma. Não se deixava influenciar pelos valores convencionais alheios, especialmente pelos dos críticos profissionais que se propunham a estimar o infinito da arte através do finito dos seus óculos.
As suas lutas era mentais e não materiais. “Dir-se-ia um pensamento nascido debaixo de um céu enfarruscado forcejando, lentamente, por alcançar regiões mais puras”.
Quando alguém proclamava, aos berros, seu amor a outrem, não faz outra coisa senão por em praça seu amor a si mesmo. Sibelius não acreditava na demonstração vulgar de emoção. A harmonia do controle é tão necessária nos tons da orquestra como nos sentimentos do coração humano.
Existe amiúde um grande abismo – diz Sibelius – entre os temas ideais que atravessam o cérebro do compositor e os sons audíveis que chegam aos ouvidos dos frequentadores de concertos em sua forma final. “Há na música, como na vida, toda a sorte de obstáculos à expressão efetiva das nossas ideias”.
Nunca foi a melancolia da vida mais sincera ou mais graficamente expressada. Ninguém mais, entretanto, teria sido capaz de entendê-la, pois trata-se de uma expressão pessoal profunda e única pertencente a um mundo próprio – um mundo que nenhuma outra composição musical pôde jamais penetrar. É a casta criação de um gênio austero e retrata a força inquieta de um destino esmagador.
Principiara a vacilar a fé que possuíam muitos homens voltados para as coisas do espírito. Sibelius já atingira em sua música as profundezas do pessimismo. Mesmo antes da guerra impressionara-o profundamente o espetáculo da desumanidade do homem em relação ao homem.
Sibelius encerrou sua série de sinfonias no número mágico – sete. E nessas sete sinfonias demonstrou uma versatilidade somente igualada por Beethoven.
Como no caso de Beethoven e Shakespeare, surpreendemo-nos a fazer a seguinte pergunta: “Pode um espírito humano abranger tamanha diversidade de pensamento?”.
“Ninguém suponha que a composição se torna mais fácil com o passar dos anos quando o compositor leva a sério sua arte. Quanto mais velho o artista, maiores as exigências que faz a si mesmo... A gente vive a topar com problemas novos”.




Eu, Álison

sábado, 28 de julho de 2012

Para outro mundo


 
Para onde você vai quando fecha os olhos?




Eu, Álison

G. Puccini

Lá se reuniam moços de talento de todas as partes da Itália. Os músicos devotavam-se às técnicas da composição e à arte do amor. E toda a gente cantava – alegre e melodioso coral em honra da deusa da alegria.
Puccini assistira à estreia e lágrimas de comoção tinham-lhe assaltado os olhos diante dos aplausos tumultuosos – lágrimas de felicidade pela boa fortuna do amigo, mas também lágrimas de dor e de inveja, pois ele ainda não obtivera distinção.
Derivava-lhe rápida, mas não profunda, a corrente do gênio. O narcótico de sua música destinava-se, todavia, a encantar o mundo.
“No dia em que eu não mais me apaixonar, poderão me encomendar o enterro”.
Puccini vivia perseguido por essa espécie, aliás, desejável, de lunatismo. O seu principal prazer, no entanto, era a solidão. A conversa dos amigos, a fumaça densa a subir para o teto e a música a sair-lhe borbulhante da ponta dos dedos – tal era a ideia que fazia da solidão, do céu na terra.
Para além do avarandado, estendia-se em lago de prata, contrastando com o firmamento noturno. E lá, ao piano, enquanto tecia os seus sonhos, a observar o lago e a floresta, sentia-se, ao mesmo tempo, criador e parte íntima de toda a criação.
“Mas é imortal, porque ama com o coração que sabe sofrer. Tocarei agora a cena da morte, que acabei de completar”. Ouvindo a música, sentiram os amigos que a comoção os subjulgava.  – Você também será imortal – observou um deles.
Puccini sorriu. – talvez.
Em sua música não havia força cósmica. Não falava a linguagem dos deuses senão a das criaturas humanas.
O destino – mestre da surpresa pondo termo ao drama da vida humana.




Eu, Álison

A Mona de Leonardo

Leonardo, depois de iniciar a pintura da Mona Lisa em Florença, levou-a para Milão. Depois Leonardo a levou para Roma. Leonardo então a levou para a França, e lá morreu, levando-a então para a eternidade.


Para saber mais, procure por "Leonardo" na opção de busca do blog que você vai encontrar mais algumas postagens que fiz sobre Ele.




Eu, Álison

Perdido em si

O psicótico, em geral, vem trazido por um familiar; se jovem, é a mãe. Não que ele não se sinta doente, isto tem de ficar bem claro. Ele não se sente é capaz de procurar ajuda sozinho, muitas vezes. Só isto. Sabe que está doente mais do que qualquer pessoa possa imaginar. Na verdade, é porque é a psicose o que leva a pessoa verdadeiramente ao sofrimento. Então o paciente chega ao consultório muito sofrido.

O trabalho é muito difícil, pois está se lidando com pessoas que têm um nível de sofrimento muito alto e a tendência delas e a nossa também é, ao sofrer, querer arrancar de si um pedaço e jogá-lo fora (o sofrimento).

"Se eu (autora) não conseguisse por minha conta um terapeuta, um amigo, bastante amigo, deveria me levar a consultar um que não tivesse medo de doenças e nem de doentes, no caso, eu. Gostaria que o terapeuta fosse um ser humano, não um poço de onipotência, que até pudesse me dizer que algumas coisas que lhe conto ele não entende, mas que fará o possível para me ajudar e me compreender. Enfim, gostaria de me tratar com uma pessoa, uma pessoa que sorrisse para mim. Gostaria que se meu terapeuta me visse na rua me cumprimentasse para que eu não achasse que estava louca ao reconhecer uma pessoa e cumprimentá-la e ter como resposta um olhar distante e desconhecedor. Eu gostaria que meu terapeuta gostasse da minha doença, pois dela emergirá minha saúde. O delirante capta algo que não está bem mesmo e mistura com uma porção de impressões emocionais suas, por isso algumas ideias delirantes de pacientes psicóticos nos parecem tão absurdas".





Eu, Álison

sexta-feira, 27 de julho de 2012

C. A. Debussy

Era aos sete anos em sujeitinho reservado, quieto, meditativo, que nunca brincava com as outras crianças.
Rico material para a construção de novos edifícios de música. Torres enfeitadas de arabescos de desenho delicado. Palácios encantados de sons sem precedentes.
“Quem são, afinal, esses juízes? Que sabem a respeito de arte? Terão, acaso, a certeza de serem eles próprios artistas? De onde deriva, então, o seu direito de conduzir a barca misteriosa do gênio?”.
Debussy exultou. “Graças a Deus”, disse ele, “consegui, finalmente, escrever alguma coisa original!”. Irrequieto, andava de um lado para o outro no quarto enquanto compunha, um toco de cigarro na boca, música rebelde no coração. Ele revolucionaria o mundo dos sons.
Pouco se lhe dava a opinião pública. “Umas poucas pessoas apreciarão as minhas obras. E quanto ao resto, não me importa o que possam pensar”.
Porfiava sempre em arrancar-lhe cadência nova, a estranha sequência de cores, a combinação sutil de sons, os ecos de vozes encantadas vindas de mundos desconhecidos.
Aborrecia a necessidade de roubar tantas horas às realidades dos seus sonhos para dedicar às inanidades da existência. Os seus pensamentos, como seus hábitos, eram irregulares.
Os seus verdadeiros prazeres, no entanto, tinha-os nos sábados à noite, quando os velhos e queridos amigos se reuniam em sua casa.
Tornara-se perito no sutil matizar das palavras, assim como era perito na matização sutil dos sons.
O seu desprezo aos outros, entretanto, era contrabalanceado pela sua modéstia em relação a si mesmo. Raramente falava da própria música. Nunca se considerou um grande homem.
Não tenho feito outra coisa senão realizar experimentos a fim de satisfazer o meu gosto pelo inexpressível. Em lugar disso, uma encantadora corrente de música que transporta os corações de alguns poucos iniciados para aquelas “mágicas janelas encantadas, que se abrem na espuma de mares perigosos, em perdidos recantos de fadas”.
Crianças refugiadas, perdidas no inferno do campo de batalha. Nada veem à volta de si senão o frio, a fome, o medo e a incerteza do futuro.
“O artista na civilização moderna”, dizia, “será sempre uma criatura cuja utilidade só há de ser reconhecida após a sua morte”. Desdenhava o materialismo do mundo. Evitava a companhia dos homens de negócios, da maioria dos homens.
Mas o seu tempo de amar, e de viver também, chegara quase ao fim. Atacado de câncer, os últimos anos de sua vida foram anos de tortura. De princípio, buscou esconder dos amigos a enfermidade. Por que aborrecê-los com as suas preocupações? Não tinham eles, acaso, preocupações próprias?
Proféticas palavras!




Eu, Álison

Sem dizer



Fazer um favor a uma pessoa sem que ela saiba é a maior benção que você pode dar a alguém.





Eu, Álison

Mas é complicado reunir todo mundo

Cada vez mais complicado...






Eu, Álison

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Quando você lê um livro sobre psicose

Você descobre que nenhum dos problemas que você tem é grave. Nenhum.

"Como sabemos, o paciente psicótico pode de repente se sentir absolutamente sozinho no mundo e num grau de desespero tal, um medo de ser aniquilado tão grande que nós, que não nos suicidamos nem podemos imaginar que pode surgir um impulso suicida dos muitos que tem e se suicida. Isto ocorre mais fácil se além de solidão de dentro ele efetivamente estiver sozinho diante de uma janela do décimo andar ou com um revólver".

[...] "Quer então com o suicídio se desfazer de um lado mau de que se sente possuído de vez em quando que o obriga a destruir e depois o deixa cheio de penas".

"Eu acredito que o paciente percebe consciente ou inconscientemente que sua angústia está aumentando e que num determinado momento está tão intolerável que pode levá-lo à loucura. Creio que tem a percepção inconsciente que de fato pode enlouquecer e teme que isso se externalize de maneira tão assustadora para ele que não poderá suportar."

Veja também Psicose



Eu, Álison

N. A. Rimsky-Korsakov

O seu caráter, como sua música, tinha mais a perfeição da ciência que da paixão da arte.
De vez em quando, no entanto, “por brincadeira”, e movido de uma curiosidade científica por separar as coisas e tornar a ligá-las, “compunha música e reunia notas”.
“Obedeciam-no cegamente, pois o fascínio da sua personalidade era tremendo”.
“Vocês devem mergulhar, intrépidos, no oceano da composição”, dizia ele, “e aprender a afundar ou a nadar. Se tiverem talento para nadar, tanto melhor para vocês. Se forem infelizes a afundarem, tanto melhor para o mundo”.
Ele cessara de acreditar num Deus que permitia tamanhos males debaixo do sol. Buscava, porém, encontrar consolo na música. Como fossem desatendíveis as suas obrigações a bordo, sobejava-lhe tempo para consagrar-se a música – e ao estudo da astronomia. O oceano é um magnífico ponto de observação para se contemplar o esplendor do firmamento.
“O azul escuro do céu durante o dia era, à noite, substituído por fantástica fosforescência. À medida que navegávamos para o sul, tornava-se o crepúsculo cada vez mais curto e as estrelas e os planetas rompiam sobre nós com súbito esplendor. Que refulgência na Via Láctea, com a constelação do Cruzeiro do Sul. Que magnificência de Canopus, nas estrelas do Centauro, no vermelho ardente e brilhante de Antares, visível na Rússia como pálida estrela nas noites claras de verão! Sirius, que na Rússia se vislumbra nas noites invernosas, parecia aqui duas vezes maior e mais brilhante. Logo se tornaram visíveis todas as estrelas de ambos os hemisférios. A Ursa Maior via-se baixa, justamente acima do horizonte, ao passo que o Cruzeiro do Sul se elevava cada vez mais. A luz da lua cheia, submergindo entre as nuvens amontoadas e delas emergindo, era simplesmente ofuscante. Maravilhoso é o oceano tropical com sua cor azul e seu brilho fosforescente; maravilhosas são as nuvens tropicais ao pôr do sol; mas o firmamento tropical, à noite, sobre o oceano é a coisa mais maravilhosa do mundo”.
Sentiam os amigos que nele havia um grande gênio mal aproveitado, e em certos momentos expressavam a cínica esperança de que lhe ocorresse alguma coisa que lhe permitisse ter tempo suficiente à sua composição.
Nalgumas poucas ocasiões apenas lograram as realidades amargas da vida interromper-lhe os sonhos deliciosos da fantasia.
Tudo isso, no entanto, nada trouxe senão enleio para o pequeno conservador que sonhava os seus sonhos encantados. Foi-lhe restituído o cargo de professor e ele pôde, mais uma vez, deslizar para a serenidade dos sonhos depois do mergulho repentino e atemorizador no pesadelo da realidade.
E assim, a sonhar, escreveu mais uma ópera encantada, e recolheu-se depois ao sono sem sonhos.





Eu, Álison

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Sou apenas um espelho

Um espelho que reflete a luz dos que me rodeiam. E é essa luz que me aquece até que eu encontre minha própria luz, e assim, talvez nesse dia, eu também possa aquecer alguém...





Eu, Álison

P. I. Tchaikovsky - Continuação

Convidou Tchaikovsky a visitá-la em sua ausência, a examinar os seus livros e a considerar os seus quadros, de sorte que, ao voltar, sentisse ela a atmosfera impregnada da personalidade dele.
Tchaikovsky, porém, que era a alma mais delicada da terra, sabia defender com firmeza os seus direitos. “Perdoe-me, querida amiga, e ria-se da minha esquisitice. As nossas relações, no pé em que estão, constituem a minha maior felicidade e a rocha sobre a qual repousa todo o meu bem estar. Não desejo fazer-lhe a menor alteração”.
Durante quarenta e oito horas “bebeu ela toda a magnífica beleza da melodia, recusando-se a comer ou a beber”.
Possuía-o, de vez em quando, uma fúria quase assassina. “Já sei”, escreveu ele sinistramente, “como um homem, não sendo mau por natureza, pode converter-se num criminoso!”. Voltaram-lhe as antigas crises de nervos – a insônia, a perda de peso, as cãibras cardíacas, os pesadelos.
A ideia de que não valho nada, de que somente o meu trabalho musical me redime dos meus defeitos principia a oprimir-me e torturar-me. A única maneira de subtrair-me a essas dúvidas atormentadoras e a essas autoflagelações consiste em encetar novo labor. Só o meu trabalho pode salvar-me.
“As palavras são inúteis para descrever a emoção que me avassala quando concebo uma nova ideia e esta principia a tomar forma definida”.
Tchaikovsky, porém, confessou ingenuamente que tinha medo aos outros. “Durante toda a minha vida os contatos sociais me fizeram sofrer”. Não sabia definir com exatidão o que havia nos outros que tanta angústia lhe causava, mas o caso é que a sociedade o atormentava. Confessava saber quanto lhe minguara as oportunidades de êxito essa timidez. Mas desistira da luta. “De fato, agora que posso esconder-me em minha toca e ser sempre eu mesmo, visto que os livros e a notação musical são hoje meus únicos companheiros, sinto-me perfeitamente feliz”.
É a única pessoa no mundo que me pode fazer profundamente feliz. E expressou o desejo de toda a sua alma de que jamais se alterasse, jamais terminasse o que quer que inspirasse o seu afeto por ele, “porque uma perda dessa ordem seria, para mim, insuportável”.
Terminava a carta com umas poucas palavras casuais, totalmente destituídas de calor: “Não esqueça, e pense em mim de vez em quando”. O tom dessa carta petrificou-o. “Poderei, porventura, esquecer tudo o que você fez por mim, tudo o que sua amizade significou para mim e para minha música?”
“Estou perturbado demais para escrever com clareza”.
“Isso, porém, aconteceu e toda a minha confiança nas pessoas, toda a minha fé no mundo se extinguiram. Foi-se-me a paz e toda e qualquer felicidade que o destino possa haver-me reservado está empeçonhada para sempre”. Esta última carta nunca teve resposta.
Alguma força irresistível tomara conta dele... Uma ansiedade profunda e inexplicável, um desespero que pedia o esquecimento às distrações, onde quer que fosse...
Tão lindas eram as suas melodias que lhe haviam arrancado lágrimas dos olhos. A Sinfonia Patética foi a última coisa que ele escreveu. Era o testamento em que legava ao mundo a chama do seu gênio e a beleza da sua cor.
Durante quatro dias agonizou e, no quinto, encontrou o repouso. Fim estranho de uma estranha existência. Um gênio a quem o Destino havia dado os sons de um deus e a quem negara as energias de um homem. Quais teriam sido os verdadeiros pensamentos de tão triste e incongruente personalidade?




Eu, Álison

terça-feira, 24 de julho de 2012

Mas eu tenho que ir






Eu, Álison

Acha mesmo que curaram você?



Tinha tanto sangue lá, não tinha Anna... ?





Eu, Álison

Há quem já tenha morrido







Eu, Álison

Até o Uchiha



Quanto até os grandes choram


É porque algo está errado.




Eu, Álison

Psicose

Eu creio que um paciente que está alucinando ou delirando necessita muito dessas produções para sentir-se, desta maneira, ligado à vida. A ligação é errada, torta, mas o mantém de certa forma ligado à realidade e à vida. Fora disso o medo iria aumentar e sobreviria algo pior, que é descrito por alguns pacientes em pânico, como o "medo de enlouquecer". Creio que este medo seja a destruição interna, a morte.





Eu, Álison

Remissão

Quando cometemos um erro e, em consequência disso, a nossa consciência nos acusa, e se essa acusação produz um sincero arrependimento seguido da devida regeneração, a imagem desse ato errôneo gradualmente se desvanece do registro da nossa vida: assim, quando morrermos, ele não estará mais ali para nos acusar.


Estou indo.



Eu, Álison

segunda-feira, 23 de julho de 2012

P. I. Tchaikovsky

Não se lhe detinham os olhos nas mulheres nem os ouvidos ouviam ternos murmúrios de amor. Dizia-se que ele tinha medo ao amor, à amizade, a todo e qualquer contato humano. Ele era só porque era grande, como uma estátua colocada sobre um pedestal, que pudesse olhar por cima das cabeças da multidão, mas não pudesse descer para sentir o contato de uma mão humana. Pode uma estátua inspirar veneração, mas não pode exigir amor.
Algo melancólico é verdade, mas a própria melancolia lhe quadrava ao melancólico temperamento.
Ao sabor das ondas, no mar dos sons, sem encontrar à vista a seguridade de um porto.
Tchaikovsky, não raro, sentia possuí-lo uma sensação esquisita quando caminhava pelas ruas ou regia no Conservatório. Dir-se-ia que a cabeça estivesse prestes a cair-lhe dos ombros. Era um caso mau de nervos. Cãibras cardíacas, dores de cabeça e crises de indigestão.
No Conservatório, era tido por um enigma. Não obstante, mostrava-se sempre um gentil homem, embora frio, aristocrático e distante. Contudo, continuava a ser, como sempre, infeliz. Dizia-se mal dele, que era esquisito, que era incapaz de amar normalmente uma mulher.
Far-lhe-ia bem o casamento se lograsse encontrar a mulher que lhe conviesse. E enquanto Tchaikovsky se entretinha em procurar essa mulher, a mulher o encontrou. Era uma criaturinha moça, atraente, histérica e agressiva. Peter cedera, unicamente por fraqueza, avisando-a de que a não poderia amar, de que era pobre, insociável, irritável por natureza e intratável. Casaram-se e, por um momento, Tchaikovsky foi feliz.
“Sem embargo, olho para tudo isso com a mais profunda repugnância”. O grito medonho continuava a espancar-lhe o ouvido interior: “Sou um anormal!”. Precipitou-se para fora do apartamento e pôs-se a correr cegamente pelas ruas escuras da cidade. Quando deu por si estava à beira do rio Moscóvia. Penetrou as águas geladas, até a cintura, e retornou depois, cambaleante, a casa, anelando por apanhar uma pneumonia e morrer. “Ele acaba de passar por uma tensão muito grande. Qualquer coisa o abalou terrivelmente”. Mandaram-no para um sanatório. “Com a ajuda de Deus você recobrará a saúde... A música volverá a interessá-lo e a encher a sua vida”.
Mas Peter é que a havia escrito e, portanto, não podia ser senão uma melodia vinda de Deus.
Quando um homem põe toda a alma num trabalho espera que sejam reconhecidos os seus esforços. ”Não há nela uma única frase que eu não tenha sentido profundamente: todas as suas notas são outros tantos ecos da parte mais sincera da minha natureza”.
À medida que o nosso desespero se torna cada vez mais forte, buscamos fugir à realidade e mergulhamos na ilusão dos sonhos... A pouco e pouco os nossos sonhos senhoreiam-se da alma. A vida de Tchaikovsky era uma alternância de fantasia e realidade, de ventura e angústia. Estados exultantes de espírito quando compunha a sua música, ideias de suicídio quando obrigado a enfrentar o mundo.
Não há de o homem, contudo, enrodilhar-se para sempre aos próprios sofrimentos. Momentos há em que é bom fugirmos de nós mesmos, esquecermos as tristezas passadas e as esperanças futuras, e vogarmos, impessoalmente, fora do tempo e do espaço, sentindo, em vez de emoções definidas, uma sucessão de caprichos arabescos, essas imagens intangíveis que nos perpassam no espírito.
"Se não podes encontrar alegria dentro em ti mesmo, procura-a nos outros”. Vê – vê como ele sabe aproveitar, da melhor maneira possível, seu tempo. Se o prazer não é dado a Tchaikovsky, fuja ele aos sombrios pensamentos e observe como os outros se entregam ao prazer. “Vê como são alegres os demais! E quanta ventura existe em ser-se guiado por sentimentos tão simples”. A gente só pode sobrepujar a tristeza do próprio destino, regozijando-se das alheias alegrias.





Eu, Álison

J. Brahms - Continuação

Via com presteza as próprias deficiências e, com a mesmo presteza, as deficiências alheias.
Ao sair de uma sala numa de suas noites mais sarcásticas, inclinou-se, irônico, e disse: “Se há alguém nesta sala que esqueci de insultar, peço-lhe que me perdoe a inadvertência”. A grosseria, contudo, era nele, como vimos, o reverso apenas do sentimentalismo. A sua música, como o seu temperamento, ocultavam uma alma terna dentro de um corpo de granito.
Brahms era um estudo de contrastes. E desses contrastes o maior, porventura, era o que existia entre o desalinho da aparência e a precisão do espírito. Parecia, exteriormente, levar uma vida desordenada. Interiormente a sua existência era uma unidade perfeita. Reconhecendo com absoluta segurança os verdadeiros valores, extremava-se como uma pessoa negligentemente perfeita em sua arte e perfeitamente negligente em seus hábitos pessoais. Sua preguiça física era unicamente consequência de sua intensa vida mental.
Ele percebia os próprios erros e desvelava-se por corrigi-los. A meticulosidade transformou-se nele numa quase mania.
Um estudo de contraste – triste enigma humano.
Próximo ao coração trazia também o mais estranho dos seus filhos – um sujeito mal humorado, tempestuoso e gigantesco. E havia ainda a encantadora donzela.
A sua saúde de ferro estava fraquejando. Não obstante, baqueou-lhe o corpo sem aviso prévio. Disseram os médicos que sua doença era um câncer, e antes que ele pudesse volver em si da surpresa, tudo se acabou.
“Eu não havia sequer começado a expressar-me”, lastimou-se ele em seu leito de morte. Mas ele, talvez, tenha levado consigo, para um público novo e maior, a música que não deixara escrita.




Eu, Álison

domingo, 22 de julho de 2012

Tudo estava em silêncio

Nada alterava essa quietude. A escuridão me rodeava. Parecia que eu estava envolto por uma densa neblina, além da qual o meu olhar não penetrava. Logo mais percebi um fraco resplendor de luz que lentamente se aproximou de mim e, então, para minha surpresa e alegria, distingui a face daquela que fora a minha estrela guia nos primeiros dias da minha vida terrena.





Eu, Álison

É como se fossem

Eu não consigo expressar isso direito, mas eu posso ver bem de perto. 
É como se eles fossem amigos.





Eu, Álison

J. Brahms

Os fados escolhem, não raro, incôngruos sítios de nascimento e pais estranhos para o gênio.
A história misteriosa do impulso humano para a expressão divina principiou, no caso de Johannes, em idade precoce. Johannes principiou a estudar piano e foi logo saudado como uma espécie de criança prodígio.
Dir-se-ia que a sua alma delicada viria a sufocar-se naquele ambiente. Ele, porém, desafiou o destino. E depois, improvisamente, no espaço de uns poucos meses, penetrou as regiões do gênio reconhecido.
Joaquim ouviu a música e reconheceu, incontinenti, estar em presença do gênio.
Aquilo era um desafio ao seu gênio.
Clara Schumann era uma mulher nobre, bela e prendada na idade em que as mulheres são mais capazes de influir nas almas de jovens suscetíveis. E Brahms era extremamente suscetível.
E, como se o diabo quisesse meter o bedelho na história, Schumann foi acometido de uma enfermidade nervosa e internado em um hospício, do qual nunca mais saiu vivo. O grande espírito, curvado debaixo do peso do gênio e da decepção, nunca pode, senão em raros intervalos, encontrar o caminho que o fizesse sair do nevoeiro.
“Estou descobrindo um sentido de beleza, não acha?”, perguntou-lhe ele, um belo dia. “Quando a gente vê uma mulher bonita durante muito tempo, uma mulher que é, ao mesmo tempo, graciosa, terna e pura, não pode deixar de sentir-se inspirado diante do espetáculo”.
E o jovem, cheio de tristeza diante das ruínas do que fora, outrora, seu amigo, sentia que lhe passava pela cabeça amarga e tempestuosa torrente de melodia.
Aos olhos do jovem Johannes convertera-se numa deusa, que lhe ensinava, todos os dias, a extasiar-se diante na natureza do verdadeiro amor e que lhe mostrava, a todos os momentos, a beleza da abnegação. Os elementos da sua paixão precipitaram-se num ímpeto vesano.
O Décimo Primeiro Mandamento: Subjulga a tua paixão. “A paixão não é natural na humanidade; é sempre uma exceção, uma excrescência”. “Sê calmo na alegria; sê calmo na aflição”.
Continuaram amigos íntimos e ternos e silenciosos guardiães das suas recordações.
Sê calmo na paixão. Elimina-a! Toda vez que chegava a ponto de perder o coração, adicionava-se uma nova passagem imortal ao rol de suas músicas. Os psicólogos modernos chamarão a isso sublimação. Brahms chamava-lhe a tradução da emoção em canto.
Ele atingira então o domínio completo da sua arte.
E como se quisesse acrescentar um novo símbolo ao seu caráter de eremita, deixou crescer a barba que, com o tempo, se tornou branca e majestosa.
Mesmo enquanto jovem, antes de se lhe confinarem os hábitos de solteirão, demonstrara o mesmo relaxamento no tocante à aparência física.
Raramente, porém, aparecia em publico.
Lá chegando, não encontrava uma cadeira sequer para sentar, pois estavam todas cobertas de livros e folhas de música.
E sonhava sonhos que não haviam sido permitidos a mais ninguém desde o tempo de Beethoven.
Nas fórmulas matemáticas de Bach, librara-se a beleza à espera do filosofo que, libertando-a, lhe permitisse subir aos céus. Os músicos cientistas haviam edificado maciços mausoléus de granito sem janelas, e os músicos poetas tinham construído janelas frágeis de vidro coloridos, mas sem armação sólida que as sustentasse. Foram precisos os filósofos da música, homens como Beethoven e Brahms, a fim de erguer casas para os vivos e não para os mortos – mansões ao mesmo tempo sólidas e cheias de ar, de vitalidade e de imorredoura beleza.




Eu, Álison

sábado, 21 de julho de 2012

Fields of Despair

Você consegue sentir a dor dentro da sua mente às vezes?
Na terra da solidão os mares de sangue correm calmos
Está o sentimento perdido dentro dos pecados de toda humanidade?

Agora enfrentamos o dia do julgamento, nossas almas sentirão a dor
Ouça os gritos do meu mundo através da chuva

Silenciosos campos do desespero
Minhas lágrimas na chuva
Dor no meu coração sangrando até o fim
Um dia nós voltaremos para um momento no tempo
Incessantemente procurando por você...

Quem pode curar meu vazio interior desta vez?
Sofrendo de solidão, meus sonhos e esperanças morrerão
Sem mais sentimento nenhum por dentro, não posso esconder meu coração enegrecido
Vez após vez, nossas almas divididas, nós choramos

Agora nos viramos para enfrentar nosso medo, não há mais nada a dizer
Ainda seus sonhos e meus pesadelos permanecem






Eu, Álison

Já não dependo tanto da distância



Tenho as pessoas importantes mentalmente presentes em mim.





Eu, Álison

Bela vida a minha


 
Eu tento fazer por merecer, mas acho que recebo mais do que mereço na minha vida.





Eu, Álison

Sempre lá

Sempre haverá uma pessoa que não fala. Que está sempre quieto e que pouco se ouve. Alguém que senta no canto e que olha a todos. Alguém que não se envolve na conversa, mas que sabe de tudo que está acontecendo. Alguém que você não vê, mas que, com certeza, está te vendo. Alguém que você não conhece, nem mesmo desconfia.
Esse alguém estará sempre lá, e como de costume, ninguém vai notá-lo, mas algum dia você vai precisar de ajuda e vai ser ele que vai te ajudar.





Eu, Álison

Em outra vida

Existe uma explicação muito interessante para o fato de algumas pessoas terem laços muito fortes ou por se relacionarem muito bem com certas pessoas. Vou usar o exemplo da amizade, mas serve para qualquer laço afetivo.
Segundo a doutrina espírita, nós não temos somente uma vida, mas várias, que são intercaladas por períodos que normalmente chamamos de morte. A cada encarnação vivemos uma vida diferente e nosso objetivo é o progresso espiritual. Segundo os espíritas, a explicação pela qual temos laços tão estáveis com nossos amigos é que em outras vidas nós já éramos pessoas próximas, talvez irmãos ou colegas, então, mesmo que elas tenham morrido, isso ficou gravado em seu interior de um jeito que nem mesmo a passagem para a outra vida pode apagar.
Assim, nessa vida estamos predispostos a nos dar bem com determinadas pessoas porque elas já foram, em outra vida, muito próximas a nós.

Eu não sou espírita, mas acho uma explicação muito convincente.




Eu, Álison

Eu quero jogar

As regras do jogo são simples, mas a consequência ao quebrá-las é grande:


a Morte.
Você acha que consegue? Consegui seguir as regras e conceder a alguém o dom da vida?




Eu, Álison

C. F. Gounod

Ele não era um mau menino, mas não cuidava das lições. Escrevinhava música em todos os cantos dos livros de latim. Cantarolava trechos de óperas quando o professor procurava explicar um problema de aritmética.
Havia o que quer que fosse de místico na atmosfera romana e isso tocou, dentro dele, uma corda sensível, pois havia também em sua alma profunda tendência para o misticismo.
Além do seu amor à música, adquirira Gounod outra paixão – a paixão da pintura.
“Ainda imaturo, mas possuído de entusiasmo romântico e apaixonado...”.
Desalentado pelo fracasso no teatro, escreveu duas sinfonias e tornou a mergulhar no misticismo.
Havia de ser um tema mundano que tivesse, ao mesmo tempo, fundo religioso – história de paixão e compaixão, poema épico de pecado, sofrimento e redenção, debuxo panorâmico da miséria da Terra, do castigo do Inferno, da glória do céu.
Duas das mais preciosas joias do fulgurante colar dessa música.
E cada manhã, ao despontar do sol, viam os camponeses o estranho misterioso a caminhar pela margem do rio, um homem de meia idade, a barba grisalha, trazendo, nos olhos, uma expressão distante. Voltava sempre dos passeios com ramos de flores nas mãos e grinaldas de música na cabeça.
Sempre que ele tocava para ela, rompia Georgina numa tempestade de lágrimas, chamando-lhe o seu mestre, a sua inspiração, o seu deus.
Esmagado por esse golpe, recolheu-se de novo o compositor ao seu misticismo. E, desta feita, permaneceu místico até o fim.
Antes de morrer, encetou novo trabalho religioso, um Réquiem. Nunca, porém o terminou. Uma tarde, no outono de 1893, ao sentar-se para trabalhar, caiu-lhe a cabeça sobre a mesa. “Psiu”, disse a esposa aos demais membros da família, “não o perturbemos. Ele está dormindo...”.
“A morte”, dissera ele, “é o princípio da vida”.




Eu, Álison

sexta-feira, 20 de julho de 2012

O Anjo, o Gigante e a Joia

Hoje é um dia diferente. Um dia que simboliza a sorte que eu tenho. Hoje é Dia do Amigo. Já desisti há muito tempo de tentar entender essas pessoas (Antes eu tentava entender algumas coisas). Apenas tento aproveitar ao máximo tudo o que vem delas.
Agradeço sinceramente por tudo que aprendi, por todos os momentos que passamos reunidos, por todas as vezes que rimos sem parar, pela companhia nos momentos difíceis e mais ainda nos momentos bons. Agradeço simplesmente pela presença de vocês, por vocês existirem e por tê-los perto de mim. Como disse em Não há como descrever pessoas assim, minhas palavras não são o suficiente para demonstrar tudo o que representam meus amigos, e por mais que eu aprimore minha habilidade de escrever, nunca conseguirei expressar tudo o que recebo deles. Afinal, o importante é o que se sente, mesmo que você não saiba explicar o que está sentindo, mesmo que isso seja mais forte que você.

Eu não tenho muito a dizer, mas tenho uma dívida impagável e muito a agradecer a essas pessoas. Que você tenha a mesma sorte que eu tive em sua vida e que encontre pessoas com as quais se identifique e admire. Que essas pessoas tenham qualidades que você preza e que cada vez que você encontrar uma delas, você se torne uma pessoa mais completa e um ser mais feliz.

 Quanto aos Meus... Vocês sabem onde moram.
Com pessoas assim, você se torna grande, você se torna forte.









Eu, Álison

O Circo do Sol

Começa a chuva de balões. Surgem várias fadas. Há música e pessoas sorrindo. Eu vi uma faísca da vida brilhando.





Eu, Álison

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Enquanto as pessoas normais

Brincam contando piadas, eu brinco dizendo que vou me matar. Bem certo que eu sou...






Eu, Álison

Will go on for all of eternity

Maravilha sem par essa mocinha que encontrei
Com seu gênio tirou-me de minha cruz
Com seus olhos cobriu-me com sua luz
E levou-me para seu céu
Num barco de papel, que seguia o vento ao léu
 
Minha alma e meu espírito vão prosseguir.
Tudo é sublime, tudo é divino.
Um poço de bondade sem igual
Um poço de virtudes sem par
O que posso fazer agora
A não ser me admirar?





Eu, Álison

Eu estava confuso e perturbado

Mas não totalmente louco.


Parcialmente talvez...




Eu, Álison

Today you'll be with me

In the Paradise.

 
Then I heard words of grace and truth
Piercing through my soul
As a man
Condemned to die

But please remember me
In your kingdom




Eu, Álison

Que seja à caneta

Que nossa história seja escrita à caneta.
Para que nenhum espírito mesquinho possa apagá-la.
Para que o Tempo não consuma o brilho dos momentos.
Para que o futuro não reduza a grandeza das pessoas, e para que elas, em um incerto amanhã, possam ler suas frases com um sorriso tranquilo.
Que as letras definam o essencial e destaquem o sublime.
Que ela seja redigida com calma e sensatez, para que não tomemos as decisões equivocadas.
Que ela seja cheia de ironias, metáforas e alegrias.
Que ela contenha frases diretas e claras, mas que nela também haja versos pressupostos.
Que nenhuma das folhas seja escrita pela metade e que todas as páginas possam trazer um detalhe que desperte algo que está adormecido dentro de cada um.
Que ela seja cheia de pontos.
Pontos de interrogação que despertem a curiosidade.
Pontos de exclamação que expressem a surpresa.
Que ela tenha vírgulas e reticências que a torne mais atraente.
Que cada nova linha simbolize um sonho que o destino tornou real; e que haja muitas novas linhas.
Que comecemos nossa história com uma letra maiúscula no momento que nascemos e que por sorte, o ideal se realize, e que coloquemos um ponto final somente quando morrermos, jamais antes, para que possamos viver plenamente tudo o que há.
E para o que não há ao nosso redor, nós possamos fazer haver dentro de nós.
E para o que não há nem mesmo dentro de nós, possamos encontrar alguém que nos conceda o dom de fazer haver o invisível aos olhos.
Porque talvez você mude. Talvez você seja diferente. E talvez seu ponto final não seja, no fim das contas... O fim.





Eu, Álison

G. Verdi

Essa existência de trabalhos sem folguedos converteu-o num rapaz melancólico, se bem não o tornasse apagado. Desde a mais tenra infância nunca soube o que fosse estar livre de preocupações.
Nessa ocasião, entretanto, Verdi não estava disposto a pensar em música “engraçada”, pois as desventuras tinham principiado a acumular-se-lhe sobre a cabeça.
“Isto”, escreveu Verdi alguns anos depois, “foi apenas o principio das minhas aflições. Em abril (1840) o meu filhinho adoeceu; e antes que os médicos acertassem diagnosticar a enfermidade, morreu nos braços da mãe desconsolada. Como se isto não bastasse, minha filhinha adoeceu também alguns dias depois e, por seu turno, também morreu. E como se isto ainda não fosse suficiente, a minha pobre mulher foi tomada de violenta inflamação do cérebro e, no dia 3 de junho, um terceiro caixão deixou a minha casa... E no meio de todas essas angústias terríveis eu tinha de escrever uma ópera cômica!”.
Em virtude “do castigo dos deuses e da crueldade dos seus semelhantes”, Verdi viu-se tentado, durante algum tempo, a entregar-se ao desespero. “Eu estava só, completamente só!...”.
“Voa, esperança minha, sobre asas de outro”.
“Não creio que o senhor a tivesse escrito se houvesse seguido os ditames do coração. Mas o senhor vive entre pessoas que padecem do hábito de espreitar o que fazem os vizinhos e de condenar toda e qualquer ação que não se lhe ajuste aos padrões de proceder. Tenho por hábito não interferir na vida dos outros, mas espero que os outros não interfiram na minha...”.
Diferiam particularmente nos pontos de vista sobre religião. Giuseppina era católica devota, e Verdi, agnóstico. Ambos, porém, cressem ou não, possuíam a graça divida da tolerância.
Há algumas naturezas virtuosas para as quais a fé em Deus é necessária; outras, igualmente perfeitas, são mais felizes não acreditando em nada.
E Verdi, assim como Giuseppina, compreendiam que a união perfeita consistia na harmoniosa combinação dos dois caracteres opostos. Não, opostos não, suplementares.
“Verdi”, refere Giuseppina à amiga, “virou arquiteto...”.
Não era Verdi um sonhador cujo espírito vogasse acima das realidades da vida.
Verdi foi um desses raríssimos seres humanos – um gênio supremo que conseguiu, em vida, tornar-se um homem extraordinariamente rico.
Surgira-lhe na música uma nota nova – nota de piedade pelos sofrimentos dos seus semelhantes. Abrandara-se a rebelião em tristeza e a dor substituíra a esperança. A vida, quando muito, era patética – um ansiar pelas estrelas e um revolver-se no pó. Todo drama humano, seja qual for o seu curso, há de chegar a um fim trágico.
Aïda é a demonstração prática do credo de Verdi segundo o qual a música não deve apenas acompanhar a par e passo as palavras, senão, penetrando-as, atingir as sutilezas do pensamento que reside atrás delas. O espírito feito carne, a alma da música insuflada no corpo da poesia.
Nunca até então fora o gênio de Verdi desafiado por libretos de técnica tão magistral e tão viva inspiração. E ele se mostrou a altura do desafio. Mantivera-se sempre afastado dos outros – temeroso das suas crueldades e indiferente ao seu aplauso. O mundo deixava-o para trás e atirava-se para frente sem ele.
Assim se despediu Verdi do mundo. “Perdi muitas das pessoas que eu amava, e o pesar resistiu à resignação. Até agora, no entanto, nunca senti tamanho ódio à morte e tanto desprezo pela sua força misteriosa, cega, estúpida, triunfante e infame”.
Um amigo perguntou-lhe certa vez, qual dentre as suas obras julgava a melhor. E foi a seguinte a resposta de Verdi: “Minha melhor obra foi a dotação que fiz a uma casa para músicos pobres, em Milão”.




Eu, Álison

quarta-feira, 18 de julho de 2012

W. R. Wagner

Desde a mais tenra infância, manifestou ilimitada confiança em si mesmo, absoluto desdém aos outros e espantoso talento para a poesia e para a música.
Sem bem fosse, musicalmente, um autodidata, tinha absoluta certeza da sua habilidade em assombrar e conquistar o mundo.
Infelizes são os que o destino liga à roda impetuosa do gênio.
Wagner oferecia beleza ao mundo e esse recompensava-o com desdém.
Carregassem os outros a coroa de espinhos para que eu pudesse receber a recompensa da glória.
Um homem com a sua excitabilidade interior, dizia, necessitava de “assistência mental” – almas irmãs que lhe compreendessem a música e que lhe pudessem inspirar os “mais supremos esforços”. Pode ser que, sob o aspecto artístico, fosse justificável a crueldade dessa atitude. É possível que ele precisasse desse néctar de paixão para alimentar as suas ardentias criadoras.
Música significa para o mundo; frias consolações para as vítimas dessa gloriosa música.
“Sou diferente dos outros homens”, dizia. “O mundo deve dar-me o que preciso”.
A moeda de ouro do meu cérebro em troca do vil metal dos bolsos deles.
Em todas as suas disputas – e estas não lhe faltavam – estava Wagner convencido de que estava absolutamente certo e todos os demais absolutamente errados.
Wagner acreditava – e tinha o direito de acreditar – que viera ao mundo para fabricar músicas sublimes. O sofrimento, a pobreza, as enfermidades – nada conseguia desviá-lo da tarefa que se impusera.
O passo seguinte havia de ser “a música fertilizada pela poesia”. “As palavras só”, asseverava, “não logram expressar a espécie mais alta de poesia. As palavras são as raízes, e a música, a flor”.
À semelhança do que ocorre nos quadros de Leonardo, as personagens humanas de Wagner constituem tão somente parte da intrincada trama natural que ele coloca na tela do seu teatro. Nesse particular seguiram, ao mesmo tempo, Leonardo e Wagner a técnica do Grande Artista Músico, visto que no drama musical do universo a vida do homem representa apenas uma nota.
O espírito de Wagner, no entanto, continuou irrequieto como sempre.
De quando em quando empanavam o brilho dos seus últimos dias a sobrançaria de sua cólera jupiteriana e o trovão de sua controvérsia.
Era uma criatura surpreendente – um homem dotado de tão imenso gênio e de não pequena insânia.
Wagner não pensa, por um minuto sequer, em ninguém, a não ser em si mesmo.
Quando excitado, saiam-lhe as palavras aos gritos; os seus discursos satirizavam ao acaso. Semelhava, nessas ocasiões, alguma força elementar desencadeada... A menor contradiçãozinha provocava nele fúria incrível.
Aproximavam-se dele, um por um, depositavam os corações diante do relicário do seu gênio e depois se afastavam, silenciosos. Nos últimos dias de sua vida ele se viu praticamente só.
Mas quando caiu morto, uma personalidade única deixou o mundo – uma criança travessa que aprendera a conversar com os deuses.




Eu, Álison

terça-feira, 17 de julho de 2012

Eu que agradeço

Uma forma de reconhecimento que ninguém dá valor é "Obrigado".  

  
E cada um tem seu jeito de dizer.




Eu, Álison

Sempre que acordava no meio da noite

Assustado com o escuro, sentindo como se a casa estivesse de cabeça para baixo... E que se não me amarrasse no colchão, cairia do céu. Queria correr até você, para que me dissesse que estava a salvo... Que estava tudo bem... Mas sempre sentia mais medo de você do que da queda.
E agora sinto o mesmo.

 "E um novo coração te darei, e um novo espírito em ti porei; e arrancarei do teu corpo o coração de pedra, e um de carne te darei".



Eu, Álison

Um gigante sabe a grandeza de seu corpo



O que lhe toca? O que lhe comove? O que lhe faz sentir coisas que você não sabe explicar, mas que anseia dia após dia vivê-las novamente? Com o que você sonha? Do que você precisa? De quem necessita?




Eu, Álison

Ninguém irá se importar

É como um fantasma que acusa com a mão cerrada e faz pouco de tudo aquilo que os outros sentem, anseiam ou defendem. Você me dá pena.
Quando você morrer ninguém vai chorar por você, ninguém vai dizer que teve orgulho de te conhecer, ninguém vai sentir sua falta, ninguém vai reverenciar sua pessoa... Ninguém irá se importar.


Você não precisa de nada, não é mesmo? Pessoas, amor ou uma ideia a defender? Pobre coitado... Está totalmente só. 




Eu, Álison

O motivo pelo qual eu escrevo?



Porque custa caro manter alguém em um hospital psiquiátrico.





Eu, Álison

Devo muito à escola



Foi nela que descobri o que quero ser no futuro e lá encontrei as três pessoas mais importantes da minha vida fora da minha família.




Eu, Álison

Eu não sou nenhum gênio


Só vejo algumas coisas que os outros não veem. Só isso.






Eu, Álison

A pessoa que você se torna


 
Sempre que você encontra alguém importante, você se torna outra pessoa. Você dá a ela um pedaço de si e colhe dela uma porção do seu Eu.




Eu, Álison

F. Liszt

Era um corpinho enfermiço, etéreo e apaixonado, que se diria delicado demais para uma criança mortal.
Quando os Liszt chegaram à capital da Áustria (em 1821), Franz contava apenas dez anos de idade, embora já tocasse com a técnica e emoção de um virtuoso adulto.
“Você deve agradecer à sua estrela”. “Nunca vi, em toda a minha vida, talento igual para a memorização”.
Ele senta ao piano. Entreolharam-se, pasmados, os membros da orquestra. “Mas esse menino é tão bom quanto Mozart!”.
Foi para todos uma grande surpresa encontrar Beethoven lá, pois, ao receber o ingresso para o concerto, lançara-o de si, resmoneando: “Estou farto de crianças prodígio”. Todavia, lá estava ele, imóvel na sua cadeira, os lábios muito apertados. Claro está que não lhe era possível ouvir uma única nota, pois já a esse tempo a sua surdez era praticamente completa. Não obstante, continuou a fitar os olhos na criança, impassível, o cenho carregado, distante como um deus. Terminado o concerto, abeirou-se da plataforma, tomou Franz entre os braços de urso e disse-lhe, beijando-o a testa: “Meu filho, você ainda será, um dia, um verdadeiro músico”. Esse elogio de Beethoven foi uma das mais queridas recordações da infância.
Que dedos quentes e palpitantes, que olhos ardentes e perturbadores! Já em sua infância sentia Franz que, depois da sua música, o sorriso de uma mulher bonita era a coisa mais irresistível do mundo.
Conseguiu, entretanto, tornar-se aluno de Paer e continuou, debaixo da orientação deste último, o meteórico progresso em direção ao pináculo do virtuosismo contemporâneo.
No momento, contudo, em que as suas mãos roçaram o piano, transformou-se. Já não era uma criança que tocava, mas a própria encarnação do Espírito da Música.
Nunca foi criança alguma dotada de tamanho gênio. Nunca houve criança alguma tão sequiosa por brincar.
Tentativas de suicídio. Tensões de ordenar-se. Leitura de livros amargos de Byron e Voltaire. Uma longa e crítica enfermidade. Depois, emergiu Liszt como o favorito fascinador, brilhante, temerário, cínico e irresistível dos salões franceses.
O homem mais elegante de Paris, e o maior pianista do mundo, foi pintado, modelado e elogiado pelos principais artistas, escultores e poetas.
A orquídea de seu gênio crescia ao influxo dos aplausos. Orquídea de deslumbrante beleza como raramente havia visto o mundo. O seu virtuosismo artístico e mental seduzia não só as mulheres mais encantadoras senão também os homens mais brilhantes de Paris. Era um jovem deus irrequieto esse músico sempre em busca de novos triunfos, esse amante sempre à cata de novas aventuras.
Ocorreu, por fim, uma aventura que lhe trouxe uma taça de vinho de múltiplos sabores – excitamento, romance, paixão, alegria, desilusão e sofrimento. Mas não lhe trouxe a paz. Porque não pertencia ao tempestuoso temperamento de Franz Liszt experimentar jamais as bênçãos da paz.
Heine asseverara-lhe que tal conquista seria impossível, visto que ela trazia encerrado o coração em diversas polegadas de gelo.
Não lhe sobrava tempo, entretanto, para os sonhos maiores da sua imaginação, pois gastava-o todo com Wagner, o obscuro titã cujas visões pairavam acima da compreensão das massas.
Havia agora em sua execução uma nota nova – a nota do sofrimento, do desafio, da rebelião contra as pompas vãs do mundo.
Ele era apenas um estorvo para os netos, para a filha, para si mesmo. Nada mais lhe restava senão esperar pacientemente pela morte. Era tarde demais. Morria. Mas as contas afinal, não estavam tão más assim. Porque, ao cerrarem-se-lhe os olhos, Cósima apertava a mão entre as dela.





Eu, Álison

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Se você tiver que ir embora



 Peço-te uma coisa: deixe comigo seus elogios, 
uma foto dos seus olhos
 e um pouco do seu perfume.


Pois assim eu poderei ir-me sem medo e lembrar-te sem dor.
 



Eu, Álison

Eu não sei demonstrar



Mas me importo com as pessoas e me importo que elas saibam disso.




Eu, Álison

Disfarce



Aparente ser algo que as pessoas desconhecem
 e demonstre ser alguém que as pessoas não esperam.




Eu, Álison

Minha consciência está pesada

Muito pesada. Não devia pensar coisas assim de uma pessoa que já fez tanto por mim. 


Estou a ponto de ter uma crise de existência. Meus pensamentos estão vivos, eles quase agem por vontade própria. Eles aparecem na minha mente de uma hora para outra e me confundem cada vez mais. Deve ser um dos piores tipos de sensação que eu já tive.




Eu, Álison

E enquanto alguns os veem como loucos


Nós os vemos como gênios.


Porque o problema não está nos gênios serem superiores às pessoas normais, mas sim nas pessoas normais reconhecerem isso.




Eu, Álison

Se eu ouvir mais uma música triste hoje

Eu mando o convite do meu funeral.





Eu, Álison