sábado, 31 de agosto de 2013

Não se conhece

O amor que se tem por si não é substancial.
O que se ama são as qualidades e as qualidades você constrói.
A substância do homem não se ama, mesmo porque não se conhece.







Eu, Álison

Olhem o que eu encontrei

“Rimas. Ri mais? Rir, mas de quê? Talvez um quê de queijo, um bê de beijo. Beijo vai, mas bem jovem. Então vem! Nu mesmo, vem nuvem, vem. Mas vem sem. Sem vergonha, sem pudor, sem graça, sem açúcar e sentimento. Se sentir, não vou deixá-lo ir. Sem ir, sem ti, eu não vou a lugar nenhum, nem dois, nem três e nem quartos. Por que mentes? Ah, que mentes não sentiriam saudades doentes… Do ente querido, do ente que queria ter ido, do ente que quase foi. Ufa, e foi por pouco. Já anoiteceu. A noite teceu estrelas, estralos, entranhas e estranhos. A noite teceu trapézios trapezistas, trôpegos, traficantes, trapaceiros e tresloucados. Também temor. Ter amor, amoras, amantes, amarelos… Ah, não. Amá-los ou amar elos? Meio a meio, meio fio, meio feio, meio feito. Essa história meio fora de hora de novo? Sim. De novo, de novo e de manhã, de tarde, de velho, de ontem, de frente, defronte e de ré. Ré é renascer renascentista, iluminista, sulista, turista, budista, autista. Artista? Mundano! Mundo mudo muda mudas. Mudas de gente descrente, descontente, demente, indecente, decadente, ai! Dor de dente, dor de gente. E quem cura? Loucura.”








Eu, Álison

O Dicionário do Diabo - Letra F e G

Falar = Cometer uma indiscrição desnecessária por um impulso despropositado.
Famoso = Celebremente miserável.
Fanático = Alguém que sustenta de maneira diligente e intransigente uma opinião diferente da nossa.
Favor = um breve prólogo para dez volumes de cobrança.
Fé = Crença sem evidências na qual alguém nos afirma sem conhecimento coisas sem paralelo.
Felicidade = Sensação agradável proveniente da contemplação da miséria alheia.
Fidelidade = Virtude peculiar daqueles que estão prestes a serem traídos.
Filisteu = Ser cuja mente é produto do meio, e cujos pensamentos, sentimentos e emoções são ditados pela moda. Às vezes é culto, amiúde próspero, geralmente limpo e sempre solene.
Filosofia = Rota de muitas estradas, levando do nada a lugar algum.
Fisiognomonia = Arte de determinar o caráter de alguém pelas semelhanças e diferenças entre a sua face e a nossa, que é o modelo da perfeição.
Fronteira = Na geografia política, linha imaginária entre duas nações, separando os direitos imaginários de uma dos direitos imaginários de outra.
Funeral = Cerimônia mediante a qual demonstramos nosso respeito pelos mortos, enriquecendo agentes funerários e reafirmando nosso pesar mediante despesas que aprofundam nossos gemidos e duplicam nossas lágrimas.
Futuro = Aquele período de tempo em que nossos negócios prosperam, nossos amigos são leais e nossa felicidade está garantida.

Gárgula = Calha para chuva protuberante nos telhados de edifícios medievais, geralmente no formato de uma grotesca caricatura de algum inimigo pessoal do arquiteto ou do proprietário. Isso ocorria especialmente nas igrejas e construções eclesiásticas, cujas gárgulas ofereciam uma perfeita galeria de párias, formadas por hereges e dissidentes locais. Às vezes, quando um novo deão ou um novo capitulo assumiam seu posto, as velhas gárgulas eram trocadas por outras, mais afinadas com os ressentimentos particulares dos novos titulares.
Genealogia = Levantamentos dos antepassados de alguém a partir de um descendente que não se interessou em verificar a sua.
Geologia = Ciência que estuda a crosta terrestre e que, um dia, sem dúvida, incluirá a do interior do globo quando um homem surgir tagarelando do fundo de um poço. As formações geológicas do planeta observadas são catalogadas como: o Primário, ou mais inferior, consiste em rochas, ossos de mulas atoladas, tubos de gás, ferramentas de mineiros, velhas estátuas sem nariz, dobrões espanhóis e antepassados; o Secundário consiste principalmente de vermes de coloração vermelha e toupeiras; o Terciário compreende trilhos de ferrovias, pedaços de calçamentos, mato, cobras, botinas estragadas, garrafas de cerveja, latas, cidadãos intoxicados, lixos, anarquistas e imbecis.
Gota = Nome que o médico dá para o reumatismo de um paciente rico.






Eu, Álison

É preferível morrer a sofrer tanto

Muitas vezes, a pessoa deprimida fala em suicídio porque se sente vazia e inútil devido à raiva que imobilizou seu ego. Quando o ego fica limitado a desempenhar suas funções necessárias, a reação do ego - depressão - vem acompanhada de inutilidade e autodepreciação. Durante esses períodos de autodepreciação, a pessoa deprimida pode tentar se autodestruir, exacerbando, assim, ainda mais sua sensação de inutilidade. Ela, muitas vezes, fica mais deprimida quando os outros sentem pena dela por causa do seu estado. Quanto mais pena sentem dela, pior ela se sente, pois não é fácil expressar a raiva contida diante de amigos bem intencionados.
Portanto, uma pessoa extremamente deprimida, pode suicidar-se, porque seu ego está tão carregado de raiva destruidora que ela conclui que é preferível morrer a sofrer tanto. Assim, não é raro uma pessoa deprimida suicidar-se para acabar completamente com a raiva de seu ego - uma solução final irracional para seu problema. A pessoa, geralmente, se suicida antes ou depois do período crítico da depressão, pois durante o período mais intenso ela está imobilizada demais para fazer qualquer coisa. Ela pode se matar antes da fase crítica da depressão, prevendo a angústia que vai sentir, ou depois, para evitar o sofrimento que experimentou durante o período mais intenso da depressão. Portanto, a pessoa não se suicida, como seria de se esperar, enquanto está "doente", mas muitas vezes quando ninguém espera, quando todos acham que ele está começando a se recuperar.
Contudo, o ego tem outra alternativa além do suicídio: a psicose. Quando a sensação de depressão torna-se muito forte a ponto do ego ficar completamente imobilizado pela raiva reprimida, ele reage erigindo uma muralha ao seu redor para se proteger da raiva. Esta muralha, porém, não separa a pessoa só da raiva, mas também da realidade, de modo que ela se torna psicótica. Nesse estado, a pessoa pode ou não conseguir dar vazão à sua raiva. Se conseguir, ela pode tornar-se maníaca, com a extrema flexibilidade do ego que caracteriza a psicose maníaco depressiva.
Se o psicótico depressivo não consegue descarregar sua raiva, ele sofre, ao mesmo tempo, de uma depressão muito forte e da psicose. O paciente fica fechado, exibe um comportamento muitas vezes estranho e continua a sofrer grave depressão. Nesse momento, ela pode suicidar-se, achando que está se vingando do objeto ou da pessoa que perdeu. A solução que ela adota depende da organização e da força do seu ego. Geralmente, não se sabe o que a pessoa ou o objeto representava para ele e se desconhecem outros fatores, embora em alguns casos o psiquiatra possa compreendê-los após estudar o psicótico.







Eu, Álison

É Nietzsche

"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados loucos por aqueles que não podiam ouvir a música."

"É certo que sou uma selva e uma noite escura cheia de árvores, contudo aquele que não temer a minha obscuridade encontrará, sob os meus ciprestes, caminhos de rosas."





Eu, Álison

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Não passa de insanidade

A loucura já está na mente,
Apenas desperta a incompetente,
de forma indecente!
Talvez em mim, em muita gente…
Passa por mim ou por outrem,
como se não passa-se por ninguém.
Com razão se tolera, é uma fera
que nasce de muita espera
por algo que não se tem
e um dia já se teve…
E o que se têm na realidade,
Não passa de Insanidade…






Eu, Álison

domingo, 25 de agosto de 2013

Se me perguntassem



Se o que eu estava sentindo naquele dia era saudade ou tristeza, eu não ia saber dizer. Eu nem ao menos sei se estava sentindo alguma coisa. Acho que eu só me sentei e deixei que algum tipo de torpor me preenchesse, uma dormência interna, enquanto tudo aquilo girava dentro da minha cabeça.






Eu, Álison

Com seus olhos que veem



O importante não é como você escreve,
Mas o que escreve e
Para quem escreve.
Isso faz toda a diferença.







Eu, Álison

E amareis a ilusão

"Ó homens, até quando tereis o coração pesado, e amareis o nada, e buscareis a ilusão?" - Salmos 4,3.







Eu, Álison

E se nós já estivéssemos mortos?

"O homem quer se mostrar perfeito, mas ele está cheio de imperfeições. Ele quer mostrar-se seguro, e ele está cheio de insegurança. Ele quer ser feliz, mas está pleno de misérias. Ele quer estima de todas as pessoas, mas não merece estima alguma."








Eu, Álison

O Dicionário do Diabo - Letra D e E

Destino = Justificativa do crime de um tirano e desculpa do fracasso de um imbecil.
Devoção = Reverência que se presta ao Ser Supremo, com base em Sua suposta semelhança com o homem.
Dia = Período de 24 horas, na maior parte desperdiçado. Se divide em duas partes: o dia propriamente dito e a noite (o dia, impropriamente dito) - o primeiro é devotado aos pecados financeiros, e o segundo a outros tipos de pecados. Essas duas formas de atividade social se justapõe.
Dicionário = Perverso artifício literário para analisar o crescimento de uma língua e deixá-la amarrada e petrificada. Este dicionário, entretanto, é uma obra mais útil.
Difamar (2) = Atribuir a outros, maliciosamente, atos viciosos que não se teve a oportunidade e a coragem de praticar.
Diplomacia = Arte patriótica de mentir por seu país.
Dissuadir = Propor ao próximo um erro ainda maior do que aquele que estava prestes a cometer.

Egoísta (1) = Pessoa de mau gosto, mais interessada em si própria do que em mim.
Egoísta (2) = Pessoa sem consideração pelo egoísmo dos outros.
Emoção = Doença prostrante causada pela sujeição da cabeça ao coração. Às vezes vem acompanhada de uma copiosa descarga de cloreto de sódio hidratado proveniente dos olhos.
Eremita = Pessoa cujos vícios e loucuras não são sociáveis.
Escritura = Livro sagrado da nossa santa religião em oposição aos escritos falsos e profanos de todas as outras religiões.
Etnologia = Ciência que estuda as várias tribos de Homens, como ladrões, assaltantes, trapaceiros, burros, lunáticos, idiotas e etnólogos.
Evangelista = Portados de boas novas, particularmente (em sentido religioso) aquelas referentes à nossa salvação e à condenação do próximo.
Extinção = Matéria prima com a qual a teologia criou o futuro.







Eu, Álison

sábado, 24 de agosto de 2013

Todos os homens buscam a felicidade



Até aqueles que vão se enforcar.






Eu, Álison

Reclinar-se-á nunca mais

Encontrei uma versão do poema "O Corvo", do Edgar Allan Poe diferente da que eu postei muito tempo atrás. Aliás, esse poema foi o primeiro post do blog (O Corvo - Edgar Allan Poe (Versão de Os Simpsons)). Conheci ele olhando Os Simpsons. Essa tradução é do Fernando Pessoa e é um pouco mais complicada, mas ainda sim acho muito legal. De gênio.

Numa meia-noite agreste, quando eu lia, lento e triste,
Vagos, curiosos tomos de ciências ancestrais,
E já quase adormecia, ouvi o que parecia
O som de algúem que batia levemente a meus umbrais.
"Uma visita", eu me disse, "está batendo a meus umbrais.
É só isto, e nada mais." Ah, que bem disso me lembro! Era no frio dezembro,
E o fogo, morrendo negro, urdia sombras desiguais.
Como eu qu'ria a madrugada, toda a noite aos livros dada
P'ra esquecer (em vão!) a amada, hoje entre hostes celestiais -
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais,
Mas sem nome aqui jamais! Como, a tremer frio e frouxo, cada reposteiro roxo
Me incutia, urdia estranhos terrores nunca antes tais!
Mas, a mim mesmo infundido força, eu ia repetindo,
"É uma visita pedindo entrada aqui em meus umbrais;
Uma visita tardia pede entrada em meus umbrais.
É só isto, e nada mais". E, mais forte num instante, já nem tardo ou hesitante,
"Senhor", eu disse, "ou senhora, decerto me desculpais;
Mas eu ia adormecendo, quando viestes batendo,
Tão levemente batendo, batendo por meus umbrais,
Que mal ouvi..." E abri largos, franqueando-os, meus umbrais.
Noite, noite e nada mais. A treva enorme fitando, fiquei perdido receando,
Dúbio e tais sonhos sonhando que os ninguém sonhou iguais.
Mas a noite era infinita, a paz profunda e maldita,
E a única palavra dita foi um nome cheio de ais -
Eu o disse, o nome dela, e o eco disse aos meus ais.
Isso só e nada mais. Para dentro então volvendo, toda a alma em mim ardendo,
Não tardou que ouvisse novo som batendo mais e mais.
"Por certo", disse eu, "aquela bulha é na minha janela.
Vamos ver o que está nela, e o que são estes sinais."
Meu coração se distraía pesquisando estes sinais.
"É o vento, e nada mais." Abri então a vidraça, e eis que, com muita negaça,
Entrou grave e nobre um corvo dos bons tempos ancestrais.
Não fez nenhum cumprimento, não parou nem um momento,
Mas com ar solene e lento pousou sobre os meus umbrais,
Num alvo busto de Atena que há por sobre meus umbrais,
Foi, pousou, e nada mais. E esta ave estranha e escura fez sorrir minha amargura
Com o solene decoro de seus ares rituais.
"Tens o aspecto tosquiado", disse eu, "mas de nobre e ousado,
Ó velho corvo emigrado lá das trevas infernais!
Dize-me qual o teu nome lá nas trevas infernais."
Disse o corvo, "Nunca mais". Pasmei de ouvir este raro pássaro falar tão claro,
Inda que pouco sentido tivessem palavras tais.
Mas deve ser concedido que ninguém terá havido
Que uma ave tenha tido pousada nos meus umbrais,
Ave ou bicho sobre o busto que há por sobre seus umbrais,
Com o nome "Nunca mais". Mas o corvo, sobre o busto, nada mais dissera, augusto,
Que essa frase, qual se nela a alma lhe ficasse em ais.
Nem mais voz nem movimento fez, e eu, em meu pensamento
Perdido, murmurei lento, "Amigo, sonhos - mortais
Todos - todos já se foram. Amanhã também te vais".
Disse o corvo, "Nunca mais". A alma súbito movida por frase tão bem cabida,
"Por certo", disse eu, "são estas vozes usuais,
Aprendeu-as de algum dono, que a desgraça e o abandono
Seguiram até que o entono da alma se quebrou em ais,
E o bordão de desesp'rança de seu canto cheio de ais
Era este "Nunca mais". Mas, fazendo inda a ave escura sorrir a minha amargura,
Sentei-me defronte dela, do alvo busto e meus umbrais;
E, enterrado na cadeira, pensei de muita maneira
Que qu'ria esta ave agoureia dos maus tempos ancestrais,
Esta ave negra e agoureira dos maus tempos ancestrais,
Com aquele "Nunca mais". Comigo isto discorrendo, mas nem sílaba dizendo
À ave que na minha alma cravava os olhos fatais,
Isto e mais ia cismando, a cabeça reclinando
No veludo onde a luz punha vagas sobras desiguais,
Naquele veludo onde ela, entre as sobras desiguais,
Reclinar-se-á nunca mais! Fez-se então o ar mais denso, como cheio dum incenso
Que anjos dessem, cujos leves passos soam musicais.
"Maldito!", a mim disse, "deu-te Deus, por anjos concedeu-te
O esquecimento; valeu-te. Toma-o, esquece, com teus ais,
O nome da que não esqueces, e que faz esses teus ais!"
Disse o corvo, "Nunca mais". "Profeta", disse eu, "profeta - ou demônio ou ave preta!
Fosse diabo ou tempestade quem te trouxe a meus umbrais,
A este luto e este degredo, a esta noite e este segredo,
A esta casa de ância e medo, dize a esta alma a quem atrais
Se há um bálsamo longínquo para esta alma a quem atrais!
Disse o corvo, "Nunca mais". "Profeta", disse eu, "profeta - ou demônio ou ave preta!
Pelo Deus ante quem ambos somos fracos e mortais.
Dize a esta alma entristecida se no Éden de outra vida
Verá essa hoje perdida entre hostes celestiais,
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais!"
Disse o corvo, "Nunca mais". "Que esse grito nos aparte, ave ou diabo!", eu disse. "Parte!
Torna á noite e à tempestade! Torna às trevas infernais!
Não deixes pena que ateste a mentira que disseste!
Minha solidão me reste! Tira-te de meus umbrais!
Tira o vulto de meu peito e a sombra de meus umbrais!"
Disse o corvo, "Nunca mais". E o corvo, na noite infinda, está ainda, está ainda
No alvo busto de Atena que há por sobre os meus umbrais.
Seu olhar tem a medonha cor de um demônio que sonha,
E a luz lança-lhe a tristonha sombra no chão há mais e mais,
Libertar-se-á... nunca mais!





Eu, Álison

O que se faz?

As pessoas nos dizem que para não vermos precisamos apenas fechar os olhos.
Elas também nos dizem que para não ouvirmos precisamos apenas tapar os ouvidos.
Mas e para não sentir, fazemos o quê?







Eu, Álison

É só um conto de fadas...

Encontrei um pequeno texto que fala um pouco sobre a origem dos contos de fadas. Achei interessante porque ele mostra como uma história pode se modificar com o passar dos anos, tornando-se algo totalmente diferente do original.

Eles vieram das tradições orais de culturas diversas, do folclore mesmo, sem nome definido. E, como muitos sabem, não essas histórias não tinham nada de fadas. São contos recheados de vingança, assassinatos, torturas, sexo, mutilações, e por aí vai. Eles carregam a moral, ritos, anseios e orientações gerais da cultura que os gera. São histórias como as da mitologia grega, celta, hindu e até mesmo a brasileira. Essas histórias da mitologia européia eram contadas de pai para filho e traziam consigo preocupações da vida cotidiana (e nada nobre) como morte, fome, abandono e abusos sexuais onde os personagens principais, em geral, eram crianças ou jovens, servindo de alerta (drástico) para que os pequenos camponeses tomassem cuidado. Esses contos começaram a ser formalmente registrados em prosa na Idade Média, quando a sociedade começou criar uma distinção social entre crianças e adultos.

O autor pioneiro na área foi o francês Charles Perrault, que deu uma amaciada nas histórias para agradar as mães da corte francesa. No século seguinte, os famosos irmãos alemães Jacob e Wilhelm Grimm e o dinamarquês Hans Christian Andersen deram seguimento nessa linha literária inclusive absorvendo características de folclores de outras culturas, criando as "morais de história" e também amenizando os enredos. Afinal, já era considerado meio drástico dizer que João e Maria foram abandonados pelos pais por falta de condições para criá-los, passaram fome e tiveram os olhos devorados pelos animais da floresta. Que a Bela Adormecida foi, na verdade, estuprada pelo príncipe e até gerou seu filho enquanto estava inerte na cama. Que a história da doce Chapeuzinho Vermelho fala de canibalismo, onde a neta come a carne da própria avó e acaba sendo abusada e devorada pelo lobo, sem caçador para salvar. Que a Branca de Neve foi feita de empregada pelos anões e, no final, se vinga da madrasta obrigando-a vestir sapatos de ferro quente e dançar até a morte. Que a Pequena Sereia tem a cauda rasgada ao meio pela bruxa do mar e morre no final.

Os contos atuais, cheios de esperança e amor, foram fruto de uma preocupação com o impacto psicológico que as crianças podem sofrer a partir de influências. Preocupação esta que continua até hoje, discutindo cada vez mais o conteúdo da indústria infantil e do politicamente correto. Foi ela que transformou aquelas histórias macabras nos famosos contos de fada e acabou por nos poupar de muitas histórias dignas de pesadelos.






Eu, Álison

Selene, a Lua

Nocturnal poetry:
Dressed in the whitest silver, you'd smile at me
Every night I wait for my sweet Selene

But, still...

Solitude's upon my skin
A life that's bound by the chains of reality
Would you let me be your Endymion?

I would bathe in your moonlight and slumber in peace
Enchanted by your kiss in forever sleep

But until we unite
I live for that night
Wait for time
Two souls entwine

In the break of new dawn
My hope is forlorn
Shadows, they will fade
But I'm always in the shade
Without you...

Serene and silent sky
Rays of moon are dancing with the tide
A perfect sight, a world divine

And I...

The loneliest child alive
Always waiting, searching for my rhyme
I'm still alone in the dead of night

Silent I lie with smile on my face,
Appearance deceives and the silence betrays

As I wait for the time
My dream comes alive
Always out of sight
But never out of mind

And under waning moon
Still I long for you
Alone against the light
Solitude am I

In the end, I'm enslaved by my dream
In the end, there's no soul who'd bleed for me

Hidden from daylight I'm sealed in my cave
Trapped in a dream that is slowly turning to a nightmare

Where I'm all alone.
Venial is life when you're but a dream
The book is still open, the pages as empty as me...

I cling to a hope that's beginning to fade,
Trying to break the desolation I hate

But until we unite
I live for that night
Wait for time
Two souls entwine

In the break of new dawn
My hope is forlorn
We will never meet
Only Misery and me

This is my final call
My evenfall
Drowning into time
I become the night

By the light of new day
I'll fade away
Reality cuts deep
Would you bleed with me My Selene

Poesia noturna. Vestida na mais branca prata, você sorria para mim. Todas as noites eu espero pela minha doce Selene, mesmo assim... Solidão em minha pele, uma vida presa pelas correntes da realidade. Você me deixaria ser seu Endimião? Eu me banharia em seu luar e descansaria em paz, encantado pelo seu beijo num sono eterno.

Mas até que nos unamos eu vivo por essa noite. Esperando pela hora que duas almas se encontrarão. No raiar de um novo dia minha fé é renovada. Sombras desaparecerão, mas eu estou sempre nas sombras sem você...

Silencioso e sereno céu. Raios da lua dançando com a maré. Uma vista perfeita, um mundo divino, e eu... A mais solitária criança viva sempre esperando, procurando pela minha rima. Eu ainda estou sozinho no fim da noite. Silencioso eu espero com um sorriso no meu rosto. Aparência trai e o silencio engana.

Enquanto eu espero pela hora, meus sonhos virarão realidade. Sempre fora de alcance, mas nunca fora da mente. E abaixo da lua minguante eu ainda espero por você. Sozinho contra a luz, eu sou a solidão.

No fim, eu sou escravizado pelos meus sonhos. No fim, não há alma que sangraria por mim. Escondido da luz do dia, estou trancado em minha caverna, preso em um sonho que está lentamente se tornando um pesadelo. Aonde estou sozinho. A vida é perdoável quando você não passa de um sonho. O livro ainda está aberto, as páginas são tão vazias quanto eu. Eu me agarro a uma esperança que está começando a desaparecer, tentando quebrar a desolação que eu odeio.

Mas até que nos unamos, eu vivo por essa noite. Esperando pela hora que duas almas se encontrarão. No raiar de um novo amanhecer minha fé é abandonada. Nunca nos encontraremos, apenas miséria e eu. Esse é meu ultimo chamado. Minha queda. Me afogando no tempo, eu me torno a noite. No raiar de um novo dia eu desaparecerei. A realidade corta fundo. 
Você sangraria comigo minha Selene?

- Letra e tradução da música "My Selene", da banda Sonata Arctica.





Eu, Álison

Você acredita em Deus?

Pois seu deus não perdoa assassinos.


Ele os queima.






Eu, Álison

domingo, 18 de agosto de 2013

O que voa sem asas

Apresento-lhes meu animal preferido, Acinonyx jubatus, o guepardo, um animal pertencente à família dos felinos (Felidae) e o único representante do gênero Acinonyx. Seu nome em português é uma contração das palavras latinas "gatus pardus", que originou o nome guepardo e significa, por sua vez, "gato leopardo". Sua denominação científica advém de características próprias do animal. Acinonyx quer dizer "com garras imóveis", visto que o guepardo não apresenta garras retráteis como os demais felinos, e jubatus significa "com juba", devido a faixa de pelos em seu dorso, facilmente vista em um filhote da espécie. Chita ou cheetah, outro nome dado ao guepardo, significa "salpicado de manchas", por motivos óbvios.
Sendo um predador e necessitando de uma tática de caça, o guepardo desenvolveu a velocidade, sendo todo o seu corpo especializado nessa função. Tem a cabeça pequena, coluna flexível, grande capacidade respiratória e uma longa cauda usada para dar estabilidade quando precisa realizar curvas em alta velocidade. Além disso, possui características comuns de um predador carnívoro: garras e dentes bem desenvolvidos, olhos posicionados na frente da cabeça e excelente visão.
Porém, o motivo pelo qual o guepardo é amplamente conhecido é devido a sua (incrível) velocidade, que pode chegar facilmente a 100Km/h, sendo que na maioria das vezes que caça essa velocidade é ultrapassada, podendo chegar até 120Km/h! É o animal mais rápido do mundo. Comumente usa-se a expressão de que quando algo corre muito rápido, ele voa. No caso do guepardo isso deixa de ser um dito e torna-se quase uma verdade, já que a maior parte do tempo em que ele está correndo não está com as patas encostadas no chão.

Agora vou hipnotizá-los com esse vídeo. Um guepardo correndo em câmera lenta.







Eu, Álison

sábado, 17 de agosto de 2013

Sobre aquilo que todo mundo vê


No momento em que se alegrar em si mesmo, toda a existência se alegra em si. Terá, então, alcançado a sintonia com a dança harmoniosa que acontece ao seu redor. Só o homem se desfez em pedaços, e o motivo por que se desfez tem que ver com o fato de querer ser especial. Se quiser ser especial, terá de aceitar algum tipo de loucura.






Eu, Álison

Por que diabos você me atormenta assim?

- Para, meu coração, para diante dessa notícia. Se Romeu está morto, que caia sobre mim o peso de toda a terra.


- Oh, santo padre! Me diga onde Romeu está. Que fim ele levou?
- Está ali, jogado no chão, afogado nas próprias lágrimas.
- Meu bom frei, por favor, me dê algo conselho, porque, do jeito que as coisas estão, só vai me restar cravar um punhal o peito e acabar com todo este horror. Eu já não tenho esperança, nem remédio, nem consolo nenhum. 
- Escute, minha cara Julieta. Por forças maiores, tudo deu errado, para nossa tristeza. Agora você está imersa no meio da morte e precisa sair daí. Venha comigo. Seu marido está morto, e Páris também.







Eu, Álison

Empty inside

O conceito de que alguma coisa, mesmo a dor, é melhor do que nada, é muito importante para que se compreenda o quanto as pessoas vazias, como os delinquentes juvenis, lutam para evitar a sensação de vazio.


Devido à sua falta de identidade, ela pode às vezes achar que é duas ou três pessoas diferentes, embora geralmente sinta que não é absolutamente ninguém. Ela nunca sente intensamente quem é, ainda que sinta uma identidade fraca ou transitória. Na sua confusão, ela muda de uma identidade para outra numa tentativa de encontrar uma que possa aliviá-la por algum tempo da dolorosa sensação de vazio.







Eu, Álison

Crê tu isto?

"Aquele que crê em mim ainda que esteja morto, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim, jamais morrerá". - João 11: 15-16.








Eu, Álison

domingo, 11 de agosto de 2013

As coisas improváveis

Só são improváveis e não impossíveis.


Ver a pessoa que eu vi era improvável, mas não impediu que eu visse.







Eu, Álison

Porque os seus dias estão contados

E daqui a pouco você pode começar a implorar pelos seus direitos que você não vai ter mais porque você perdeu, porque ninguém tem direito de ser imbecil nesse mundo e a vida cobra, e quem tem razão, no final das contas, vai acabar vencendo. Então você, que já está ganhando, é melhor ficar feliz do jeito que você está e tentar, de repente, garantir o direito das outras pessoas que estão perdendo, porque as pessoas são pessoas, elas não são diferentes de você. A única diferença é o poder. E por enquanto você até pode estar no poder, mas quando você não estiver mais, que vai acontecer em breve, é bom você fazer amizade com todo mundo.








Eu, Álison

Eu quero jogar um jogo

Muitas pessoas já devem ter visto algum dos filmes da série Jogos Mortais. Eu particularmente vi os 7 e não saberia eleger o melhor deles, mas a questão não é de qual deles é o melhor. Eu estou escrevendo porque acho que as pessoas não entenderam a moral dessa série.
A primeira impressão que se tem é que os filmes mostram um banho de sangue, tortura sem limite e um protagonista sádico que está a ponto de morrer, mas não é nada disso. Para falar a verdade, é muito mais do que isso. As pessoas tem que entender que o importante no filme não é a matança, as armadilhas e todas as pessoas que morrem. Todos os 7 filmes tem um teor muito mais profundo como pano de fundo.
Para começo de história, se o Jigsaw quisesse fazer mal a alguém, ele poderia simplesmente sequestrar a pessoa e torturá-la até a morte, porque com a cabeça que ele tem a polícia não chegaria nem perto de capturá-lo. Mas a ideia não é essa. Quem olha algum dos filmes precisa analisar o que levou o Jigsaw a fazer o que ele faz, o que as pessoas que participam dos jogos faziam antes de estarem ali e o que aprenderam as que conseguiram sobreviver. Não estou dizendo que sou a favor de todo o sofrimento que as pessoas passaram enquanto estavam nas armadilhas (apesar de achar que algumas pessoas deviam tomar uns "sustos" de vez em quando), só acho que quase todas as pessoas que assistiram a esses filmes não chegaram à essência, tanto do Jigsaw quanto do que ele fazia.
John Kramer, nome do homem a quem chamavam de Jigsaw, não sequestrava as pessoas para torturá-las. Ele queria ensiná-las uma lição, mesmo que essa lição envolvesse vários níveis de sofrimento. Não estou dizendo que o que ele fazia era certo, nem que as pessoas devam imitá-lo, mas você não pode fazer uma análise rasa do que ele fazia e do código moral e princípios que ele seguia.
As pessoas que ele escolhia para participarem das armadilhas eram específicas. Não eram escolhidas ao acaso, eram indivíduos que tinham cometido algum tipo de erro grave no passado, mas a prisão ou qualquer que tenha sido o tipo de pena que eles pagaram (se é que pagaram) não foi suficiente para que eles se dessem conta do quão grave havia sido o que eles fizeram. No entanto, quando sua vida está em jogo, quando ou você faz o que tem que fazer ou morre, aí sim você percebe de verdade o quanto desperdiçava sua vida, mas talvez a essa altura seja tarde demais para se arrepender, o que é comprovado pelo número mínimo de pessoas que conseguem sobreviver às armadilhas.
Outro diferencial desse filme é que o bem não ganha no final (assim como em 7 - Sete Pecados Capitais, V de Vingança, Batman - O Cavaleiro das Trevas, entre outros). O Jigsaw pode até morrer, mas não foi por que capturaram ele ou porque alguém foi mais esperto. Ele morreu em consequência dos fatos, só isso. O que, diga-se de passagem, é mais realista do que a maioria dos filmes, que têm uma tendência excessiva de terminarem como conto de fadas, onde o bem sai vitorioso, independente do quão sofrido tenha sido o filme e de quão genial tenha sido o vilão (como acontece em Código de Conduta). Eu acho isso um erro, porque todos sabemos que, invariavelmente, vence o mais inteligente, sendo ele do bem ou do mau, e eu frequentemente torço para que o mau vença. Primeiro, para contrariar esse costume infantil do bem sempre vencer, e também porque torço pelos mais espertos, independente de quem seja, e não para o mocinho indefeso que se faz de vítima e que de uma maneira incoerente e inexplicável consegue derrotar o personagem malvado, que, às vezes, nem é tão malvado assim. Digo isso com relação aos filmes, evidentemente, não à vida real. Entretanto, é melhor vencer sendo esperto, como faz um vilão, do que sendo idiota, como acontece na maioria das vezes.
Eu, sinceramente, consegui aprender muito com os 7 filmes. Você que não gosta desse tipo de filme pode escolher não assistir, só não pode dizer que o filme é ruim ou mal feito, porque assim você só vai provar que não entendeu nada.







Eu, Álison

Todos eles são

"Estenderei a minha mão sobre os habitantes da terra. Porque desde o menor até o maior, todos eles são gananciosos." - Jeremias 6,12-13








Eu, Álison

sábado, 10 de agosto de 2013

Maior do que a morte

O suicídio demonstra que na vida existem males maiores do que a morte.








Eu, Álison 

Se sente mal sozinho?



Pois, na solidão, o indivíduo mesquinho sente toda a sua mesquinhez, o grande espírito, toda a sua grandeza; numa palavra: cada um sente o que é. — Arthur Schopenhauer







Eu, Álison

E asas de anjo terei

“Vê, fui pedra e morri. E planta sendo, floresci.
Morri planta e animal renasci.
Tendo morrido animal, tornei-me homem. Que tenho, pois, a temer?
A morte não pode me extinguir,
Pois, novamente, homem morrerei
E asas de anjo terei.
Porém, também anjo serei sacrificado,
Para ser, algo que não posso compreender, um sopro do Divino.”


Rûmi (1207-1273)







Eu, Álison

Jesus voltou!

Esse poderia ser meu último post, porque eu sei que ninguém mais vai ler meu blog depois dessa publicação, mas não desisto e ainda acredito que alguém, nem que seja apenas uma pessoa, vá entender o que está escrito.
Fonte: http://www.alinevalek.com.br/blog/2013/07/se-jesus-existisse-hoje/


Venho ao povo de Deus trazer uma boa notícia (embora ela venha acompanhada de uma não tão boa assim, para alguns). A boa notícia é que o evento por vós tão aguardado aconteceu: Jesus voltou. A má notícia é que ninguém avisou que ele precisava agradar a sociedade patriarcal cristã. Jesus voltou e só anda com gente esquisita. Seu lugar é ao lado dos marginalizados, dos não aceitos, dos diferentes. Foi visto enrolado numa bandeira de arco-íris na Parada Gay e cercado de amigas com os seios de fora na Marcha das Vadias. Ele, ao contrário dos fariseus do nosso tempo, não carrega preconceitos mesquinhos, nojo de gente, ódio de pessoas por elas serem o que são. Vejam só, que surpresa.

Jesus voltou e não é cristão (aliás, coisa que nunca foi). Ele não frequentou nenhuma igreja ainda, não apareceu nos grandes templos, não pagou o dízimo, não está do lado de quem explora a fé dos outros. Aparentemente, ele se recusa a seguir uma religião tão empenhada em condenar pessoas, em impor proibições e pensamentos, em interferir na lei. Inclusive, Jesus foi fotografado em uma manifestação pelo Estado laico, segurando um cartaz que dizia: “dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.”

Jesus voltou e não é filho da virgem, é filho da puta. É por isso que ele sabe a barra que essas mulheres enfrentam, o perigo que correm, a humilhação a que são submetidas, a cidadania que lhes é negada. Jesus é amigo das prostitutas, das travestis, das que são empurradas para o submundo ou das que escolhem esse caminho para juntarem uma grana legal e batalharem por uma vida melhor, como qualquer outra pessoa, afinal de contas.

Jesus voltou e talvez seu retorno não tenha sido alardeado, celebrado e divulgado na TV e nos sites de fofoca porque ele nasceu invisível. Jesus voltou negro e, como tantos e tantas outras que não nasceram da cor “certa”, ele foi invisibilizado por uma cultura que celebra apenas a branquitude e que esperava por um Jesus loiro dos olhos claros, como nas imagens espalhadas nas igrejas. Além disso, nenhuma estrela-guia marcou o nascimento de Jesus, porque aparentemente estrelas-guia não chegam na favela onde ele nasceu – lá, onde só chega o descaso do Estado e o preconceito das elites. Sabe-se apenas que sem dúvidas ele é Jesus porque só um milagre explica como uma pessoa negra que cresceu na favela ainda não tenha sido “desaparecida” pela PM em uma de suas truculentas operações no morro.

Jesus voltou e não quer saber dos poderosos. Seu rolê é com a galera das quebradas, com os que moram nas ruas, com os grafiteiros, com os skatistas, com as crianças que vendem balinha no sinal. Quando não é confundido com mendigo, é tomado por bandido. Meliante. Perigoso.

Jesus voltou para barbarizar. Ajudou a quebrar vitrines, a tacar pedras na Tropa de Choque e levou muita bomba na cara. Voltou para virar o mundo de cabeça pra baixo – e não dá para fazer isso sem escandalizar a tia Gertrudes que reza o terço no terceiro andar ou o coxinha engomadinho que apresenta o telejornal.

Jesus voltou e é feminista. Porque não dá para ser revolucionário de verdade sem antes lutar para destroçar o patriarcado e picotar os papéis de gênero em centenas de pedacinhos, como na multiplicação dos pães. Jesus voltou e é queer, é “amigx” dos e das transsexuais, dos inadequados, dos indefinidos. Daqueles e daquelas que se recusam a ser definidos, rotulados, padronizados e limitados por essa sociedade doente.

Jesus voltou não para curar os cegos, os leprosos ou ressuscitar os mortos. Jesus voltou para mandar à merda aqueles que dizem amar, mas discriminam. Aqueles que dizem respeitar, mas desumanizam. Aqueles que dizem que somos todos irmãos, enquanto há tanta desigualdade social, racial, de gênero. Aqueles que prometem o “reino dos céus”, mas são incapazes de refletir sobre seus privilégios aqui na Terra. Aqueles que acreditam que existe um diabo, mas não vêm que o demônio é o racismo, o machismo, a transfobia e a homofobia que eles próprios alimentam. Jesus voltou pra dizer que essa galera tá errando feio. Errando rude.

Jesus voltou e é minoria vândala. Talvez por isso, de novo, não tarde a ser crucificado bem jovem.







Eu, Álison

É um dom desconfortável

Percepção é uma ferramenta que aponta para os dois extremos.









Eu, Álison

Como é que tu tá?

- Eu?


- Eu estou melhor agora.







Eu, Álison

domingo, 4 de agosto de 2013

Eles dirão que foi coincidência

Leonardo estava indo para a casa de um de seus colegas com John, seu amigo de longa data. Decidiram fazer uma visita e ir passar a tarde lá, juntamente com outros de seus colegas. Depois de muitas risadas, já no fim da tarde, John pergunta a Leonardo se ele poderia acompanhá-lo até a cidade vizinha de carro para buscar sua namorada. Leonardo faz sua primeira escolha. Decide ir com John. Depois de uma rápida passagem pela casa de Leonardo, os dois partem. Devido à proximidade da cidade, rapidamente chegam até ela. Vão até a casa da namorada de John e em seguida tomam o caminho de volta. Em poucos minutos encontram-se retornando à cidade.
John pergunta a Leonardo de se ele queria ficar em casa ou se iria voltar com ele e sua namorada para a casa de seu colega. Leonardo faz sua segunda escolha. Decide acompanhar os dois. Antes de seguirem, passam na casa de John. Este pergunta se Leonardo quer entrar ou esperar no carro. Então Leonardo faz sua terceira escolha. Decide esperar ali mesmo, enquanto os dois entram em casa.
Enquanto esperava, Leonardo tem uma surpresa. Avistou, ao longe, do outro lado da rua, Gilian, amiga sua que não via há muito tempo, pois morava em outra cidade. Ela também o viu, atravessou a rua e dirigiu-se a ele. Nos instantes que se passaram entre o momento em que viu sua amiga e o momento em que se encontraram, rápidos pensamentos passaram pela cabeça de Leonardo. Quando John pediu para acompanhá-lo, ele poderia ter recusado. Quando John perguntou se ele queria ficar em casa, ele poderia ter aceito. Quando John o convidou para entrar em sua casa e esperá-lo lá dentro, ele poderia ter consentido. Mas por incrível que pareça tudo aconteceu como se planejado. Leonardo nem tentou imaginar o que teria feito sua amiga vir para sua cidade naquele dia e tê-la feito sair de casa exatamente naquele momento. Isso estava além de sua imaginação. Quando Leonardo se deu conta de seus pensamentos, Gilian estava quase junto dele e foi obrigado a abandonar seus devaneios.
Quando se vê alguém que se gosta muito, é impossível que nenhuma emoção se faça presente, e com Leonardo não foi diferente. Apesar de sua amiga estar de passagem, o simples fato de poder cumprimentá-la já foi o suficiente para alegrá-lo, e ele tinha certeza de que Gilian também tinha ficado feliz em vê-lo. Depois de alguns minutos, John e sua namorada voltaram e os três foram para a casa de seu colega como fora previsto, mas o imprevisto já havia acontecido e o dia já estava completo para Leonardo, pois a surpresa fez suas pernas tremerem, suas mãos suarem, suas pupilas dilatarem. Sua pulsação acelerou, sua respiração pesou. Borboletas no estômago. Uma agradável confusão o acompanhava. Estava tudo bem agora.







Eu, Álison

sábado, 3 de agosto de 2013

E tudo se desfez

Ele soprou a vida e tudo se desfez
Ele fez haver a luz e tudo se iluminou
Eu vi o que ela viu
E agora percebo claramente


"Pois estive morto e eis-me de novo... Vivo". - Apoc. 1: 18.









Eu, Álison

O que não faz você estremecer



Sempre desprezei as coisas mornais, as coisas que não provocam ódio nem paixão, as coisas definidas como mais ou menos, um filme mais ou menos, um livro mais ou menos. Tudo perda de tempo.
Viver tem que ser perturbador, é preciso que nossos anjos e demônios sejam despertados, e com eles sua raiva, seu orgulho, seu asco, sua adoração ou seu desprezo.
O que não faz você mover um músculo, o que não faz você estremecer, suar, desatinar, não merece fazer parte da sua biografia.







Eu, Álison

Um animal que deu errado

O texto a seguir foi retirado de um vídeo do PC Siqueira em que ele fala sobre homofobia. Espero que isso faça as pessoas pensarem um pouco mais.


Eu coloquei uma foto minha no Twitpic do Twitter e as pessoas falaram que eu tenho cara de viado. Tudo bem que eu posso ter cara de bicha, posso ter cara de gay, posso ter cara de viado, de baitola. Então, eu posso ter cara de tudo isso daí como se isso fosse um grande problema, né? As pessoas falam: "Ah PC, você tem cara de bicha, hahahahahaha." Daí eu comecei a me perguntar: "Tem uma coisa tão ruim assim? É tão ruim assim? Sério?". Porque... A maioria dos bichas que eu conheci são melhores do que você e toda a sua família junto. Não, a maioria não, mas alguns. E eles não são melhores do que você porque eles são bichas. Eles são melhores do que você simplesmente porque eles são melhores do que você. Da mesma forma que você não é melhor do que eles porque você é heterossexual. Você só não é melhor do que eles porque você é tosco, preconceituoso e idiota. 
Eu nunca entendi direito esse preconceito que as pessoas têm com gay, que é basicamente o preconceito das pessoas têm com gay, elas falam assim: "Ah, porque homens ficando com homens tá errado. É antinatural". Até você ir vestir a camisa do seu time de futebol e sair pulando por aí abraçado com outros homens enquanto sua mulher fica lá esperando você chegar o dia todo e querendo dá pra o seu vizinho porque você não tá lá, também não é... Natural.
Tem homem que fica ofendido de ver gays andando pela rua. Eles acham que isso é, tipo, uma ofensa a família. Pela minha experiência, todas as pessoas que se ofendem pelo estatuto da família e tudo mais leva muito jeito pra pedófilo, leva muito jeito pra aqueles caras que saem na rua pra come travesti, leva muito jeito de cara que pula a cerca todo santo dia e leva muito jeito pra qualquer tipo de espécie de filha da puta.
O preconceito tá simplesmente no fato que eles não são iguais a você, pessoa preconceituosa, você não consegue se identificar com a pessoa, então você começa a odiá-la. Porque até onde eu sei a maioria das pessoas que têm preconceito com gays raramente teve algum contato com gay e raramente teve alguma experiência ruim com gay.
E daí o cara vem e me fala: "Ah, eu não gosto de ver homens se pegando no meio do metrô". Eu também não gosto de ver casais heterossexuais se pegando no meio do metrô, eu não gosto de ver ninguém se pegando na minha frente, seja homem, seja mulher, seja homossexual, seja cachorro. Eu também não gosto de ver cachorro trepando no meio da rua. Eu fico incomodado. Mas só porque eu não queria deixar passar de falar nesse assunto, porque... Incomoda um pouco essa galera, que fica incomodando com gay. Não sei né, vai se incomodar com um ladrão, vai se incomodar com um bandido ou vai se incomodar com você mesmo e com seu tipo de atitude imbecil.
Eu acho do fundo do meu coração que quem tem preconceito contra gays é o tipo de pessoa que tem vontade de experimentar, mas não tem coragem. Então vai fundo, não precisa odiar, você pode amar.






Eu, Álison

Ninguém a entendia

"Assim como a Lua, havia sempre uma parte sua escondida dos outros."


Nem ela mesma...






Eu, Álison