De susto, o coração batia, descompassado e nervoso. O relógio, marcador ininterrupto do tempo, como se também estivesse com medo da criatura presente, parou, acabando com o único ruído que impedia que o silêncio caísse sobre meus ombros. Consigo trouxe uma sensação terrível. Aquele era o silêncio do medo. Apesar de permanecer imóvel na porta, seu rosto expressava uma parte ínfima de quanto sua mente poderia ser doentia. Nunca a presença de um estranho me perturbou tanto quanto neste momento, que parecia perpétuo devido ao que aqueles olhos me faziam sentir. Eles confrangiam meu íntimo e torciam-me de dores, apesar de não mover-me um centímetro sequer. Não tentei movimentar nem ao menos um dedo, pois minha angústia só aumentaria ao constatar o que já sabia: estava totalmente paralisado.
Dentre todos os seres humanos, o mais corajoso se renderia diante da imagem transtornada que tinha perante mim. Algo que não sei o que era. Um ente que poderia ser considerado ser, mas dificilmente, acreditava eu, um humano. Se soubesse o que ele iria fazer, não teria dúvida quanto a isso.
Desde que havia aberto a porta, observava com meus olhos aquela situação. Ele, parado, devido a sua estranha natureza. Eu, num pânico constante, mal respirava, fôlego frágil. O estranho que me olhava abrira a porta com as mãos limpas. A esquerda, mais gélida, pois tocara o metal da maçaneta. Como que hipnotizando-me, ele, num estante, aproximou-se de mim e eu, sem reação, estarrecido perante tal, não consegui mover-me. Senti sua mão fria no meu pescoço, mas não imaginei o que ele poderia fazer. O medo corria em minhas veias. Infelizmente, para mim, suas mãos não permaneceram limpas por muito tempo. Foram coloridas por um tétrico vermelho. O meu vermelho...
Eu, Álison
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