sábado, 8 de dezembro de 2012

Thomas Huxley

A obstinação era-lhe necessária. Thomas Huxley foi um homem que se fez por si mesmo. Diariamente acendia a vela de madrugada, envolvia os membros num cobertor e ficava sentado na cama, devorando livros sobre todos os assuntos imagináveis.
Encontrou “uma donzela de grande beleza, doces olhos azuis e louros cabelos”. Tom era um jovem sensitivo, mas o amor o avassalara completamente.
Tocava com a varinha de condão da sua inteligência os esqueletos da antiguidade – e os esqueletos se cobriam de carne e animavam-se. Huxley não era apenas um popularizador de conhecimentos científicos, mas também um paladino de causas cientificas. Nesse momento se travava uma luta particularmente acirrada em torno da nova teoria darwiniana da evolução.
Numa reunião da Associação Britânica (1860) o bispo de Oxford voltara-se para Thomas Huxley com um sorriso sarcástico. “Faça o favor de dizer-me, é por parte de seu avô ou de sua avó que o senhor pretende descender de um macaco?”. A assistência ficou estarrecida. Cintilavam os olhos de Huxley quando este se pôs de pé. Não se envergonhava por ter um símio por avô – declarou. “Se houvesse um antepassado de que eu poderia ter vergonha seria... Um homem como o bispo de Oxford”.
O Amor me revelou a santidade da natureza humana.
Sua religião era um ceticismo sincero – uma dúvida construtiva, não destrutiva. Sua atitude diante da vida era a de um poeta-cientista. A verdade é sabedoria mais beleza. “Quanto a mim, sou apenas um agnóstico. Não sei”.
Para preservar uma democracia – declarava – é preciso ter, não uma minoria de sangue nobre, mas uma maioria de cérebro ativo.
Toda a sua vida ele foi um flagelo para as mentes acanhadas. No entanto, a sua ironia era mais brilhante que ferina. Pois no fundo Huxley era uma boa alma.
A sair da meia idade, começou a padecer agudos acessos de depressão e hipocondria.
Por que tão constantes ataques à ciência como contrária à religião? A ciência não combatia a religião.
Observa a ordem que penetra a aparente desordem do mundo. Vê desenrolar-se em toda a sua beleza e terror o grande drama da evolução. E procurava transformar o terror em beleza.
“Estive a sós com os meus mortos diante do abismo do eterno...”.
Ali vai o professor Huxley, envelhecido, mas ainda fascinante. À medida que ia envelhecendo retirava-se cada vez mais da sociedade para a solidão do seu jardim.




Eu, Álison

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