domingo, 8 de junho de 2014

Para um grande espírito

O autor pretendia que uma expressão momentânea, o repuxar de um músculo ou um revolver de olhos eram o bastante para sondarem-se os pensamentos mais íntimos de um homem. Segundo ele, era impossível iludir a observação e análise de quem nelas se exercitasse com método e afinco. E os resultados seriam de tal maneira surpreendentes para os leigos que, antes de aprenderem eles os processos pelos quais o observador os obtivera, haviam de considerá-lo como um adivinho.


Não obstante, após a recente e extraordinária prova da rapidez das suas capacidades perceptivas, eu não duvidava que ele pudesse ver muitas coisas invisíveis para mim.

Se eu o puser muito ao corrente do meu método de trabalho, você chegará à conclusão de que, afinal de contas, sou um indivíduo como outro qualquer.
- Isso não acontecerá, repliquei. - Seus estudos levaram a investigação à altura de uma ciência exata e jamais serão superados.
Meu companheiro enrubesceu de satisfação ante essas palavras e o tom convicto em que eu as pronunciara. Não me havia escapado que ele era tão sensível aos elogios feitos à sua arte quanto uma menina a respeito de sua boniteza.

- Não pensei que o tivesse notado, murmurou ele. - Estava lá?
- Não.
- Ah! exclamou o funcionário com evidente alívio. Nunca se deve desperdiçar uma oportunidade, por pequena que seja.
- Para um grande espírito nada é pequeno, observou Holmes sentenciosamente.






Eu, Álison

Nenhum comentário:

Postar um comentário