Se o que faz a morte nos parecer tão assustadora fosse a ideia do não-ser, então deveríamos experimentar o mesmo temor diante do tempo em que ainda não éramos. Pois é incontestável que o não-ser do depois da morte não pode ser diferente daquele anterior ao nascimento; ele não merece, portanto, ser mais lamentado. Toda uma infinidade de tempo fluiu quando ainda não éramos, mas isso não nos aflige de modo algum. Mas, ao contrário, o fato de que após o intermédio momentâneo de uma existência efêmera uma segunda infinidade de tempo deva se seguir, no qual não seremos mais, para nós parece uma dura e até mesmo intolerável condição. Deveria essa sede de existência, então, ter-se originado do fato de que nós a saboreamos e a achamos preferível a todos os outros bens? Com certeza, não; acima isso já foi explicado brevemente: a experiência feita poderia muito bem ter despertado em nós uma aspiração infinita pelo paraíso perdido do não-ser. Também uma esperança de uma imortalidade da alma vem sempre ligada à de um mundo melhor, prova de que nosso mundo presente não vale muita coisa.
Para todos os que, no curso de sua existência ou de seus esforços, deparam com obstáculos intransponíveis, para todos os que sofrem de doenças incuráveis ou desgostos inconsoláveis, existe um derradeiro refúgio, que muitas vezes se oferece por si mesmo: o retorno ao seio da natureza, de onde eles emergiram por um instante, atraídos pela esperança de condições mais favoráveis de existência do que as lá encontradas; eles tornam a pegar o mesmo caminho, que lhes permanece aberto.
Assim, à concepção puramente empírica, mas objetiva e imparcial, de uma tal ordem das coisas, deve-se seguir o pensamento de que essa disposição é apenas um fenômeno superficial, e que esses incessantes nascimentos e mortes de forma alguma concernem à raiz das coisas; eles não são mais que uma maneira de ser relativa, e que a existência íntima e sempre misteriosa de cada coisa, furtando-se por toda parte do nosso olhar, não é atingida, mas antes se mantém ao abrigo de todo nosso ataque.
Tolos são os que, carecendo de pensamento amplo,
Presumem que possa nascer o que nunca foi,
Ou que possa perecer e tornar-se nada no todo.
Ao sábio tal coisa nunca ocorrerá,
De que enquanto vivemos (isso que se designa vida),
Somente por certo tempo temos o bom e o ruim,
E de que, antes do nascimento e depois da morte, somos um nada.
"Não pertenço a ninguém, e pertenço a todo mundo: vós lá estivestes antes de entrar, vós lá estareis ainda, quando de lá sairdes".
Isso se confirma pela fato de que a maioria dos homens - e para falar a verdade, todos os homens mesmo - são feitos de tal modo que ele não podem ser felizes, em qualquer mundo em que sejam transportados. Pois, se nesse outro mundo fossem excluídas as necessidades e a fadiga, eles cairiam sob o peso do tédio, e se o tédio fosse evitado, recairiam na necessidade, tormentos e sofrimentos.
Ora, após ter uma consciência individual acabado pela morte, seria então desejável que essa luz extinta fosse reacesa, para continuar a brilhar até o infinito? O conteúdo desse consciência não é, na sua maior parte, nada senão uma torrente de pensamentos mesquinhos, terrenos, miseráveis e de preocupações intermináveis: deixai-a em paz!
Daí se explica por que o nosso próprio ser é para nós, isto é, justamente para nosso intelecto, um verdadeiro enigma, e por que o indivíduo se vê como nascido de novo e perecível, embora sua essência verdadeira seja independente do tempo e, por conseguinte, eterna.
Eu, Álison
se não me mata, fortalece.
ResponderExcluirmesmo que cale,
renascerei na terceira flor da primavera.
ademais, nada difere
depois vazio do vazio dantes.
inclusive agora,
sou uma entre as infinitas probabilidades
de não estar.
então, se for para ser, que seja.
amém.
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