Mostrando postagens com marcador era uma vez. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador era uma vez. Mostrar todas as postagens

domingo, 20 de janeiro de 2013

Era uma vez

- Prólogo

Era uma vez um grupo de amigos
Alguns dos quais já nem se encontram vivos
Desconhecidos do mundo em geral
Em mim desempenharam um papel principal

Capítulo I

Era uma vez um grupo de amigos, dos quais alguns já nem se encontram vivos. Éramos miúdos sonhadores. Insurretos, mas com valores. Alguns formaram-se doutores, advogados e professores. Uns quantos jogadores e alguns independentes, agarrados a esta vida com unhas e dentes.
Amanhã o sol infelizmente não nasce para toda a gente, diz-me a morte sem face com a sua foice imponente.
Tu eras só um adolescente quando nos deixaste. Perguntei-me vezes sem conta por que razão saltaste. Seria a depressão das drogas ou drama da família? O Rui maluco antes do suicídio tinha o vício de ler a bíblia.
Grande Carlitos, o crânio, ninguém preenche o seu vazio, no dia que fez 18 apareceu morto a boiar no rio. O Vilela da viela levou os pais à ruína, primeira droga que experimentou, aos 14, foi a heroína.

Capítulo II

Mano Ibrahim o teu sorriso ficará para sempre. A boa disposição contagiava toda a gente.
Noites belas, aquelas, em que soprávamos velas, às vezes fecho os olhos, consigo imaginar-me nelas.
Vivo no mundo daqueles que partilham uma experiência da dor vivida no interior duma sala de urgência. Mas mesmo assim num desisti ou baixei os braços, chorei e ri, frente a frente, a derrotas e fracassos.
Esvaziei uns quantos maços para matar a ansiedade, mas o fumo ainda era pior porque me matava de verdade.
Manos que cumprem pena, visualizem-se nesta rima, quando saírem: moral, cabeça pra cima.
O mundo dá oportunidades, cá fora à vossa espera, mas nem tudo são rosas, realidade sabe ser severa. Para todos os que estão perdidos, sem rumo ou direção: pensam naquilo que foram, comparem com o são.

Capítulo III

Ontem éramos uns putos e jogávamos à bola. Fumávamos às escondidas nas traseiras da escola. Viajávamos à borla, quantas fugas ao pica? Corríamos a pé todas as ruas da cidade invicta.
Uns cestos nas Camélias, o skate em Matosas, carrinhos de rolamentos, velocidades furiosas. Nada de drogas, só pura adrenalina, por vezes um pouco de álcool misturado com nicotina.
O tempo foi passando e já não nos vemos tanto. Eu recordo-os mesmo estando cada um pra seu canto. Tanto tempo após, pós estandarte da geração em memória de todos aqueles que já partiram.
Nada se perde, manos, e tudo se transforma, e a batalha é infinita para quem não se conforma.
Desejo-te uma vida longa, saúde e sucesso. Tu sê feliz, mano é tudo o que eu te peço.





Eu, Álison