segunda-feira, 14 de maio de 2012

Colágeno

Desculpa, o texto ficou grande, mas vale a pena.

Pra quem não sabe, colágeno é um negócio que se injeta na boca pra ficar parecido com o Pato Donald. Todas as mulheres que colocam colágeno na boca, ao invés delas ficarem com o lábio mais carnudo, tipo, sei lá, da Angelina Jolie, elas ficam com cara do Pato Donald. Todas elas.
A mulher fica assim: "Não, eu tô ficando velha, meu lábio tá caindo, eu acho que eu vou melhorar a minha aparência e vô fica parecendo com o Pato Donald". Não sei, será que ela se sente mais bonita, ou será que ela só olha para o espelho e fala assim: "Puta que pariu, tô parecendo o Pato Donald, mas eu acho que eu não vou falar pra ninguém, porque se eu não fala nada, ninguém vai falar nada". E todo mundo vai ficar assim: "Ai, ficou ótimo o seu procedimento estético" (puta, aquela mulher tá parecendo o Pato Donald). 
Todas as mulheres que tem dinheiro pra fazer um procedimento estético pra se achar mais bonita, elas acabam parecendo velhas com cara de pato. Aliás, eu acho que essa coisa de estética é uma coisa muito exagerada. Sei lá, ninguém precisa ser perfeito. Eu sinceramente gosto de uns defeitos assim. Defeitos entre aspas, eu gosto de características. São os defeitos que fazem a gente ficar diferente das outras pessoas. Eu gosto de um pouco de estria, um pouco de celulite, eu não ligo, eu acho bacana. Eu gosto, sei lá, de dentes separados, ou de meninas dentuças, eu acho bonito. Eu só não gosto de menina que tem pé feio, puta, eu tenho uma aflição do caralho. Eu não acho que toda mulher deve ser peituda, com nariz afinado e olhos alinhados e bronzeado perfeito, aliás, eu odeio gente bronzeada, sorriso perfeito de aparelho e dentes perfeitos e brancos. Eu não sei, eu acho essa galera que aparece na revista todo mundo muito feio. Eu não sei se eu tô falando isso porque eu sou feio também e quero justificar, não é isso não. É que eu prefiro mesmo. Eu não gosto de gente perfeita. Gente perfeita é um saco.
Aliás, eu acho que eu vou fazer isso: Você tá com o lábio murcho, você acha que sua boca não é carnuda o suficiente, venha até aqui, que eu tenho um coturno, eu uso coturno, se liga. E se eu der um chute na sua boca com esse coturno, a sua boca vai ficar tão inchada, você vai ficar tanto com uma cara de pato que não vai ter colágeno que possa competir com esse tipo de coisa. 
Quando você fica velha, a sua cara tem que caí mesmo, você tem que ter ruga. Você não tem que ficar mais nova conforme você vai ficando mais velha, isso não faz o menor sentido. Esticar a sua cara também não vai te deixar com cara de mais nova. O máximo que pode acontecer com você é ficar com cara de Ictiose Arlequim. Você sabe o que é Ictiose Arlequim? É tipo uma doença que dá nos bebês.
Enfim, se você tem aí o dente torto, o nariz torto, a cara torta, a perna torta, sei lá, eu sou todo torto aqui e fiquei famoso, e sou tosco. Aí a gente fica olhando aquelas pessoas na revista, com aquele Photoshop todo. Elas não são perfeitas daquele jeito, aquele tipo de coisa não existe, então não dá pra ser igual. Daí você fica naquela nóia tão grande de ficar igual à pessoa que não existe com um ideal de beleza absurdo, ridículo, que no final da sua vida você fica com cara de pato com Ictiose Arlequim.

PC Siqueira


Quem sabe no futuro o padrão de beleza da publicidade mude e você possa ser feliz com os seus amigos.




Eu, Álison

Nenhum comentário:

Postar um comentário